Crítica - World War Z (2013)

Realizado por Marc Forster
Com Brad Pitt, Mireille Enos, Daniella Kertesz

Um vírus potente com propriedades similares ao vírus da raiva floresce do nada e sofre uma mutação que depressa se propaga pela população humana. Incapaz de controlar a epidemia, o ser humano encara a sua extinção enquanto faz tudo por tudo para sobreviver. Face a um ataque cada vez mais avassalador por parte de hordas de zombies sedentos de sangue, a humanidade definha e a sociedade moderna tomba como um frágil baralho de cartas. É o salve-se quem puder no seio do caos e da anarquia. É a chegada do tão anunciado Apocalipse. Este é um enredo que já vimos vezes sem conta na gigantesca tela de cinema. George Romero, Danny Boyle e Steven Soderbergh foram apenas alguns dos realizadores que dedicaram algum do seu tempo a enredos desta estirpe, Soderbergh focando-se obviamente mais na questão da epidemia e da extinção da humanidade (deixando de fora a componente zombie). Desta forma, “World War Z” não ganha propriamente pontos pela originalidade, já que se limita a pisar terreno explorado. É, contudo, a primeira vez que vemos mortos-vivos a trabalhar em conjunto para atingirem um certo objetivo, quase como se fossem um exército feroz e dotado de ordens para cumprir. Brad Pitt interpreta Gerry, um ex-agente da ONU que é lançado de novo no terreno para tentar descobrir a origem da epidemia e, com isso, encontrar uma solução para o espinhoso problema. Sendo forçado a abandonar a sua família para levar a cabo essa nobre missão, Gerry nem sempre olha com bons olhos para as tarefas que tem à sua frente, mas dedica-se a elas com afinco e percorre o globo em busca de respostas. O resultado dessa viagem é uma experiência intensa e, a espaços, assustadora para o espectador. Porém, no geral fica a sensação de uma epopeia algo sensaborona e que não atinge o cume do seu potencial, o que deixa esse mesmo espectador numa espécie de limbo desprovido de emoções fortes.


A ambição de “World War Z” não tem limites. Nota-se bem isso em cada cena preenchida por centenas de figurantes, sendo fácil compreender a razão pela qual as filmagens foram tão árduas e demoradas. O próprio Marc Forster admitiu numa entrevista que já estava cansado de filmar sequências gigantescas e que já tinha saudades de rodar uma pacata cena de jantar, com não mais do que quatro ou cinco participantes. “World War Z” é épico, talvez o primeiro épico de zombies em toda a História do cinema. De certa forma, isso faz com que seja uma fita especial, digna de um visionamento atento e cuidado. O grande problema, todavia, é que devia causar muito mais impacto do que realmente causa. O espectador sente a tensão das personagens, especialmente a de Brad Pitt (ou não estivéssemos na presença de um dos melhores atores da sua geração). A aflição é palpável e as emoções que trespassam os corações das personagens são genuínas. Porém, poucas são as sequências que realmente nos fazem saltar da cadeira, que verdadeiramente nos fazem agarrar o coração palpitante e limpar o suor da testa. “World War Z” não aquece nem arrefece, o que é deveras estranho num filme que aborda temas tão empolgantes como o fim do mundo e o colapso da civilização. Pitt esforça-se e o espectador entra em contacto com a sua dor, mas as restantes personagens não passam de objetos descartáveis que surgem e abandonam a película à luz da lei da conveniência narrativa, e isso fere indelevelmente o equilíbrio do filme, talvez até mais do que a dentada agressiva de um zombie maldisposto. Nota máxima para a sequência final no laboratório, que impregna a película com um aroma de terror mesmo à beirinha do fim. Nota máxima também para o modo como Forster capta o desmoronar da sociedade, muito embora a câmara seja por vezes excessivamente ansiosa. Nota mínima, no entanto, para o resultado final sem sal e desprovido de grande impacto. Em poucas palavras, digamos que “World War Z” não é mau, mas também não é o filme que dê vontade de rever mal os créditos começam a rolar (afinal de contas, a imagem de marca de qualquer filme acima da média). 
Classificação – 3 Estrelas em 5

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3 Comentários

  1. Ia jurar que no Land of the Dead os Zombies seguem um líder e trabalham em conjunto.

    Kes

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  2. Tem razão Kes.No Land of the Dead os zombies seguem um líder,também zombie como eles,e trabalham em conjunto.Não é por isso a primeira vez que se vê tal coisa no cinema...

    Gostei do filme.Não é película merecedora de um óscar mas é entretenimento garantido e tem bons momentos de suster a respiração.E afinal não é isso mesmo que o cinema é acima de tudo...entretenimento?

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  3. Anonimo: Sim, dai eu também ter gostado do filme. E o facto de não esperar muito dele. Mas o livro é completamente diferente e dizem que é uma obra prima. Deviam de ter aproveitado o que tinham. E num tópico tão usado e já um pouco gasto como é os zombies (que eu adoro) algo de novo estilo remake do Dawn of the Dead ou 28 days later caia mesmo bem.
    Só tenho pena disso.

    Kes

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