Crítica - We Bought a Zoo (2011)

Realizado por Cameron Crowe
Com Matt Damon, Scarlett Johansson, Thomas Haden Church

Após uma ausência de quase seis anos das longas-metragens não documentais, Cameron Crowe regressa às luzes da ribalta com “We Bought a Zoo”, uma bonita comédia dramática sobre a perda e a superação que, sem ser perfeita ou magistral, consegue entreter-nos e emocionar-nos com a sua cativante história que é baseada no homónimo livro de memórias de Benjamin Mee. Em “We Bought a Zoo” acompanhamos portanto as várias e verídicas peripécias familiares de Benjamin Mee (Matt Damons), um viúvo que tem que lidar sozinho com a educação dos seus dois filhos, Dylan, um adolescente dividido entre a revolta pela perda da mãe e o seu primeiro amor, e Rosie, uma inspiradora criança que irradia força e esperança a cada olhar. Após se aperceber que está cansado da sua rotina e da cidade onde vive, Benjamin decide mudar-se com a sua família para um pequeno zoo onde terá de cuidar de ursos deprimidos, leões ferozes e outras quarenta espécies animais, com a ajuda de uma pouco convencional equipa de manutenção do Zoo liderada por Kelly (Scarlett Johansson), uma bela e determinada mulher que lhe irá proporcionar uma nova oportunidade de ser feliz e reencontrar o amor.


Antes da sua estreia norte-americana, “We Bought a Zoo” era tido como um dos grandes favoritos aos Óscares, mas esse estatuto esvaneceu-se quando surgiram as primeiras críticas que o rotularam de lamechas e frívolo. É verdade que a sua história é bastante previsível e apelas muitas vezes às emoções mais básicas do espectador, mas está longe de ser banal ou artificial até porque não comete o erro de abordar de forma exaustiva e melodramática a morte da matriarca da Família Mee ou os entediantes romances entre Benjamin e Kelly ou Dylan e Lily (Elle Fanning), preferindo focar grande parte da sua atenção na motivante jornada de redenção de Benjamin Mee que tenta, através da reabilitação do zoo, dar um novo rumo à sua vida e reestabelecer uma forte relação de confiança com os seus filhos. Esta emocionante viagem sentimental dá azo a algumas cenas muito comoventes que reforçam o lado familiar e dramático desta obra, nomeadamente aquelas onde Benjamin recorda a sua mulher ou enfrenta o seu filho numa tentativa de o ajudar a superar a sua frustração e as saudades que sente da mãe. O outro grande elemento narrativo deste filme prende-se com a interação dos três elementos da Família Mee com os vários animais do zoo. É verdade que esta vertente é algo escassa e poderia ter sido aprofundada com um bocado mais de ambição e emoção mas está, mesmo assim, na base de algumas cenas muito interessantes e ternurentas, onde se destacam as que envolvem Benjamin e as crises médicas de um velho tigre-de bengala e de um deprimido urso pardo, dois problemas trágicos e/ou de difícil resolução que o motivam a enfrentar os seus próprios demónios e a prosseguir com o seu sonho de arranjar o zoo e reabri-lo ao público. O filme é, por estas e por outras, muito rico em fortes momentos emocionais e dramáticos, mas infelizmente não tem muitos momentos de humor e esta é claramente a sua maior falha, já que neste campo só se destacam os breves diálogos entre Benjamin e o seu irmão mais velho (Thomas Haden Church) e as pequenas sequências que envolvem Walter Ferris (John Michael Higgins) e a sua meticulosa inspeção do zoo, ou seja, nada de muito diverso ou extraordinário. A conclusão de “We Bought a Zoo” também peca pela sua excessiva previsibilidade, porque oferece-nos um meloso e clássico final feliz que, apesar de tudo, enquadra-se perfeitamente no espirito do filme e da história real de Benjamin Mee.


Tal como Alexander Payne, Cameron Crowe pertence ao mundo das comédias dramáticas, algo que é novamente comprovado e reforçado por este "We Bought a Zoo", onde o famoso cineasta exibe, uma vez mais, o seu indiscutível talento natural para nos contar uma bela e leve história que, neste caso concreto, aborda algumas temáticas muito sérias e relevantes como o luto e a determinação. O seu trabalho técnico é digno de registo e é acompanhado por uma simpática fotografia de Rodrigo Prieto e por uma bela banda sonora de Jón Þór Birgisson, onde encontramos uma agradável mistura entre famosas musicas comerciais e sons instrumentais. Se excluirmos as débeis performances de Elle Fanning e Scarlett Johansson, todo elenco exibe-se a um grande nível, nomeadamente Matt Damon e a adorável Maggie Elizabeth Jones que, no meu entender, merecia ter aparecido em muitas mais cenas. É evidente que “We Bought a Zoo” está longe de ser um grande clássico, mas não deixa de ser uma ligeira e agradável dramédia que merece ser apreciada em família.

Classificação - 3,5 Estrelas em 5

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