Crítica - Hercules (2014)

 
Realizado por Brett Ratner 
Com Dwayne Johnson, Ian McShane, Joseph Fiennes 

No duelo particular entre as adaptações cinematográficas das aventuras mitológicas do guerreiro Hércules que estrearam em 2014 nas salas de cinema portuguesas, não há qualquer dúvida que este "Hercules", de Brett Ratner, superioriza-se sem qualquer contestação ao péssimo "The Legend of Hercules", de Renny Harlin. É claro que esta mega produção de Ratner está longe de ser um blockbuster de grande nível ou até um filme mitológico de respeito, mas dentro do afamado género pipoca, "Hercules" até consegue oferecer aos espectadores ávidos por ação e aventura uma ampla dose de energéticas sequências de ação que entretêm e que conseguem brilhar no meio de um argumento mediano mas que, face à pobreza que se esperava, até que surpreende sem, claro, maravilhar quem quer que seja. Este guião algo fraco mas competente explora uma história pseudo alternativa de Hércules, o mítico guerreiro da Grécia Antiga que, nesta mega produção, torna-se um mercenário após ter ficado célebre pelos seus feitos extraordinários, que incluem por exemplo os populares doze árduos trabalhos. Nesta sua nova aventura, Hércules viaja, acompanhado por cinco fieis seguidores, pelo império vendendo os seus serviços em troca de ouro e fazendo uso da sua reputação para intimidar os seus inimigos. O Rei de Trácia e a sua filha, informados das conquistas de Hércules, contratam o herói e o seu grupo de mercenários para derrotar um senhor da guerra aterrador, algo que será um grande desafio para o grande guerreiro, já que vilões inimagináveis irão testar os seus poderes míticos e um mundo sedento de justiça irá testar a sua humanidade.

   

Baseado na graphic novel "Hercules: The Thracian Wars", de Steve Moore e Admira Wijaya, "Hercules" parece conferir um twist um pouco mais alternativo, humano e físico às já clássicas aventuras de Hércules, que nesta obra é retratado com um pouco menos de fantasia e um pouco mais de humanidade, no entanto, o toque mitológico que rodeia a imagem de Hércules mantém a sua presença neste blockbuster que, apesar de ser menos fantasioso e lendário que outras obras que retratam as mega aventuras do herói, não consegue disfarçar ou evitar certos exageros da moda mitológica grega que têm assolado Hollywood e que já deu origem a obras como "Clash of the Titans" ou "Percy Jackson & the Olympians: The Lightning Thief". No fundo, "Hércules" é um daqueles filmes de ação exagerados e impossíveis que enchem o espectador de sequências de ação tecnicamente apelativas mas pouco abonadas do ponto de vista intelectual, onde o herói consegue fazer tudo e mais alguma coisa sem sofrer grandes danos à sua pessoa. E pelo meio destas grandiosas sequências há uma história pouco convincente e timidamente desenvolvida, que verdade seja dita serve apenas para enquadrar todas as explosões de ação e lutas que enchem o grande ecrã com movimento e uma violência bastante contida. O que é certo é que, dentro das especificidades, objetivos e esperanças deste projeto, o guião, por muito fraquinho que seja, até acaba por conseguir combinar bem com as apelativas cenas de aventura que enchem o grande ecrã e, dentro do possível, até tentam conferir uma dimensão um pouco mais humana e dinâmica à história de um guerreiro que, na sua génese, é amplamente fantasioso. É claro que há pouco contexto e valor, mas pelo menos há uma tentativa de reinventar uma personagem conhecida mas já um pouco gasta.


O que vale a pena nesta obra é a sua componente direcionada para as cenas de ação, que quase sempre cumprem o pouco que se espera delas, mas lá está, não espere uma coisa grandiosa de um filme que, apesar de ser bem decente dentro do género, não é nada de especial em qualquer uma das suas componentes. E neste quadro inclui-se também o seu popular elenco, onde Dwayne "The Rock" Johnson tem uma performance muito esforçada na pele do herói semi divino Hércules que ajuda, como é óbvio, a elevar a qualidade deste blockbuster dito popular. No ponto mais negativo do elenco estão todos os outros atores que participam no filme, que têm no geral uma performance esquecível, sendo de destacar a performance vazia de Irina Shayk, que poderia ter sido facilmente substituída por outra rapariga gira sem que ninguém sentisse muito a sua falta, algo que diz bastante da sua performance e da personagem que interpreta.

Classificação - 2 Estrelas em 5

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