Crítica - Psycho (1960)

Realizado por Alfred Hitchcock
Com Anthony Perkins, Janet Leigh, John Gavin, Vera Miles,

O eterno clássico “Psycho” é um brilhante filme que merece inteiramente toda a notoriedade conquistada ao longo dos anos. O seu realizador, Alfred Hitchcok, afirmou-se novamente como o Mestre do Suspense, ao criar este magnífico thriller que ainda hoje é tido como uma referência do género. “Psycho” começa com a apresentação de Marion Crane (Janet Leigh), uma jovem banqueira que tem o hábito de se encontrar com o seu namorado de longa data, Sam Loomis (John Gavin), num quarto de hotel durante a sua pausa de almoço. Sam é a sua única alegria e motivação. Ela anseia soltar-se da sua vida monótona e fugir com ele, para realizar esse seu sonho decide roubar 40 mil dólares do seu local de trabalho, iniciando sozinha uma fuga da polícia e do seu patrão. Após ter conduzido durante vários quilómetros, pára no Motel Bates para descansar. No seu interior é recebida por Norman Bates (Anthony Perkins), um homem simpático mas bastante introvertido claramente controlado pela sua mãe. Ao ficar no Motel, Marion assina a sua sentença de morte, já que horas mais tarde é brutalmente esfaqueada por uma figura desconhecida, enquanto toma banho. O seu corpo é descoberto por Norman, que decide oculta-lo num pântano perto da propriedade. Uma semana depois, a polícia inicia as buscas por Marion, e é a partir deste momento que a história se começa a complicar.
O icónico Alfred Hitchcock mostrou toda a sua qualidade e talento em “Psycho”, uma genialidade que era recorrente em todos os seus filmes mas que em “Psycho” teve um dos seus pontos mais altos. São vários os aspectos que se juntaram para criar uma atmosfera propícia ao intrigante argumento de Joseph Stefano. Para começar, Hitchcock decidiu filmar o filme a preto e branco. Naquela altura o cinema a cores já estava fortemente implantado, mas o cineasta optou, e bem, por “colorir” o seu filme com as duas cores mais primárias possíveis, obtendo desta forma um ambiente misterioso e arrepiante que fazia recordar os primórdios do cinema de terror, um ambiente que se teria perdido na alegria do cinema a cores. Outro aspecto técnico que também desempenhou um papel fulcral na atmosfera enigmática de “Psycho” foi a banda sonora criada por Bernard Herrmann. Os crescentes acordes agudos de algumas sonoridades acompanhavam o crescente pânico e dúvida das personagens, o exemplo mais óbvio é o constatado na famosa cena do chuveiro, onde o som e a imagem se misturam de uma forma perfeita dando origem a uma cena praticamente perfeita e que ainda hoje tida como uma das mais famosas do cinema.


Tal como Hitchcock, Joseph Stefano, o criador do argumento, era um homem à frente do seu tempo. O guionista elaborou um brilhante trabalho narrativo, rico em diálogos completos e enigmáticos. O argumento é igualmente rico na construção de cenas de suspense, algo que ajudou Hitchcock a criar na perfeição as imagens desses acontecimentos, unindo a sua visão e talento com a criatividade e rigor de Stefano. Em suma, a história do filme até nem é muito complexa e diferente de outras que já haviam sido retratadas em filmes do género, no entanto, foi bem trabalhada por Hitchcock que a transformou em algo novo e refrescante, algo que marcou um género e várias gerações. O cineasta criou cenas altamente explícitas e violentas para a época, que desafiaram os níveis de coragem de uma sociedade e que originaram situações de pânico e suspense por todas as salas de cinema onde o filme foi exibido.
São várias as cenas que se destacam em “Psycho”, no entanto, existe apenas uma que se assume como figura de destaque do filme e que espelha por si só toda a genialidade da obra. Falo claro está da famosa cena do chuveiro que termina com a morte da protagonista. Ao vermos a cena em separado ficamos sem saber quem é o assassino, mas isso acaba por ser o menos importante. O mais característico da cena é a forma como esta é conduzida, criando pânico e duvida ao espectador. Estes dois ou três minutos foram amplamente copiados em vários filmes ao longo dos anos, mas na minha opinião só “Jaws” se aproximou do ambiente criado por Hitchcock. O elenco tem como figuras de destaque Janet Leigh e Anthony Perkins. A primeira interpretou a famosa protagonista que morre cedo demais. A sua performance foi extraordinária e ficou marcada, não só pela cena que a imortalizou, mas também por outras cenas de menor importância que demonstraram a sua enorme qualidade, entre essas destaco os diálogos entre Marion e Norman, bem como as cenas que se sucedem ao roubo do dinheiro. O seu companheiro de destaque, Anthony Perkins, teve um papel mais complicado ao ter que dar vida a um introvertido e confuso Norman Bates, que foi sem dúvida o seu papel mais conhecido. Enfim, “Psycho” é uma das várias obras-primas de Hitchcock, um marco nos filmes de terror e suspense. Nele abordamos as diversas dimensões do medo e da apreensão, analisamos a fundo a capacidade psicológica das personagem e vislumbramos o talento do Mestre de Suspense em todas as suas cenas. Mais de quarenta anos após o seu lançamento, “Psycho” continua a ser visto por milhares de pessoas que esperam ser transportadas para um mundo que só Hitchcock pode oferecer

Classificação - 5 Estrelas Em 5

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