Crítica – Ouro (2013)

Realizado por Thomas Arslan
Com Nina Hoss, Marko Mandic, Peter Kurth           
              
Singular é o adjectivo que se pode aplicar a esta obra de Thomas Arslan, realizador já premiado por Dealer em 1999 . Exploradores alemães atravessam regiões remotas do Canadá atraídos pelo ouro que sabem existir a norte. Esses territórios, desconhecidos do homem branco e habitados por índios, são extraordinariamente agrestes para quem não está a eles habituado o que origina um sem número de obstáculos e cenas eventualmente chocantes. 


Este road movie a cavalo torna-se, assim, uma viagem que nos revela a pouco e pouco a verdadeira natureza das personagens, as suas motivações, o seu passado mas também documenta o que foi a caça ao ouro e o modo como se desenrolava bem como a relação dos índios com os brancos que acorriam da Europa  e dos Estados Unidos em busca de dinheiro fácil, ou não tão fácil assim, como viriam a descobrir. As paisagens naturais do Canadá são filmadas de forma avassaladora embora, à medida que a viagem e a intriga avançam, se tornem elas próprias assustadoras. Por outro lado, o fundamento histórico deste tipo de aventuras torna todo o enredo extremamente interessante, o que é reforçado pelos diálogos em alemão ainda que de um western se trate. Tudo isto contrasta vivamente com as interpretações, especialmente a de Nina Hoss, sempre tão impenetrável como aquelas montanhas, o que não corresponde de modo algum ao tipo de reacções esperadas da personagem naquelas circunstâncias. O desfecho do filme é também ele surpreendente e desagradou-me particularmente.

O ouro é o metal que leva os homens brancos a desafiarem todos os seus limites para o alcançar. História de ganância, deslumbre e audácia, este filme é lado mais realista e sinistro da exploração do Norte da América, bastante romantizada pelos westerns de Hollywood. O filme foi nomeado ao Urso de Ouro do Festival de Berlim.

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