Crítica - Untraceable (2008)

Realizado por Gregory Hoblit
Com Diane Lane, Billy Burke, Colin Hanks

Muitos têm sido os filmes que nos últimos tempos têm abordado o impacto negativo que as novas tecnologias têm na sociedade, contudo apenas uma escassa minoria dessas obras é que se mostrou capaz de retratar o tema com a profundidade devida e com o bom senso necessário. Aos filmes que não conseguiram abordar devidamente esta temática junta-se “Untraceable”, um thriller que no campo narrativo não se conseguiu livrar dos clichés do género e que se mostrou incapaz de corrigir os erros dos seus “antecessores”. Este filme apresenta também pouca criatividade e originalidade no campo visual, já que tentou, sem sucesso, retratar o ambiente sádico e terrorífico de filmes como “Saw” e “Hostel”.
A história do filme tem como protagonista Jennifer Marsh (Diane Lane), uma agente especial que pertence à divisão de cibercrime do FBI, dedicada à investigação de criminosos na Internet que vão desde "hackers" a pedófilos ou outros criminosos que usam a rede com fins fraudulentos. O novo caso de Jennifer está longe de ser fácil, ela tem que travar um predador cibernético que começa a utilizar a Internet para publicar imagens das torturas que inflige às suas vítimas e coloca o destino dos prisioneiros nas mãos dos espectadores, quanto maior for o número de visitas ao site, mais rapidamente morre a vítima. Jennifer e o FBI tentam a todo o custo localizar a origem do site numa autêntica corrida contra o tempo e contra a perícia deste atormentado génio informático, contudo a perseguição rapidamente se transforma num jogo do gato e do rato com Jennifer e a sua equipa a serem apanhados na rede do criminoso.

 

Um dos maiores pontos negativos do filme é a falta de originalidade e criatividade do seu argumento. Eu arrisco dizer que o único factor que distingue este thriller de outros que utilizaram como base narrativa a velha e gasta fórmula do sádico serial-killer que pretende castigar a sociedade através de cruéis homicídios, é o facto do assassino de “Untraceable” utilizar a internet como “arma” secundária nos seus crimes, no entanto, esta inovação não é assim tão original, já que num passado recente várias séries televisivas apostaram na mesma ideia para comercializar e vender o seu produto. Outro problema do argumento é a sua exacerbada visão comercial, esta alimentou o enredo de clichés do género e impediu a criação de uma intriga digna desse nome e capaz de prender a atenção do espectador do princípio ao fim. Esta excessiva visão comercial também impediu uma abordagem mais intelectual e aprofundada das moralidades que derivam da ideologia de “sociedade tecnológica” presente no filme.
A realização também não apresenta um nível qualitativo superior ao do argumento. Esta plagiou, claramente sem êxito, o ambiente obscuro e as sádicas cenas de tortura de filmes de terror como “Saw” e “Hostel”. A realização de Gregory Hoblit também se mostrou incapaz de controlar devidamente a temporização das cenas, já que estas sucedem-se no espaço sem nenhum ritmo específico, o que eventualmente prejudica a intensidade do filme. O elenco é capaz de ser o único ponto positivo do filme. O elenco secundário é algo escasso mas cumpre sumariamente com a sua função de apoiar Diane Lane, uma experiente actriz que utiliza todas as suas qualidades para dar vida à protagonista da história. É certo que Lane já teve no passado melhores performances, mas atendendo à simplicidade e falta de garra do seu papel penso que até esteve bem. “Untraceable” é uma obra que deixa muita a desejar em termos de originalidade e criatividade, porque grande parte do filme parece ser copiado ou baseado em várias obras cinematográficas de relativo sucesso comercial. Em termos narrativos, este medíocre produto não conseguiu construir uma história interessante que aborde com alguma criatividade a problemática que o origina, ou seja, a problematização da “sociedade tecnológica”.

Classificação - 1 Estrela Em 5

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