Crítica - The X-Files: I Want to Believe (2008)

Realizado por Chris Carter
Com David Duchovny, Gillian Anderson, Amanda Peet, Alvin 'Xzibit' Joiner

Para satisfação de milhares de fãs da série televisiva “The X-Files”, a mítica dupla Mulder e Scully está de regresso para mais uma misteriosa aventura no grande ecrã. Dez anos após o lançamento de "The X-Files: Fight the Future", o primeiro filme baseado na famosa série de televisão, chega-nos "The X-Files: I Want To Believe", uma obra que fica bastante longe do encanto e qualidade dos primórdios da série e do seu antecessor cinematográfico. A acção do filme decorre seis anos depois dos acontecimentos retratados no final da série televisiva. Após o FBI ter tomado a decisão de encerrar os X-Files, Fox Mulder (David Duchovny) e Dana Scully (Gillian Anderson) foram viver juntos para uma casa situada numa localidade bastante isolada. Scully arranjou trabalho num hospital católico onde exerce o cargo de cirurgiã, enquanto que Mulder preferiu aderir as comodidades da reforma, contudo, o misterioso desaparecimento de uma agente do FBI nas Montanhas da Virgínia vem acabar com o sossego destes agentes na reforma. Os jovens agentes do FBI, Dakota Whitney (Amanda Peet) e Mosley Drummy (Alvin 'Xzbit' Joiner), auxiliados por um padre vidente (Billy Conelly), tentam convencer o dinâmico duo a voltar ao activo para ajudar na procura da agente desaparecida, no entanto só Mulder parece disposto em regressar temporariamente ao FBI já que Scully, desapontada com a sua ex-agência, prefere ficar no seu hospital e tentar salvar a vida de um jovem paciente.
Infelizmente, o argumento do filme não se apresenta muito semelhante às múltiplas histórias da série que intrigaram e surpreenderam milhares de espectadores durante a década de noventa, altura em que a série televisiva gozou da sua maior popularidade e qualidade. A história de "The X-Files: I Want to Believe" não contém Aliens (nem sequer uma pequena referência) nem elementos de elevado teor mitológico ou sobrenatural, aliás o único elemento sobrenatural presente no filme são as “premonições” do Padre Joe, no entanto, o filme mantém o espírito de ficção cientifica ao focar-se num tema futurista e cientifico, uma nova e perigosa forma de transplantes. No entanto, este tema, apesar de interessante, não se enquadra a 100% na filosofia dos “The X-Files”. Após seis anos de ausência, esperava-se uma história mais fantástica, algo que se assemelhasse por exemplo ao argumento do primeiro filme, esse sim bem dentro do espírito da série. Pode-se dizer que "The X-Files: I Want to Believe" contem uma mini-história à margem da história principal. A oportunidade de voltar a ver Mulder e Scully reunidos e a trabalharem em conjunto era, à partida, uma das grandes esperanças dos fãs, no entanto, isso só acontece em algumas cenas do filme, porque Scully afasta-se cedo demais da investigação levada a cabo pelo FBI para voltar ao hospital onde trabalha para cuidar de um paciente muito especial e combater as suas próprias dúvidas religiosas. Esta história secundária acaba por ser um ponto negativo para a obra, já que acabamos por não ter uma história digna da saga “X-Files” nem a oportunidade de assistir a uma reunião completa de Mulder e Scully, dois aspectos que se assumiam como indispensáveis para os fanáticos da série. Contudo, tenho que admitir que esta “storyline” de Scully acaba por fornecer ao filme um toque mais profundo e dramático, e é dela que advém as partes mais filosóficas do filme. A estas duas falhas importantes, junta-se outra menos essencial mas igualmente notória, a ausência de grandes e elaboradas cenas de acção. Se o primeiro filme foi rico em cenas de acção dignas de destaque (falo essencialmente da cena final) o mesmo já não se pode dizer de “The X-Files: I Want to Believe”, onde são raros os momentos de acção e adrenalina. É bastante claro que esta história, tentou-se aproximar mais do tradicional e comum terror/suspense do que da ficção cientifica. É verdade que desta forma poderá apelar a um público que não esteja directamente ligado à saga “The X-Files”, mas é também verdade que ao faze-lo afasta-se da “realidade” que Mulder e Scully criaram e nos habituaram ao longo dos anos. Contudo tenho que dizer que como filme de suspense, esta obra até é bastante competente.
Em termos positivos, o filme contém uma excelente fotografia da autoria de Bill Roe, que nos oferece paisagens deliciosamente misteriosas e bonitas. Também a banda sonora se mostra interessante e apelativa. O elenco é outro aspecto positivo, já que tanto David Duchovny (Mulder) como Gillian Anderson (Scully) mantêm o mesmo nível de qualidade do passado. Mesmo após tantos anos de ausência, estes dois astros conseguem manter as mesmas características chave das personagens que imortalizaram. Os dois têm uma boa performance que merecia um melhor argumento. “The X-Files: I Want to Believe” é um filme que fica bastante longe do espírito original da saga. A sua história, apesar de conter alguns momentos de suspense e intriga, assemelha-se a um simples episódio da série. Chris Carter, o realizador e criador de” X-Files”, poderia ter ido mais longe, contudo preferiu jogar pelo seguro, talvez para testar os fãs e prepará-los para um novo filme “X-Files”, que segundo Carter promete retratar em pleno o tema alienígena e sobrenatural que celebrizou a série.

Classificação - 2 Estrelas Em 5

Enviar um comentário

0 Comentários

//]]>