Crítica - The Mummy (2017)

Realizado por Alex Kurtzman
Com Sofia Boutella, Tom Cruise, Russell Crowe

A nova grande aposta da Universal Pictures para uma saga cinematográfica chama-se "Dark Universe" e tem, como principal objetivo, reunir num conjunto de filmes de aventura várias icónicas personagens de clássicos filmes de terror, sendo que todas elas são interligadas pelo combate ao mal. A julgar pela qualidade de "The Mummy", a primeira entrega desta saga e um reboot da trilogia também produzida pela Universal Pictures e protagonizada por ‎Brendan Fraser no início do Século XXI, a saga "The Dark Universe" será bem curta e insatisfatória.
Na verdade as expectativas em redor deste reboot/remake de "The Mummy" não eram propriamente as melhores, já que até os mais optimistas suspeitavam que nada de muito positivo iria sair de uma colaboração entre o cineasta/escritor Alex Kurtzman e o ator Tom Cruise. Isto porque, quer Cruise, quer Kurtzman, têm um passado cinematográfico muito ligado a blockbusters vazios em conteúdo e com pouca relação com o mundo dos thrillers ou dos filmes de terror. A decisão da Universal Pictures em atribuir a esta dupla os principais cargos de "The Mummy" foi, portanto, errada e o resultado salta claramente à vista.
Por um lado, Kurtzman não tinha a experiência necessária como realizador para impulsionar este projeto para vôos mais dinâmicos e audazes, mas o maior erro de casting da universal recai mesmo sobre Tom Cruise. É impressionante constatar que em nenhum momento conseguimos sentir que Tom Cruise foi a escolha ideal para o papel que representa, aliás ao longo do filme conseguimos imaginar todos os atores possíveis naquele papel menos Cruise. Só isto demonstra o erro colossal que foi atribuir a Cruise um papel que ele já não tem idade, capacidade, maturidade ou criatividade para interpretar. A sua personagem é, num funda, uma reciclagem barata das suas personagens em outros blockbusters, como "Mission: Impossible" ou "Jack Reacher". Para que "The Mummy" tivesse alguma chance de sucesso teria sido preciso que a Universal Pictures tivesse apostado num ator capaz de oferecer uma nova perspetiva, mas também um realizador com capacidade para criar um grande filme capaz de manter vivo o interesse numa saga. O que é certo é que, perante apenas este filme, esta parece condenada ao esquecimento rápido.


Estes dois erros crassos mataram, logo à partida, esta reboot/remake, mas verdade seja dita que o seu péssimo argumento encarregou-se de confirmar a sentença de morte. A sua história explora um confronto entre a força maléfica de uma antiga princesa egípcia amaldiçoada (Sofia Boutella) que, após regressar à vida, tudo fará para cumprir o seu destino. Os seus planos maléficos esbarram nos esforços de uma organização secreta em proteger o mundo do mal, organização essa que contará com a preciosa ajuda de um ambicioso explorador (Tom Cruise) que é apanhado no meio desta guerra entre o bem e o mal. 
A maior falha do enredo de "The Mummy" é não ter nada de novo ou de relevante. Ao nível do drama, da ação, do terror ou até da comédia, a sua narrativa é uma incrível nulidade. A história da luta entre a Múmia e os Humanos é muito mal retratada,  não existindo verdadeiros momentos de aventura,  suspense ou terror durante todo o filme. A ação presente é a mais básica possível e as poucas tentativas de introduzir um pouco de humor ao filme são verdadeiramente sofríveis, aliás o humor nem deveria marcar presença numa saga intitulada "Dark Universe". Mas já que os seus responsáveis quiseram incluí-lo deveriam, pelo menos, ter apostado em elementos minimamente decentes. No fundo pouco se aproveita da confusão que é a história deste projeto. Não há uma clara linha editorial capaz de orientar uma sucessão de eventos que, quer em conjunto, quer em separado, não entusiasmam e não convencem. A juntar a um péssimo desenvolvimento particular das ações e intenções dos seus protagonistas, "The Mummy" conseguiu também marcar de uma forma ainda mais negativa a saga ao fornecer uma apresentação mais do que deficitária da Prodigium e do Dr. Jekyll, os dois supostos elementos de ligação entre os vários projetos deste franchise. É incrível constatar que esta apresentação é tão má que consegue desmotivar o espectador a querer saber mais sobre estes dois elementos ou sobre as suas lutas contra os diversos demónios do mundo. Será extremamente complicado para os próximos filmes da saga colmatar esta falha tão crassa, já que uma boa primeira impressão é muito importante nestes casos e "Dark Universe" perdeu por completo essa oportunidade. 
No fundo, "The Mummy" representa, no seu conjunto, uma oportunidade perdida para a Universal e para esta sua nova aposta. Pode-se mesmo dizer que tudo falhou e nada cativou. Em comparação com todas as outras entregas com o nome "A Múmia", este projeto de 2017 acaba mesmo por ser o mais insatisfatório e isto já diz muito sobre aquilo que não oferece ao público.


Classificação - 1 Estrela em 5

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