Óscares 2014 - As Surpresas Das Nomeações

Os nomeados aos Óscares 2014 já foram revelados e, após ler e reler a lista completa de nomeados, chegou a altura de tirar algumas conclusões relativas às surpresas, positivas ou negativas, destas nomeações que, excetuando algumas surpresas, até eram previsíveis.

Melhor Filme – A Ausência de “Blue Jasmine” e “Inside Llewyn Davis”/ “A Propósito de Llewyn Davis”. A Inclusão de “O Clube de Dallas”/ “Dallas Buyers Club”. 
Tinha a certeza que a Academia ia nomear este ano, pelo menos, oito filmes ao Óscar de Melhor Filme, já que ficaria imensamente surpreso se obras tão elogiadas como “American Hustle”/ “Golpada Americana”, “Capitão Philips”/ “Captian Phillips”, “Gravidade”/ “Gravity”, “Uma História de Amor”/ “Her”, “Nebraska”, “12 Anos Escravo/ “12 Years a Slave” e “O Lobo de Wall Street”/ “The Wolf of “Wall Street” não conseguissem esta nomeação, por isso, na minha cabeça restavam apenas duas ou três vagas incertas que, verdade seja dita, prensei que fossem ser atribuídas a “Blue Jasmine” e “A Propósito de Llewyn Davis”, perfazendo assim um total de nove nomeados, mas a Academia trocou-me as voltas, bem como a grande parte dos especialistas, e nomeou os dramas “Philomena” e “O Clube de Dallas”/ “Dallas Buyers Club”. Nos últimos tempos, “Philomena” já tinha conquistado uma certa tração dourada e estava presente em muitas previsões, por isso a sua inclusão não é nada surpreendente. É verdade que não fazia parte da minha previsão, mas não me choca nada a sua presença, muito pelo contrário, até fico contente por o ver lá. Já a presença de “O Clube de Dallas” é um pouco mais surpreendente, já que embora o filme mereça completamente as nomeações nas categorias de Ator, Ator Secundário e Caracterização, não é, pelo menos para mim, um projeto que mereça uma nomeação ao Óscar de Melhor Filme. Não me interpretem mal, “O Clube de Dallas” está bem acima da média, mas “Blue Jasmine” e “A Propósito de Llewyn Davis” são produções mais completas. 

Melhor Ator Principal - A Ausência de Tom Hanks.
Este ano, Tom Hanks poderia ter sido nomeado ao Óscar de Melhor Ator por qualquer uma das suas performances em "Capitão Phllips" e "Ao Encontro de Mr. Banks", mas acabou por não ser nomeado por nenhuma delas, tendo, previsivelmente, sido substituído por Christian Bale que, entre todos os nomeados, era aquele cuja nomeação estava mais tremida. 

Melhor Atriz Principal – A Presença de Meryl Streep e a Ausência de Emma Thompson.
Esta surpresa foi a pedido dos leitores, porque se consultarem a minha previsão de nomeados (AQUI) podem verificar que tinha previsto este cenário, porque nunca acreditei que Emma Thompson conseguisse tirar a nomeação a Meryl Streep, que está numa outra galáxia de estatuto e poder que, em caso de um empate técnico, acabam por a favorecer em detrimento de uma mais esquecida mas igualmente brilhante Emma Thompson, que não duvido que esteja sublime em “Saving Mr. Banks” mas, para ser franco, preferia ver uma nomeação de Julie Delpy (“Before Midnight”) do que uma de Emma Thompson. 

Melhor Fotografia – A Presença de “The Grandmaster”. 
Não estava nada à espera que a Academia desse tanta atenção a “The Grandmaster”, especialmente após o ter atirado para fora dos nomeados ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, mas se há coisa que “The Grandmaster” tem é uma completa e requintada fotografia que, pode não merecer o Óscar, mas merece pelo menos a nomeação.

Melhor Documentário – A Ausência de “Histórias Que Contamos”/ “Stories We Tell”. 
Já se sabe que “The Act of Killing” é o claro favorito ao Óscar de Melhor Documentário, mas sempre pensei que o canadiano “Histórias Que Contamos”, de Sarah Poley, fosse o seu grande rival, mas parece que a Academia nunca pensou assim e decidiu ignorar este belo documentário que, no meu entender, não merecia ter sido preterido em detrimento de alguns dos candidatos.

Melhor Carcacterização – A Presença de “Jackass Presents: Bad Grandpa”
Por norma, a categoria de Melhor Caracterização apresenta sempre, entre os seus nomeados, alguns filmes bem maus. Este ano não foi diferente, já que entre os nomeados estão “The Lone Ranger” e “Jackass Presents: Bad Grandpa”. Eu sei que esta nomeação premeia apenas um aspeto técnico e isolado de um filme, mas mesmo assim custa-me ver um grande desastre como “Jackass Presents: Bad Grandpa” receber uma nomeação, por muito justa que ela possa ser. 

Melhor Filme de Animação – A Presença de “The Wind Rises” e “Ernest & Celestine”
Fiquei muito satisfeito por a Academia ter decidido dar uma oportunidades a estes dois grandes filmes de animação que, por mim, discutiriam entre si a conquista deste prémio, mas algo que me diz que “Frozen”/ “Reino do Gelo” já tem este Óscar na mão. Em todo o caso, “The Wind Rises” e “Ernest & Celestine” merecem a presença entre os nomeados.

Melhor Banda Sonora – A Ausência de “All Is Lost”.
Esperava que Alexander Ebert conseguisse uma nomeação pelo seu trabalho em “All is Lost”, especialmente após ter conquistado o Globo de Ouro, mas mesmo antes de ter conquistado este prémio, já acreditava que Ebert merecia, pelo menos, uma nomeação, mas a Academia, pelos vistos, preferiu manter a aposta em nomeações mais clássicas e tradicionais. 

Melhores Efeitos Visuais – Presença de “O Mascarilha”/ The Lone Ranger” e Ausência de “Batalha do Pacifico”/ “Pacific Rim”.
Eu não gostei de “O Mascarilha” ou “Batalha do Pacífico”, mas acho que a nível de efeitos visuais, o filme de Guillermo del Toro dá uma abada ao fracasso de Gore Verbinski, por isso não consigo compreender como é que “O Mascarilha” roubou esta nomeação de uma forma tão descarada. 

Melhor Curta-Metragem de Animação - A Presença de "Feral"
Rodrigo Leão pode não ter sido nomeado ao Óscar de Melhor Banda Sonora por "O Mordomo", mas Portugal estará representado nos Óscares 2014 por Daniel Sousa, o realizador da curta "Feral", que, quem sabe, até poderá conquistar o prémio principal da industria do cinema.

Surpresa Positiva – A Ausência Total de “O Mordomo”/ “Lee Daniel’s The Butler”
Estava com medo que “O Mordomo” aproveitasse a influência da Weinstein Company para ser nomeado em algumas categorias, algo que não merecia porque, mesmo no campo das representações, existem melhores opções. Embora Forest Whitaker tenha uma boa prestação em “O Mordomo”, esteve sempre longe de merecer pertencer à listra de candidatos ao Óscar de Melhor Ator, por isso se Whitaker nunca conseguiria a nomeação e é das melhores coisas do filme, então não consigo perceber como é que “O Mordomo” poderia ter conseguido uma nomeação em qualquer outra categoria. Parabéns a Academia. 

Surpresa Negativa – A Ausência Total de “A Vida de Adèle”
Eu tinha a leve esperança de ver “A Vida de Adèle” competir pelo Óscar de Melhor Filme, já que a França nem o colocou como o seu candidato ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro. É claro que, realisticamente, nunca esperei a sua nomeação, mas alimentei a esperança porque, afinal de contas, em 2013 a Academia nomeou “Amour” ao Óscar de Melhor Filme. A jovem atriz Adèle Exarchopoulos também merecia uma nomeação ao Óscar de Melhor Atriz, mas claro que isto já era pedir muito, até porque havias menos vagas e maior concorrência que na categoria de Melhor Filme. 

Surpresa Negativa – A Ausência Total de “Frances Ha”
Nem Melhor Atriz Principal (Greta Gerwig), Melhor Argumento Original ou Melhor Fotografia. “Frances Ha”, um dos melhores filmes de 2013, não recebeu nada da Academia. É pena, porque Gerwig e Noah Baumbach mereciam um pouco de amor.

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