FantasPorto 2015 - Rescaldo

O FantasPorto 2015 terminou no passado fim de semana e há aspetos positivos e negativos a salientar. O primeiro ponto positivo prende-se com a vitória da comédia magiar "Liza, The Fox Fairy" na categoria de Melhor Filme da Seleção de Cinema Fantástico. Esta obra de Károly Ujj Mészáros foi, para mim, a melhor e maior surpresa cinematográfica de todo o festival portuense que, este ano, teve em concurso um maior número de filmes, mas para além do brilhante "Liza, The Fox Fairy", admito que foram poucas as longas metragens que me chamaram a atenção mas, ainda assim, é possível destacar alguns projetos interessantes, como o filme sci-fi britânico "Hungerford", o drama sul-coreano "Haemoo", o filme de ação filipino "The Janitor", o filme de terror vampírico "The Stranger" ou o western pós-apocalíptico "The Well”. Para além destes óbvios destaques cinematográficos, convém também realçar que passaram pelo Teatro Rivoli outros projetos, uns francamente maus e outros menos maus, que preencheram a Seleção Oficial da 35º Edição de um FantasPorto que, para além de exibir mais de cinquenta novidades, também prestou homenagem a dois clássicos da sétima arte: "Citizen Kane" e "Top Hat", bem como a outras obras de Orson Welles ou musicais com Fred Astaire e Ginger Rogers.
Entre os pontos positivos há também que destacar o esforço que a organização do FantasPorto continua a fazer para promover outras vertentes artísticas para além da exibição de filmes, por exemplo, manteve a aposta em apresentações de livros de autores portugueses e promoveu novamente uma exposição de um artista plástico português. Também organizou a 1ª Bolsa de Guiões com o objetivo de juntar jovens criadores de várias áreas na mesma sala para, quem sabe, permitir o nascimento de futuros projetos cinematográficos. E claro organizou, mais uma vez, o Prémio de Cinema Português e das Escolas de Cinema que juntou trabalhos portugueses numa Competição dedicada, essencialmente, à juventude e que aproximou, uma vez mais, estudantes de cinema de todo mo país, até mesmo no 2º Encontro de Escolas de Cinema. Esta competição, apesar de ser aquela que é menos divulgada pela imprensa e a única que acaba por não passar pelo Grande Auditório, é aquela que representa a maior oferta do FantasPorto para a 7ª Arte portuguesa, porque, para além de permitir às Escolas de Cinema e seus Estudantes exibir os seus projetos dentro de uma competição amigável, também pode dar a conhecer os novos criativos de Portugal e apoiar, motivar e exponenciar o seu crescimento dentro da 7ª Arte. 
As suas atividades paralelas estão portanto mais fortes e mais interessantes que nunca e devem continuar para bem da diversidade que o Fantas faz tão bem em promover. Este certame presta também um serviço público ao continuar com a Competição de Cinema Português e das Escolas de Cinema que representa, sem dúvida, uma das maiores mais valias do FantasPorto e do Cinema Nacional. A organização também prestou um bom serviço aos participantes e espectadores do festival ao exibir, sem grandes problemas técnicos, todos os filmes e organizar as sessões com muito profissionalismo, tendo tido também o cuidado de trazer a Portugal muitos dos profissionais responsáveis pelas obras, curtas ou longas, que marcaram presença na Seleção Oficial. É certo também que o Fantas trouxe a Portugal mais filmes e promoveu mais exibições em diferentes horários, tendo também continuado a praticar um preçário variável e não muito caro para um dia ou semana de diversão e, como será difícil que qualquer filme do FantasPorto 2015 venha a ser lançado nas salas de cinema portuguesas, apesar de "Liza, The Fox Fairy" e até "Haemoo" terem potencial e qualidade para tal, o FantasPorto representou a única oportunidade que os portugueses tiveram para ver em sala de cinema vários filmes curiosos e uns até em Antestreia Mundial ou Europeia.
Em jeito de conclusão, pode-se dizer que o FantasClassics teve uma seleção com bons clássicos; que a Competição de Escolas de Cinema e o Prémio de Cinema Português continua a ser uma importante iniciativa a que se juntam várias atividades paralelas de valor que enaltecem artistas ou autores portugueses; que em 2015 houve mais exibições e convidados para abrilhantar as tardes e noites do Teatro Rivoli que tiveram em "Liza, The Fox Fairy" a maior descoberta. Os únicos pontos negativos que se podem apontar à 35ª Edição do FantasPorto prendem-se, apenas, com a composição da Seleção Oficial de Longas Metragens, onde se podem encontrar vários filmes muito fracos, mas isso faz parte de um festival, especialmente de  um certame como o Fantas que, já se sabe, aposta no espírito de exibir e descobrir projetos novos e diferentes dentro de um género complicado, por isso compreende-se que a Competição de Cinema Fantástico ou a Secção Panorama reúna filmes bons, razoáveis e maus dentro de vários estilos do cinema fantástico. O público já sabe o que esperar e, apesar das críticas, há que saber fazer a triagem necessária, mas confesso que este ano achei que a Seleção Oficial contou com  projetos verdadeiramente maus que, na minha opinião, nem sequer mereciam ter participado num festival tão importante com 35 Anos de História.
A boa notícia é que o FantasPorto já tem confirmadas as suas Edições de 2016 e 2017 e, segundo a organização, o certame vai passar por algumas reformulações a nível da programação, já que passará a realizar-se em menos dias e, por isso, terá menos filmes em Competição, mas tal notícia surge como uma empolgante novidade porque presume-se que a triagem e a exigência serão maiores e, por isso, as próximas edições do FantasPorto poderão oferecer ao público uma seleção de cinema fantástico mais concentrado mas sem obras tão más como as que, por vezes, aparecem na Competição Oficial. Um pequeno apontamento para concluir, o FantasPorto continua vivo, apesar dos problemas e das aparentes faltas de apoios, e espero que continue a trazer mais filmes inéditos a Portugal e ao Porto durante muitos anos. Até 2016, FantasPorto.

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