Crítica - Southpaw (2015)

Realizado por Antoine Fuqua 
Com Jake Gyllenhaal, Rachel McAdams, Forest Whitaker 

Em tempos houve quem visse potencial em "Southpaw" para entrar na lista dos melhores filmes de 2015. Não se pode atacar ou criticar tal perspectiva, já que no papel esta obra de Antoine Fuqua parecia reunir condições para singrar junto do público e da crítica especializada, talvez até porque aparentava ter certas semelhança com obras de recente sucesso, como "The Fighter" (2010). Tais aparentes semelhanças são expressamente erróneas e, acima de tudo, todo o potencial que se poderia apontar a esta obra acaba por se materializar numa realidade narrativa fraca e oca que não deixa qualquer margem de manobra para os sentimentos de desilusão. 
A sua única salvação chama-se Jake Gyllenhaal. A sua performance no papel do pugilista Billy Hope representa um nível muito dinâmico e intenso de drama e dureza, dois sentimentos que só nos são transmitidos por força desta sua cativante prestação, já que estão ausentes da estrutura de um enredo demasiado oco e débil para os parâmetros que se esperava. Embora muito positiva, Gyllenhaal não tem aqui uma performance merecedora de prémios ou grandes distinções, pelo que uma candidatura aos Óscares é impensável. Isto porque este seu bom trabalho não se encontra, por exemplo, no mesmo patamar de certas prestações recentes de elevada qualidade, como aquela com que nos brindou no thriller "Nightcrawler" (2014). Esta sua performance deve, ainda assim, ser recordada pelo seu carácter positivo, até porque é das melhores coisas que esta obra tem para nos oferecer. 



Uma das maiores falhas de "Southpaw" é o seu enredo. Este explora com uma previsibilidade clara e sem qualquer real sentimento de emoção, expectativa ou drama a queda e expectável ressurreição desportiva de Billy Hope, um pugilista com uma daquelas personalidades arrogantes e verdadeiramente irritantes. Tal jornada, para além de ser confusa e emocionalmente oca, peca por um desmesurado excesso de elementos desnecessários que apenas existem para roubar tempo precioso ao espectador. Entre os vários dramas familiares, desportivos e humanos que Billy Hope tem que enfrentar ao longo de mais de duas horas de filme não há um único que seja abordado de uma forma minimamente competente. São todos pautados por uma evolução apressada e nada equilibrada ou pensada que impedem tais tópicos de serem explorados com a devida pertinência emocional e intelectual. O resultado é uma história mediana sem nenhum elemento de valor. O drama humano que supostamente deveria sobressair da jornada de Billy Hope é praticamente ineficaz. As lições e moralidades que ele deveria aprender com a vida e com a dureza da sua queda profissional e pessoal são inexpressivas e tão inócuas como o drama humana que é representado neste projeto. 
Em suma, "Southpaw" é um tiro ao lado por parte de Antoine Fuqua. Este cineasta já deu no passado provas da sua competência, mas "Southpaw" está longe de ser um filme minimamente competente ou intrigante. Não só porque a sua história é previsível e está repleta de clichés dramático perfeitamente evitáveis, mas também porque é um daqueles filmes chatos e aborrecidos que não ficam na memória. É tão chato que nem sequer consegue entusiasmar o espectador com as suas tímidas sequências de pugilismo ou com as suas sequências supostamente mais dramáticas que, em boa verdade, são tão banais como o próprio filme. Tanto é que nem a sequência mais trágica de toda a produção é explorada com a técnica e a humanidade necessárias, parecendo mais uma sequência de uma mediana telenovela de horário nobre.

Classificação - 2 Estrelas em 5

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