Crítica - The Twilight Saga: Breaking Dawn - Part 2 (2012)

Realizado por Bill Condon
Com Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner, Michael Sheen

E eis que tudo acaba finalmente. Para delírio dos milhares de fãs que não aguentavam esperar nem mais uma semana pelo desfecho épico (?) da saga que conquistou os seus corações, e para gáudio dos muitos detratores do franchise que já nem podiam ouvir falar do trio amoroso mais controverso dos últimos anos cinematográficos. Mas antes de mais nada, convém enaltecer uma coisa que deve ficar bem clara: agora que chegou ao fim anunciado, podemos afirmar com conhecimento de causa que a saga “Twilight” não está (nem nunca esteve) ao nível da saga “Harry Potter”. Muitas foram as tentativas de colocar estas duas sagas no mesmo saco, com o objetivo de encontrar salvação para um franchise que nunca teve salvação possível. Mas que fique por fim esclarecido que “Twilight” não é decididamente nenhum fenómeno semelhante a “Harry Potter”. Pois se as aventuras do mágico britânico se foram tornando mais maduras e consistentes à medida que os capítulos se sucederam, as aventuras românticas de Edward e Bella apenas se tornaram mais enfadonhas e infantilizadas com o passar do tempo. Dito isto, será justo dizer que “Twilight” não fica para a História como a pior saga cinematográfica de todos os tempos. Porém, temos de admitir que poucas saudades vai deixar a uns bons 70 ou 80% da população mundial, dado que se foi sustentando cada vez mais como um produto de consumo maioritariamente adolescente. E é bem provável que os adeptos de hoje se tornem os detratores de amanhã, pois todos acabamos por crescer e ganhar uma visão diferente das coisas. Basta dizer que também eu cheguei a pensar que os filmes do Van Damme eram extraordinários nos meus tempos de ingénua meninice… 

   

Mas vamos ao que interessa realmente. Depois de se terem casado e de terem tentado habituar-se a essa nova fase das suas vidas, Edward (Robert Pattinson) e Bella (Kristen Stewart) vivem agora um dos momentos mais felizes de sempre. Ultrapassado o perigo da morte e deixada para trás a sua existência humana, Bella é agora uma vampira com insaciável sede de sangue. Maravilhada, a rapariga começa a perceber aos poucos que possui uma força admirável e que a existência vampírica não tem de ser tão soturna como todos fazem crer. O seu estado de êxtase é tão grande que ela chega mesmo a afirmar que nasceu para ser uma vampira. Todavia, nem tudo são rosas. Pois um terrível mal-entendido leva os Volturi a acreditar que os Cullen imortalizaram uma criança humana, algo que não é permitido desde as eras seculares. Convicto de que chegou o momento de pôr termo ao romance entre Edward e Bella, Aro (Michael Sheen) – o líder dos Volturi – declara então guerra à família Cullen com a finalidade de assassinar Renesmee (Mackenzie Foy), o novo elemento da família de vampiros mais pacata e bem-educada do planeta. 

 

Sejamos francos. Como produto de entretenimento dirigido a um público-alvo muito específico, “Breaking Dawn – Part 2” ainda consegue ser razoável. Mas como produto cinematográfico sem chavões que condicionem um julgamento sério, é mesmo muito fraquinho. Nota-se que Bill Condon se esforçou por tornar este último filme mais artístico e visualmente aliciante. Mas fora dois ou três momentos em que a intenção ainda dá alguns frutos, o resto é mais do mesmo que já vimos nos capítulos anteriores da saga. Os inspirados créditos iniciais e algumas (poucas) partes da batalha final são realmente a única coisa que se aproveita neste derradeiro tomo do franchise. Tudo o resto é melodrama barato e romance adolescente com música pop à mistura que por pouco não dá vontade de vomitar. Os fãs que me desculpem pelas palavras fortes, mas simplesmente não há como fugir à verdade crua e dura. Tal como os seus antecessores, “Breaking Dawn – Part 2” é um filme feito a pensar no público adolescente. Tem em atenção o seu público-alvo, o que nem sempre é mau. É a pensar nesse público que surgem as músicas pop enquanto Edward e Bella se beijam. É a pensar nesse público que Taylor Lautner (curiosamente com uma participação mais reduzida neste capítulo) tira a camisola e mostra os músculos (sim, uma vez mais…). Mas se isto garante pontos entre esse público, entre os outros (entenda-se entre o público fora da faixa etária dos 10 aos 16 anos) esta abordagem só pode levar ao desastre total. Pois, por muita química que Pattinson e Stewart tenham no ecrã, nenhum adulto demonstra grande paciência para se deixar levar por uma trama tão ingénua e cor-de-rosa. Pelo menos a narrativa avança um bocadinho, apresentando novas problemáticas e colocando as personagens ante novos desafios. A batalha final demonstra também alguma coragem, pois é mais violenta do que seria de esperar. Mas o enredo é construído à pressa, o que resulta em personagens unidimensionais e curvas narrativas pouco convincentes. Já para não falar do exagero com que o CGI é utilizado (mal utilizado, ainda por cima) e da má representação dos Volturi, que nunca conseguem ser tão terríveis como a premissa anunciava. Em suma, “Breaking Dawn – Part 2” é medíocre, um pouco à imagem de toda a saga. Pelo menos consegue transformar-se no melhor capítulo desde “New Moon”. Mas dada a qualidade de “Eclipse” e “Breaking Dawn – Part 1”, isso também não é dizer muito… 

 Classificação – 2 Estrelas em 5

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7 Comentários

  1. Bem ,devo dizer que os criticos que sempre demosntram essa opinião a respeito da Saga se contradizem, pois o qúe é um sucesso afinal? Não é atingir o publico alvo,ter seguidores,ser agradavel? Ok ,isso o filme cumpre.
    O alvo era o publico adolescente sim,mas o que se ve é um publico variado nos cinemas,mulheres,homens ,casais ,enfim,diversidade,pois é um entreterimento leve e descompromissado no minimopara os que não são tão fãs.
    Sinto um certo despeito por parte dos homens,por ter dado tão certo um filme com teor romantico ,sem grandes doses de testosterona.
    Eu não vejo grande coisa em franquias como Transformers,acho chato,cheio de falhas por exemplo,nem por isso as criticas massacram,é um filme para homens e adolescentes ,como a serie Crepusculo,mas ninguem desmerece da mesma forma.
    A critica hoje em dia é machista e direcionada a filmes de ação...uma pena
    Eu tenho um Blog ,faço criticas,tenho 39 anos e sou mais imparcial,estou no ramo do entreterimento a quase 20 anos no Brasil,e me admiro com Blogs e sites que teimam em desmerecer tudo que é direcionado ao publico teen e feminino
    Mais respeito!

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  2. Em tempo,Tom Cruise também tira a camisa em ''TODOS '' os filmes dele ,desde Top Gun....e ninguem fala isso ,em toda critica de filme que ele faz!

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  3. Cara Lilian,

    Se perder algum tempo a ler as nossas críticas aos filmes dos "Transformers", verá que eles são ainda mais criticados do que a saga "Twilight". Não criticamos "Twilight" porque somos machistas. Criticamos "Twilight" porque simplesmente achamos que lhe falta qualidade cinematográfica a todos os níveis.

    Cumprimentos,
    Rui Madureira

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  4. Assino por baixo Rui.

    Continua com o óptimo trabalho!

    Cumprimentos cinéfilos

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  5. Obrigado, Peter.

    Cumps,
    Rui Madureira

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  6. Terminei de ver mesmo agora o filme e estou a pesquisar para saber se sou a única a achar que isto foi apenas mais um filme comercial.
    Tenho 20 anos e admito que ainda me encanto com este tipo de filmes mas este não me deixou assim tão encantada.
    Concordo plenamente com as criticas acima feitas, o filme foi aborrecido, só o final é que o safou, pelo menos desta vez não tivemos o Robert Pattinson a fazer aquela cara de sofrimento que mais parecia estar na sanita a cagar.
    As interpretações foram péssimas, acho que foram as piores desde o primeiro filme ( nem acredito que a Kristen Stewart tenha interpretado daquela forma, parecia que ela estava a esforçar-se para ser uma vampira). E alguns efeitos foram mal feitos, como por exemplo a cara da bebe.. ela parecia mais um et..
    E nem vou falar do argumento né..
    Ainda bem que n fui gastar o meu rico dinheiro para ir ver no cinema ;)

    Bom trabalho!!!

    Abraços,
    Wilma Neves

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  7. A saga está longe de ser o melhor produto cinematográfico de sempre, toda a gente sabe isso. Mas daí a ser considerado lixo do cinema, bem na minha humilde opinião é um tanto exagerado. E eu não sou fã incondicional da saga. Apenas acho que, tal como referiu na sua critica, a saga tem um público alvo bem direccionado, e talvez a sua critica devesse ter sido construída em prol desse mesmo público, e não sobre uma generalização de todas as faixas etárias.
    Sé é para adolescentes tem todos os ingredientes para os agarrar ao ecrã sendo estes muito próprios da idade. A tal ingenuidade no amor como refere, não é nada mais do que o que todos os adolescentes querem sonhar nessa fase da sua vida. Eu própria à medida que fui crescendo deixei de achar a saga tão perfeita como achava quando vi os primeiros filmes.
    No entanto, é certo que nessas alturas me trouxe sensações muito boas.
    Por isso acho a sua critica demasiado radical.

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