Os Prémios César, os Óscares do Cinema Francês, foram entregues este fim de semana e, embora "Os Miseráveis" tenha conquistado o prémio de Melhor Filme e tenha sido o grande vencedor da noite, certo é que não tem sido o foco das atenções. Isto porque o polémico cineasta Roman Polanski conquistou o prémio de Melhor Direção pelo seu mais recente projeto, "J'Accuse", algo que gerou polémica. E tudo começou logo na premiação à qual Polanski nem sequer compareceu, no entanto, mal o nome do cineasta foi anunciado como vencedor várias figuras da alta roda do cinema francês, na sua maioria mulheres, vaiaram a decisão e algumas até abandonaram a sala em protesto com a decisão.
É de recordar que, em 1977, Polanski foi acusado pela justiça norte-americana de ter abusado sexualmente de uma menor e, desde então, tem escapado à justiça. Na altura, Polanski chegou a ser detido, mas aproveitou um erro judicial para fugir do país antes de que o Tribunal tivesse oportunidade de o condenar a uma pena de prisão efetiva. O que é certo é que a justiça americana nunca desistiu do processo e, para todos os efeitos, Polanski continua a ser procurado pela justiça norte-americana, sendo por isso que o cineasta não entra no país desde 1977 e evita visitar países com acordos de extradição com os Estados Unidos da América. Desde então outras mulheres têm vindo a público acusar Polanski de conduta imprópria, mas certo é que o processo nos Estados Unidos é, até á data, o único que lhe foi levantado.
Embora a defesa de Polanski seja polémica, certo é que a Sétima Arte sempre se dividiu entre o apoio e a condenação ao cineasta. O que é certo é que Polanski não é, de todo, uma figura consensual na indústria e isso ficou agora óbvio nos César. Desde a premiação que muitos comentários têm surgido na comunicação social e internet, a maior parte dos quais a condenar a decisão da Academia de Cinema Francês e a defender quem criticou, na altura, a decisão. Uma das críticas mais fortes surgiu, sem surpresa, por parte do Coletivo 50/50, uma organização que foi criada por várias figuras do cinema para lutar pela distribuição inclusiva do poder entre géneros na indústria do cinema. Num comunicado, o Colectivo classificou a decisão da Academia como uma "vergonha combativa", referindo que sente "raiva e tristeza" pela mesma. O que é certo é que o prémio foi entregue e junta-se a um rol de condecorações que Polanski já recebeu desde o caso polémico que enfrentou em 1977 e que inclui 1 Óscar e 1 BAFTA de Melhor Realizado por "O Pianista" ou 1 Palma de Ouro de Melhor Filme também por "O Pianista". Polanski também já tinha conquistado 7 Prémios César por vários dos seus filmes e, todos eles, foram recheados de polémica, mas nunca com tanto mediatismo como esta sua mais recente vitória.
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