Crítica - Pain & Gain (2013)

Realizado por Michael Bay 
Com Mark Wahlberg, Dwayne Johnson, Ed Harris 

Antes de começar a trabalhar em “Transformers 4”, Michael Bay decidiu filmar este “Pain & Gain”, numa tentativa de mostrar ao mundo e aos seus críticos que também sabe fazer filmes de baixo orçamento. Este seu pequeno esforço independente tem algum mérito, mas não é propriamente um brilhante exercício de criatividade e carácter por parte de um realizador que, mesmo num filme de menor orçamento, parece continuar preso à tendência de carregar nos estereótipos e no exagero, até mesmo quando confrontado com uma história baseada em factos reais que, graças à sua inerente peculiaridade, poderia ter dado origem a um filme muito mais curioso e divertido que esta comédia de ação, que ainda assim tem alguns brilhantes rasgos satíricos e humorísticos que apimentam a história de três bodybuilders muito pouco inteligentes (Mark Wahlberg, Dwayne Johnson e Anthony Mackie), que na década de noventa decidiram perseguir o Sonho Americano de uma forma muito pouco convencional. 

   

Para ser franco, “Pain & Gain” começa por ser muito curioso, e até nos leva a pensar que, se calhar, até pode ser um filme que merece a nossa atenção, mas mal o plano dos bodybuilders é posto em prática, “Pain & Gain” perde toda a sua robustez inicial e transforma-se num projeto barulhento, violento e sem conteúdo que, subitamente, priva-nos do espírito satírico que marca os seus primorosos vinte minutos iniciais. Não crítico Michael Bay pelo ar brincalhão e semi-sério que incutiu ao filme, porque até lhe assenta muito bem, mas sim por certas escolhas excêntricas e desnecessárias que alteraram drasticamente o rumo e a essência do filme que, a dada altura, pára de ser divertido e começa a tornar-se aborrecido, lento e comum, ou seja, deixa de ser um projeto refrescante e passa a ser uma comédia de ação sem nenhuma marca distintiva e semelhante a tantas outras. Isto não deveria acontecer, porque “Pain & Gain” tem na base do seu enredo uma história verídica tão incomum e tão estranha que, só por si, daria um filme minimamente jovial, mas Bay alcançou a proeza de a tornar desinteressante com a sua duvidosa atração por clichés sem nexo, humor imaturo e murcho, cenas de ação desmioladas e, claro está, mulheres atrativas mas muito idiotas. Todos estes campos são evidentes um pouco por todos os filmes da carreira deste realizador que, pelos vistos, também faz questão de os repetir em filmes mais modestos e de menor orçamento, como este “Pain & Gain”, que embora tenha sido mais barato que qualquer um dos “Transformers”, ainda custou cerca de vinte e seis milhões de dólares aos cofres da Platinum Dunes (Produtora de Bay) e da De Line Pictures. Outra coisa irritante em “Pain & Gain” é o seu elenco. Mark Wahlberg está muito longe do seu melhor, mas pelo menos sempre tem uma performance mais atrativa que a dos outros dois co-protagonistas, Dwayne Johnson e Anthony Mackie, que têm um desempenho tão desinteressante como a parva construção das suas respetivas personagens. Quem também está muito apagada é a jovem Rebel Wilson, que quebra com este projeto a sua impressionante onda de performances positivas e promissoras em filmes minimamente competentes, no entanto, consegue ainda assim ser a mulher mais capaz e convincente de todo o filme, já que a outra grande personagem feminina é interpretada pela modelo Bar Paly que, tal como a sua personagem, é simplesmente oca e abismal. O facto de não haver em “Pain & Gain” um papel feminino de destaque ou uma profissional feminina com uma performance interessante não é novidade, já que nos filmes de Michael Bay isto é uma raridade, como prova a presença de Megan Fox ou Rosie Huntington-Whiteley em “Transformers”, e as participações de Scarlett Johansson em “The Island”(2005) ou Gabrielle Union em “Bad Boys 2” (2003). Enfim, “Pain & Gain” tinha potencial para render um filme melhor, mas Michael Bay cedeu aos seus dúbios instintos comerciais e acabou por criar mais um filme vazio e por vezes irritante, que neste caso apenas entretém o espetador durante os primeiros vinte minutos. Tal como as suas personagens, "Pain & Gain" precisava de menos show-off e de mais cabeça. 

 Classificação - 2 Estrelas em 5

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4 Comentários

  1. Os críticos sempre falando mal do que é bom. O filme é de humor negro, já que se trata de uma história verídica e por isso mesmo, a gente acaba rindo da situação. É um filme que prende até o fim, e olha que sou difícil de "abençoar" um filme!
    Provavelmente, o critico ainda é daqueles que se prendem a filmes com A Noviça Rebelde.

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    1. A crítica está perfeita. Tive a mesma impressão quando assiste ao filme.

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  2. Fui ver pela curiosidade ao cinema, achei no entanto um filme mediano em relação a outros que tenho visto.Isso de meter defeitos em pessoas que frequentam ginásios é óbvio:o ginásio não fortalece o conteúdo do cérebro...

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  3. O filme é sansacional um dos melhores que já vi... um bom filme de verdade, baseado em fatos reais direção de Michael Bay... O problema é que tem um bando de frango do caralho, metido a intelectual, mas que na verdade não é porra nenhuma... não entende de humanas, biológicas, exatas, nem da vida, enfim de nada de nada e acham que sabem de cinema (pqp...) e quer falar merda do filme só porque foge dos padrões de filme de gazela que esse bando de pau no fiofó estão acostumadinhos a ver... só isso. E salve galera da maromba...

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