Crítica – Nymphomaniac: Volume II (2013)

 

Realizado por Lars von Trier
Com Charlotte Gainsbourg, Stellan Skarsgård, Willem Dafoe

Se a primeira parte de "Nymphomaniac" deixa no ar a esperança de uma continuação mais madura e de um final que justifique o suspense daquela estranha relação entre a narradora e o seu interlocutor, a concretização, contudo, foi para mim, no mínimo, uma enorme decepção. Von Trier esqueceu-se do interessante paralelismo com a arte da pesca com pluma que dera alguma carga poética à metade inicial, e ousa introduzir momentos de um misticismo devasso mas pouco coerente com a personagem. Continua a saga sexual da protagonista que vai enveredando por caminhos cada vez mais violentos e opções de vida sinistras. O final, ainda que surpreendente, falha tanto em consistência como toda a narrativa até aí, valendo, principalmente, na primeira parte pelos momentos de rara beleza que Trier filma como ninguém.

Admiradora confessa que sou do realizador continuo a acreditar que esta sua obra, apesar da polémica que a promoção do filme tentou gerar, foi um tiro ao lado de Trier por pegar numa temática já fabulosamente tratada em Shame, filme que não consegue suplantar, quer ainda por introduzir uma quantidade tão avassaladora de cenas sexuais vazias que não chocam, não provocam e de tão repetitivas não chegam sequer a impressionar. Um aspecto foi seguramente alcançado por esta obra final da Trilogia da Depressão e que me fazem, mais uma vez, lamentar o facto de não ter podido assistir sem esta absurda divisão em metades, é de facto, como nas obras anteriores, de uma enorme depressão que se trata, um completo negrume interior da personagem que se adensa ao longo do filme e do qual não consegue sair.

  Classificação - 3,5 Estrelas em 5

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