Crítica - Non-Stop (2014)

Realizado por Jaume Collet-Serra
Com Liam Neeson, Julianne Moore, Michelle Dockery, Scoot McNairy

A vida de Liam Neeson depois do aclamado “Taken” nunca mais foi a mesma. A partir desse sucesso-surpresa da autoria de Pierre Morel, Neeson foi transformado na nova estrela de ação de Hollywood, passando os seus dias a esbofetear terroristas e a mandar traficantes de droga pela janela fora. Até uma alcateia de lobos já teve que enfrentar a sua fúria, portanto, será seguro dizer que os punhos de Neeson vieram para ficar. A verdade é que não nos cansamos dele (nem dos seus punhos). É certo que nem todos os seus filmes mais recentes apresentam o mesmo nível de qualidade (“Unknown” ficou uns furos abaixo de “The Grey”, por exemplo), mas Neeson tem algo de especial que nos leva a torcer por ele mesmo nas obras mais duvidosas. Para além do mais, não estamos a falar de uma estrela de ação ao estilo de Sylvester Stallone ou Chuck Norris, já que Neeson sabe verdadeiramente atuar e empresta às suas personagens uma dose de veracidade que nos leva a acreditar nelas, uma dose de fragilidade emocional que nos prende a atenção do início até ao fim da película. E em “Non-Stop” isso volta a suceder, pois Neeson compõe uma personagem genuína com a qual facilmente nos identificamos e com a qual desejamos passar todo o tempo do voo. Julianne Moore e Michelle Dockery (a Mary de “Downton Abbey”) dão um complemento ajustado, mas não há dúvida de que o filme é inteiramente de Neeson, comprovando-se assim que o irlandês de 61 anos de idade continua em muito boa forma.


Em “Non-Stop”, Neeson encarna Bill Marks, um ex-polícia que se tornou agente de segurança de uma companhia aérea norte-americana após tombar em problemas de bebida por causa da morte precoce da única filha. Famoso por ser um agente problemático, Marks não vive os melhores dias da sua vida. E essa vida fica ainda mais negra quando um terrorista lhe arma uma cilada em pleno voo transatlântico. Em poucas palavras, esta é a história por detrás de mais uma aventura de Neeson repleta de socos e pontapés. Desta vez estamos a falar de Neeson VS piratas aéreos e a verdade é que “Non-Stop” não desilude, cumprindo os seus propósitos por inteiro e oferecendo à audiência duas horas de adrenalina num espaço fechado. E é precisamente aqui que se encontra um dos atrativos desta obra: o facto de ser um thriller “à porta fechada”. Todos sabemos o quão difícil é filmar num espaço tão apertado como o interior de um avião, ainda para mais quando esse espaço é praticamente o único cenário disponível em 100 minutos de película. Muitas vezes estas obras tornam-se enfadonhas e repetitivas, pois é difícil criar constantemente algo de novo num só espaço limitado. Porém, Jaume Collet-Serra (a trabalhar com Neeson pela segunda vez depois de “Unknown”) fez um bom trabalho, criando uma película repleta de variadíssimas dinâmicas e detentora de um ritmo narrativo assinalável. Por incrível que pareça, não há muitos momentos mortos em “Non-Stop” (o que faz jus ao título). O carisma de Neeson ajuda a manter a audiência acordada e as constantes trocas de SMS entre o agente de segurança e o terrorista não deixam a tensão esmorecer, permitindo a Collet-Serra inventar alguns efeitos visuais interessantes. A dinâmica de Neeson com os restantes passageiros foi concebida de forma bastante credível e o próprio desenrolar da narrativa ocorre com naturalidade, sem grandes desequilíbrios. Mas claro que nem tudo são rosas. Os vilões de serviço acabam por não ser muito convincentes quando finalmente se revelam, a incessante busca pelo happy-ending é deveras irritante e dá origem a minutos finais um tanto ou quanto ridículos, e as personagens secundárias estão um pouco estereotipadas, não possuindo a força e a autenticidade que porventura deveriam possuir. Fazendo as contas no final, vê-se bem que “Non-Stop” segue demasiado à risca as fórmulas pré-concebidas do género, tornando-se previsível em múltiplas ocasiões. Por estas razões, não podemos dizer que estamos na presença de um filme invulgar, um filme digno de registo. Podemos, no entanto, dizer que “Non-Stop” não deverá desiludir os amantes do género, detendo estaleca suficiente para garantir duas horas de bom entretenimento.

Classificação – 3 Estrelas Em 5

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