Crítica - The History of Mr. Polly (2007)

Realizado por Gillies Mackinnon
Com Lee Evans, Anne-Marie Duff, Julie Graham

“There is only one sort of man who is absolutely to blame for his own misery, and that is the man who finds life dull and dreary.”  - H.G. Wells, The History of Mr. Polly

Podemos claramente afirmar que Alfred Polly era um homem com mente de criança. Sem a mãe por perto e com um pai distante, a sua vida foi basicamente a olhar para as estrelas, à espera que algo pudesse aquecer um pouco a alma, algo que trouxesse uma espécie de novidade no seu dia-a-dia. Quando muito dinheiro aparece como a tão esperada novidade, algumas más decisões se avizinham.
A história passa-se em pleno século XIX, e segue a jornada de Alfred Polly, um homem britânico com um intenso amor a palavras pomposas (lendo e relendo dicionários) e com um comportamento um pouco estranho e tímido, que ganha uma quantidade imensa de dinheiro após a morte do seu pai. Depois de outras pessoas insistirem nessa ideia com ele, decide abrir uma loja e casar-se com uma prima, mesmo estando apaixonado por outra mulher. No entanto, à medida que os anos passam, o negócio não está a dar resultado e o casamento começa a azedar. Sentindo-se encurralado, Mr. Polly torna-se um homem profundamente deprimido e com pensamentos suicidas.
O filme retrata bem sobre o aspeto de sobreviver num mundo cheio de pressão. Pressão para ter um bom trabalho, um casamento exemplar, um marido normal e com os pés bem assentes no chão…No entanto, Mr. Polly não possui nada disso. A sociedade olha-o com desdém, as contas começam a apertar. O mundo colorido cheio de estrelas em que vive, onde encontra uma bela donzela em cima de um muro e ficam felizes para sempre não se concretiza. É uma história de crescimento, de mudança e podemos ver bem o desenvolvimento, o amadurecimento de Mr. Polly ao longo do filme numa maneira natural, não sendo forçada. 
Lee Evans é literalmente a estrela deste filme, oferecendo-nos uma performance cuidada. Nos termos do protagonista, o ator poderia muito bem interpretá-lo de maneira extravagante e um pouco idiota (Johnny Depp, anyone?), mas consegue tomar bem as rédeas e comandar a ação. Os restantes atores não acrescentam muito, não pelo sentido negativo, mas simplesmente fazem o seu trabalho. Um ponto negativo que se nota durante a obra é que pode-se reparar que faltam muitas partes do livro em que foi baseada, mesmo sem termos lido o livro em si. Muitas cenas no início parecem que decorrem demasiado rápido, nem temos muito bem tempo para processar tudo. 
Em termos de fotografia, direção, não acrescenta nada particularmente de novo e espetacular, simplesmente cumpre as suas funções: contar uma história que parece apelativa e que poderá interessar algumas pessoas tanto pelo aspeto psicológico como pelo lado histórico dos cenários, da roupa, dos comportamentos...Apesar de considerar que seja simplesmente um filme para se ver no sofá num domingo à tarde, dá-nos a liberdade para refletir sobre alguns aspetos da nossa sociedade. A obra passa-se no século XIX mas, ao depararmo-nos com o avançar da civilização, pensamos que evoluímos e que a mentalidade humana fica mais aberta mas, afinal, a tecnologia muda mas nós continuamos iguais. A dificuldade de nascer num mundo onde não aceita um indivíduo com caraterísticas “fora do normal” é ainda bem presente hoje em dia. Toda a gente tem planos mas parece que passam pelo mesmo: estudar, trabalhar, casar, formar uma família e morrer. Algo que o filme acerta em cheio é a procura por algo maior deste típico plano. Será a vida só isso? Onde está a aventura? O inesperado? Uma pessoa fica farta de ver o mar, as ondas a banharem a areia da praia sozinha quando supostamente deveria ter alguém a seu lado a aceitá-la por completo. Mas se calhar, para sermos aceites pelos outros, precisamos de amadurecer. Ou fugir um pouco.

Artigo Elaborado Por Bellatrix Alves

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