Crítica - Thor: The Dark World (2013)

Realizado por Alan Taylor 
Com Chris Hemsworth, Tom Hiddleston, Natalie Portman 

É verdade que “Captain America: The First Avenger” (2011), “Iron Man” (2008) ou “Iron Man 2” (2010) tiveram um impressionante sucesso junto do público e da imprensa especializada, mas confesso que, desta nova vaga de filmes de super-heróis da Marvel, aquele que mais gostei e que mais me impressionou foi a primeira adaptação cinematográfica das grandes aventuras de Thor, não só porque se destacou desde logo como um projeto de elevado requinte visual, mas também porque tem um guião bastante competente, que conseguiu apresentar sem grandes falhas ou percalços as origens heróicas e românticas de Thor, mas também conseguiu introduzir sem grande alarido a grande rivalidade do super-herói alienígena com o seu meio-irmão Loki, que pelos vistos está destinado a ser um dos principais vilões do universo cinematográfico da Marvel. Tinha por isso elevadas expetativas para a sua sequela, mas confesso que fiquei um pouco desiludido com este “Thor: The Dark World”, já que embora esta segunda aventura cinematográfica de Thor seja um bom produto comercial de entretenimento, não consegue fugir aos parâmetros de banalidade que costumam marcar os filmes de super-heróis e que sempre tememos encontrar num projeto deste calibre, já que ao contrário de “Thor” (2011), “Thor: The Dark World” já não tem tantos bons momentos de humor natural ou drama humano e familiar, porque a maior parte do filme prende-se à ação e à excitação das grandes batalhas e rivalidades, havendo portanto pelo meio pouco sumo narrativo de qualidade, algo que torna esta sequela num produto um pouco mas superficial que o seu antecessor, mas bem dentro do espírito do recente blockbuster “The Avengers” (2012), que também privilegia a ação em detrimento da emoção e do contexto. 


O guião de “Thor: The Dark World” enquadra-se na sequência dos eventos de “Thor” e “The Avengers”, e volta a seguir mais uma grande aventura de Thor, que desta vez luta para restabelecer a ordem em todo o cosmos, no entanto, este seu digno objetivo é ameaçado pelo surgimento de uma antiga raça liderada pelo vingativo Malekith, que regressou ao ativo para mergulhar o universo nas trevas. Perante um inimigo que nem Odin nem Asgard conseguem vencer, Thor embarca na mais pessoal e perigosa aventura que alguma vez enfrentou, que o levará a reunir-se com Jane Foster e irá forçá-lo a sacrificar tudo para salvar todo o universo.  Ao ler esta breve sinopse já fica com uma ideia do nível de ação que reina neste projeto, que pelo menos mantém a elevada qualidade técnica do seu antecessor, já que todos os majestosos cenários e todas as sequências de ação e batalha apresentam um polimento visual quase perfeito e muito atrativo, sendo notório que Alan Taylor quis manter o apelo visual e sonoro que tanto impacto causou em “Thor”, mas também em outros projetos da mesma família, como “The Avengers” ou “Iron Man 3”, que por muitos defeitos que tenham ao nível do guião, conseguem sempre superar todas as expetativas do público dentro do campo visual. É precisamente isso que acontece em “Thor: The Dark Word”, cuja componente visual é bastante impressionante, quer ao nível das várias sequências mais físicas e bélicas, quer ao nível dos cenários que rodeiam o desenrolar da história, como a imponência estética de Asgard ou as paisagens desoladoras e sombrias de Svartalfheim ou Vanaheimr. Não há portanto grandes causas para preocupação em relação aos aspetos mais comerciais e visuais de “Thor: The Dark World”, já que este blockbuster satisfaz sem problemas nestes dois parâmetros, mas o mesmo já não se aplica à parte narrativa, que fica muito àquem do já muito pouco que se esperava dela.


O enredo de “Thor” é cativante, mas verdade seja dita que não é nada fora do normal, mas ainda assim gostei de seguir o seu desenvolvimento e gostei particularmente da forma como Ashley Edward Miller, Zack Stentz e Don Payne apresentaram o herói e as suas inseguranças, no entanto, a nova equipa de guionistas de “Thor: The Dark World” não deu seguimento a este competente tratamento, já que a trama criada por Christopher Yost, Christopher Markus e Stephen McFeely não tem aquele vigor dramático e característico que se destacou em “Thor”, nem tem sequer metade da profundidade narrativa desse primeiro filme, onde também há espaço para mais sequências espontâneos de humor, que em “Thor: The Dark World” são um pouco mais raras, porque o que realmente se distingue nesta segunda entrega são as suas batalhas cheias de intensidade, que enchem este produto com uma forte dose de ação e entretenimento, que não deixam espaço para um forte desenvolvimento do guião, que não perde muito tempo a explicar as origens e objetivos de Malekith e dos Dark Elves, nem a aprofundar o desenvolvimento das já estabelecidas relações entre Thor, Loki e Jane, que nesta segunda entrega também têm de dividir o protagonismo com outras personagens secundárias, como Sif e Heimdall, que em “Thor: The Dark World” são objeto de um pouco mais de atenção, mas não necessariamente de um maior aprofundamento. Embora seja menos apelativo que "Thor", "Thor: The Dark World" está praticamente ao mesmo nível dos outros produtos recentes da Marvel, por isso não se pode dizer que estejamos perante um mau filme, porque este projeto de Alan Taylor até é competente e promete oferecer uma ampla dose de entretenimento ao seu vasto público-alvo, mas convém reforçar mais uma vez que "Thor: The Dark World" não é propriamente um filme com conteúdo, mas sim um produto comercial com muitos artifícios visuais e sonoros que ajudam a promover um bom espetaculo de ação e adrenalina.

Classificação - 3 Estrelas em 5

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