Crítica - Young Adult (2011)

Realizado por Jason Reitman
Com Charlize Theron, Patrick Wilson, Patton Oswalt

O inventivo Jason Reitman ainda não fez um mau filme. Os seus três últimos trabalhos - “Thank You for Smoking” (2005), “Juno” (2007) e “Up in the Air” (2009) – foram alvo de elogios por parte do público e da crítica internacional que se rendeu por completo ao inconfundível estilo dramático deste talentoso cineasta que voltou a aliar-se à fantástica Diablo Cody para criar este “Young Adult”, uma interessante comédia dramática que não é tão emocionante ou cativante como a sua última e aclamada colaboração (“Juno”), mas onde encontramos vários elementos de valor, como uma narrativa bem estruturada e um soberbo trabalho de Charlize Theron como a sisuda Mavis Gary, uma autora de livros para adolescentes que regressa à sua calma terra natal para reviver os seus gloriosos dias e tentar reconquistar o seu namorado do secundário (Patrick Wilson), agora um homem casado com uma bela mulher (Elizabeth Reaser ) que se tornará na maior rival de Mavis.


A história de “Young Adult” nunca se desenvolve a um ritmo muito acelerado, mas o seu início é particularmente lento porque só recorre a imagens para nos mostrar a rotina solitária e mecânica de Mavis Gary, uma mulher adulta mas extremamente imatura cuja conduta infantil revela-nos que ela ainda está presa à sua adolescência. É durante esta leve e criativa introdução que ela recebe um carinhoso email do seu ex-namorado que a leva a desenvolver uma estranha obsessão pelo seu relacionamento amoroso há muito terminado, decidindo por isso viajar até à sua sua cidade natal para tentar reacender a sua extinta chama romântica. A sua estadia em Mercury (cidade natal) revela-se desastrosa mas, entre birras e humilhações, ela finalmente conclui que tem que crescer e encarar a vida como uma adulta e não como uma adolescente cheia de sonhos e idealismos. O difícil processo de amadurecimento de Mavis é habilmente retratado por Diablo Cody (Guionista) durante todo o desenvolvimento do filme, onde somos confrontados com uma série de atitudes e relações afectivas que caracterizam os altos e baixos do seu crescimento emocional e que fundamentam a sua decisão final de deixar para trás a vida que levou na sua cidade natal, sendo de destacar a estranha amizade que ela trava com Matt Freehauf (Patton Oswalt) ou a forte conversa final que tem com a irmã deste (Collette Wolfe), bem como a maravilhosa ligação que é estabelecida entre a sua "vida real" e a vida fictícia da personagem principal dos seus livros (Kendal Strickland). É óbvio que “Young Adult” não tem a força dramática de um melodrama ou a relevância humorística de uma comédia, mas tem o melhor destes dois mundos, ou seja, uma história inteligente e tocante com breves momentos de humor adulto e satírico.


A incrível Charlize Theron domina o elenco de “Young Adult” e merece todos os louvores pelo seu brilhante trabalho, mas também há que dar o devido crédito ao elenco secundário que tem em Patton Oswalt o seu melhor elemento. Ao brilho de Theron no elenco e de Cody no enredo temos que somar o talento de Jason Reitman na realização. Este fantástico cineasta norte-americano mostra-nos, uma vez mais, o seu dom natural para realizar comédias dramáticas realistas e tecnicamente convincentes, sendo por isso difícil de entender como é que Reitman, Cody, Theron e “Young Adult” ficaram de fora dos Óscares. É verdade que o filme é ocasionalmente aborrecido e tem uma ou outra falha, mas no meu entender é claramente superior a certos filmes que foram nomeados ao Óscar de Melhor Filme.

Classificação – 4 Estrelas em 5

Enviar um comentário

2 Comentários

  1. Parece muito interessante! A única preocupação que tenho em relação a esse filme é que o retrato de uma "adulta-jovem" fique caricata, marcada por atitudes meio irreais... Estou com muita vontade de ver o filme! Obrigada pela dica!

    ResponderEliminar

//]]>