Pérolas Indie - Elle (2016)

Realizado por Paul Verhoeven
Com Isabelle Huppert, Laurent Lafitte, Anne Consigny
Género - Thriller

Sinopse - Michele parece indestrutível. Responsável de uma grande empresa de jogos de vídeo, ela gere os seus compromissos como a sua vida sentimental: com mão de ferro. A sua vida transforma-se na noite em que é agredida em sua casa por um misterioso desconhecido. Quando consegue descobrir o rasto desse homem, ambos entram num estranho e excitante jogo, um jogo que, a qualquer momento, pode ficar fora de controlo.

Crítica - O criador do icónico thriller "Instinto Fatal" (1992) volta a fazer das suas e presenteia-nos com mais um intenso e curioso thriller com uma forte componente criminal e sexual, onde uma personagem feminina volta a dar que falar e a liderar uma história proveitosa.
Tal personagem é interpretada por uma maravilhosa Isabelle Huppert, que se revela o motor e a alma de "Elle". A sua exuberante performance denota sacrifício, talento e, claro está, uma enorme classe. Não é que isto surpreenda, já que os dotes de Huppert são bem conhecidos de todo o mundo, mas em "Elle" a sua performance eleva não só o seu brio profissional, mas também o próprio filme. É porque pese embora a competente direção de Verhoeven e as propriedades específicas da sua trama, "Elle" não seria tão bom ou tão excitante sem Huppert como sua força motriz.
Quanto à história em si pode-se dizer que "Elle" apresenta-se ao público como um projeto que se coloca entre as barreiras de um thriller comercial e de um thriller erótico. A forte componente de vingança, confusão e justiça que move a jornada da protagonista dá azo a momentos de elevada intensidade dramática, mas também a certas doses de um erotismo confuso. E isto acontece porque os seus métodos para obter justiça e lidar com o que lhe aconteceu nem sempre são os mais padronizados. É claro que tal sentido erótico está sempre inserido num forte âmbito dramático que propícia a criação de um curioso jogo erótico mas moralmente confuso entre vilão e vítima. O certo é que este jogo escurece as linhas entre o certo e o errado que moldam a trama, mas alimenta uma dose de suspense que, caso contrário, teria cessado quando a identidade do vilão é revelada.
O desenrolar desta jornada de quase autodescoberta da protagonista é sempre pautado por um desenvolvimento climático e ritmado que corresponde sempre às necessidades particulares de uma trama que, como se pode pressupor, não se  destaca pela sua criatividade, mas sim pela sua astúcia e intensidade. Claro está que por detrás deste espetáculo está o competente Paul Verhoeven, que após uma série de projetos esquecíveis regressou, nem que seja por breves momentos, àquela sua época de ouro em que excitava o mundo com os seus projetos.


Classificação - 4 Estrelas em 5

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