Crítica - Sex and the City - The Movie (2008)

Realizado por Michael Patrick King
Com Sarah Jessica Parker, Kim Cattrall, Cynthia Nixon, Kristin Davis, Chris Noth, Jennifer Hudson

Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker) a colunista mais famosa e atrevida do jornal “New York Star” está de regresso com a sua postura de sempre e um feitio ainda mais provocador. Tal como na série televisiva acompanhamos a par e passo a sua vida intima e as suas relações pessoais, bem como as das suas amigas Samantha (Kim Cattrall), Charlotte (Kristin Davis) e Miranda (Cynthia Nixon). As quatro amigas inseparáveis continuam a viver no limite do fabuloso, rodeadas de marcas e festas magníficas mas também continuam a aprofundar as suas carreiras e as suas paixões. O enredo do filme situa-se algum tempo após os acontecimentos retratados no final da série. O ponto central da história é o casamento da protagonista, Carrie Bradshaw, com o seu príncipe encantado Mr.Big (Chris North). Contudo, paralelamente, acompanhamos também as aventuras dramáticas das suas três amigas e o efeito que a idade começa a ter na sua postura. Tal como na série televisiva, somos brindados com conversas picantes sobre temas tabus da sociedade, que são envolvidos em diálogos bem elaborados e retocados com um pouco de humor e ironia.
Todo o conceito de “Sex and the City” é claramente dedicado ao sexo feminino, maior parte dos temas abordados pelo filme atingem grande parte da população feminina, temas como a maternidade, o casamento, o desejo sexual, o desejo de uma vida profissional activa e claro, a procura pelo verdadeiro amor estão bem presentes e bem enquadrados nas “vidas” das quatro protagonistas. Tanto a série como o filme resultam de uma ideia bem estruturada e muito bem pensada que pode ajudar muitas mulheres. Já o sexo masculino certamente se sentirá um pouco à margem dos acontecimentos do filme e dos temas que ele retrata, no entanto, os homens podem-se servir da obra para aprofundar os seus estudos sobre a complexa mente feminina e talvez os ajude a compreender um pouco a mulher e todas as suas crises/problemas. A série televisiva foi um dos maiores êxitos da televisão norte-americana, convertendo-se rapidamente num fenómeno cultural mundial que afectou várias mulheres de diferentes nacionalidade e etnias. O filme tenta devolver ao público, principalmente ao feminino, um conceito que as pode ajudar mas que as pode sobretudo inspirar para alcançar algo de diferente ou superar algum obstáculo da sua vida. Neste aspecto, “Sex and the City” é realmente uma obra que qualidade.
Infelizmente, nem tudo é perfeito neste filme. Apesar de partir de um conceito muito interessante e de ser baseado numa fórmula que já deu provas do seu sucesso, existem alguns defeitos na história. Para começar, o tempo de duração do filme é excessivo, 80/90 minutos chegavam para criar um produto divertido que abrangesse temas interessantes, contudo, o filme arrasta-se por cerca de duas horas e meia, abrangendo temas e diálogos perfeitamente dispensáveis que só tornam mais pobre e mais enfadonho o produto final. Outro aspecto negativo é a falta de cenas mais picantes. A série continha cenas bem extravagantes e muito polémicas que parece que foram esquecidas no filme, porque tirando um ou dois momentos, não há nada no filme que se assemelhe a algumas das situações mais controversas da série. Os produtores tiveram mais tento na imaginação o que neste caso prejudicou o conceito geral do produto. Também o humor de algumas situações apresenta menos classe e menos refinação do que o apresentado na série, já que maior parte dos diálogos humorísticos ou já estão muito vistos ou são demasiado secos, mais uma vez a inovação da serie perde-se. Até ao final vivemos alguns momentos interessantes, mas também passamos por muitos aborrecidos. O fim do filme já acompanha a inovação e a originalidade da série, aparecendo carregado de imprevisibilidade e expectativa.
O elenco feminino principal, ou seja, as quatro protagonistas estão muito bem. Sarah Jessica Parker está muito à vontade com a personagem que mais sucesso lhe deu mas é Cynthia Nixon que mais se destaca no filme porque das quatro é aquele que apresenta o papel mais sério e mais irónico e também aquele que mais impacto poderá ter junto do público feminino, é certo que Sarah Jessica Parker é a estrela mas Cynthia não lhe fica atrás. O elenco masculino é quase como um adereço do feminino mas é um adereço de qualidade. Destaco pela negativa Jennifer Hudson que interpreta a assistente da personagem de Jessica Parker, não digo isto pelo seu desempenho que me parece razoável mas pela forma como a sua personagem aparece no filme, sendo bastante claro que só está lá para agradar ao público afro-americano. Resumindo e concluindo, “Sex and the City – The Movie” não é uma obra cinematográfica de grande qualidade, é sim uma obra de entretenimento para todo o público mas que se foca principalmente nas mulheres. A ideia da série ficou bem patente mas o espírito não foi totalmente transportado para o cinema, o que acaba por ser uma pena já que muito do sucesso da série dependeu do seu espírito irreverente e polémico.

Classificação - 3 Estrelas Em 5

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2 Comentários

  1. É admirável ver uma crítica com sentido sobre um filme feminista escrita por um rapaz. Muito bem feito.

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  2. Gostei bastante da tua crítica a este filme. Queria só acrescentar que o filme me parece envelhecido, como as persongens, ou então serei eu. Já nada choca grandemente, já nada excita grandemente a imaginação, é um filme que, apesar de fazer sonhar, não contém qualquer polémica e isso, dez anos depois da primeiro episódio da série, desilude.

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