Diário do Fantas - Parte 1


Naquele que foi o primeiro dia oficial do Fantasporto 2012, a noite começou em grande com a antestreia nacional do muito aguardado “Shame”, de Steve McQueen. Como sempre acontece nas cerimónias de abertura do festival, muitas personalidades da política e da cultura portuguesa marcaram presença (desde o Secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, ao presidente da Câmara do Porto, Rui Rio), quanto mais não fosse para assinalar a tremenda importância deste festival no panorama cinematográfico português. Por causa dos discursos da praxe, o filme de abertura iniciou a sua exibição com sensivelmente uma hora de atraso, o que forçou o retardamento da restante programação nocturna. Mas ao que se sabe, ninguém se queixou. Pois os que compareceram à cerimónia de abertura deliciaram-se com as perversões sexuais de Michael Fassbender, e os espectadores que foram surpreendidos com a notícia de que a sessão das 23:15h só se realizaria depois da meia-noite aproveitaram para tomar um copo e pôr a conversa em dia no Espaço Cidade do Cinema.
Obviamente que o grande destaque do dia foi então a mais recente obra de Steve McQueen, que conseguiu encher o grande auditório do Teatro Rivoli. Mas “Shame” vai já estrear entre nós nas próximas semanas, pelo que preferimos aqui dar mais ênfase à sessão dupla que ocupou o resto da noite. Falamos das duas partes de “Bag of Bones”, uma série de televisão que foi adaptada ao formato cinematográfico para ser exibida em festivais como o Fantas. Antes de a fita começar a rolar na soberba escuridão do Teatro Rivoli, o realizador Mick Garris apresentou-se em palco sorridente e bem-disposto. Falou do prazer que foi trabalhar com um actor como Pierce Brosnan e mostrou-se satisfeito por estar prestes a passar metade da noite na companhia de tão calorosos cinéfilos. As palmas tomaram logo o auditório de assalto e “Bag of Bones” começou finalmente a desenrolar-se no grande ecrã. Podemos dizer que não foi propriamente o melhor filme que já vimos no Fantas. Nota-se bem que é uma série disfarçada de longa-metragem e o argumento não será exactamente dos mais brilhantes que já vimos. Mas deu para entreter e isso é que importa realmente. Aqui e acolá os sustos manifestaram-se com sucesso e um grito inesperado de uma espectadora atrás de nós levou a sala a rir-se às gargalhadas. Eram já quase três e meia da manhã quando a sessão dupla terminou, e saímos desgastados de um Rivoli a bombar música de discoteca no quarto piso. A noite foi longa, mas nem por isso os cinéfilos se apressaram a arredar pé da praça D. João I. Sinal de que estão sedentos por muito mais.

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