Antes de "Roma", "The Irishman", "Mank", "The Trial of the Chicago 7", "Marriage Story" ou os mais recentes "Don't Look Up" e "The Power of The Dog" existiu "Mudbound". Já algo esquecido pelo grande público, "Mudbound", de Dee Rees, foi a primeira longa metragem de ficção da Netflix a chegar aos Óscares, iniciando assim a presença assídua desta plataforma de streaming nos prémios da Academia e abrindo caminho para os grandes sucessos já referenciados.
Ao todo, "Mudbound conquistou quatro nomeações aos Óscares e logo em quatro categorias muito importantes - Melhor Atriz Secundária (Mary J. Blidge), Melhor Canção Original (Mary J. Blidge), Melhor Argumento Adaptado e Melhor Fotografia. Esta última indicação fez, aliás, história na 7ª Arte, já que foi a primeira vez que uma mulher foi nomeada nesta categoria. A responsável por este feito foi Rachel Morrison. Também Rees fez história na corrida ao Óscar de Argumento Adaptado, já que se tornou na primeira mulher afro-americana a receber uma nomeação nesta categoria.
"Mudbound" acabou por sair dos Óscares sem nenhuma vitória, mas fez história, como já se viu, em mais do que uma frente. As suas nomeações tiveram um significativo impacto cultural, quer pelo seu significado étnico, quer também pela estreia da Netflix nas categorias não documentais dos Óscares. É certo que antes de "Mudbound" a Netflix já tinha feito a sua estreia nos Óscares na categoria de Melhor Documentário por via das nomeações de "The Square"(2014), "Virunga" (2015) e "What Happened, Miss Simone?"(2016), mas na ficção a Netflix nunca tinha chegado tão longe como com a obra de Rees.
E de que nos trata "Mudbound"? Esta é a história de dois homens que regressam a casa da Segunda Guerra Mundial para trabalhar numa fazenda no Mississippi e vêem-se obrigados a enfrentar o racismo e ajustar a sua vida ao pós-guerra.Tal como se percebe, "Mudbound" explora temas fraturantes da sociedade norte-americana, como o racismo e a exclusão social, e talvez por isso teve bastante sucesso junto da imprensa e do público americano, o grande alvo da Netflix. É claro que a sua forte temática pode ter ajudado à promoção junto da Academia, mas esta obra conseguiu todas as nomeações por méritos próprios. Tanto é que, pelo menos na categoria de Melhor Canção Original, a disputa foi bastante cerrada e Mary J Blidge só foi superada pelo fenómeno comercial "Remember Me" de "Coco".
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