Crítica - Lee Daniels' The Butler (2013)

 
Realizado por Lee Daniels 
Com Forrest Whitaker, Robin Williams, Jane Fonda, John Cusack 

Desde cedo que “Lee Daniels' The Butler” foi apontado como um dos possíveis candidatos aos Óscares de 2014, não só por ser o novo filme do cineasta em ascensão Lee Daniels, mas também por ter um elenco de luxo e uma narrativa baseada numa interessante história verídica, semelhante àquelas que costumam agradar à Academia. Pelo meio das grandes expetativas meteu-se uma grande batalha judicial entre a The Weinstein Company (Distribuidor) e a Warner Bros, que manchou e atrasou um pouco a campanha promocional deste drama cinebiográfico que, após todas as questões judiciais pendentes terem sido resolvidas, lá acabou por estrear, quase em simultâneo, nos principais mercados mundiais. É verdade que a imprensa especializada não se enganou ao antever que “Lee Daniels' The Butler” seria um filme competente, mas parece-me a mim que a sua candidatura aos Prémios da Academia foi prematura porque, embora tenha um guião decente e muitos outros elementos interessantes, está muito longe de ser aquele grande filme que todos estavam à espera.


A sua história retrata os principais eventos da vida de Cecil Gaines (Forest Whitaker), um mordomo afro-americano que serviu oito Presidentes Americanos na Casa Branca, durante o período de 1952 e 1986. A partir deste ponto de vista individual, “Lee Daniels' The Butler” traça as mudanças dramáticas que abalaram a sociedade norte-americana, mas sempre do ponto de visto único de um homem decente e trabalhador, que nunca pediu mais do que aquilo que poderia ter. Esta história é baseada na vida real de Eugene Allen, mas é claro que Lee Daniels (Realizador) e Danny Strong (Guionista) alteraram-na substancialmente com uma série de elementos melodramáticos, que se fazem notar, sobretudo, no retrato que é feito da vida privada de Gaines/ Allen que, pelo meio, conta com múltiplos embelezamentos, por vezes desnecessário ou excessivos, que realçam certas questões morais e familiares, como o adultério ou a volatilidade das relações entre familiares. Este último ponto está fortemente relacionado com o tema central desta produção, que se foca, talvez em demasia, nas questões raciais que dividiram a opinião pública norte-americana durante um par de séculos, mas cujo histórico ponto de viragem só se deu entre os Anos 50 e 60 do Século XX que, por acaso, é precisamente o período temporal que é alvo de uma maior atenção por parte do guião, que aborda, com algum detalhe, as graves crises e confrontos que rodearam a polémica questão da igualdade entre as raças. O retrato social e humanitário que “Lee Daniels' The Butler” faz deste tema é competente, mas acho que em certas alturas é demasiado forçado, e acaba também por retirar muito espaço às experiências, potencialmente polémicas e espirituosas, que o protagonista teve no seu caótico local de trabalho, e que são sempre atiradas para segundo plano em detrimento das questões raciais. É pena que Danny Strong se tenha esquecido de dar um pouco mais de atenção a esta parte do filme, que acaba por passar um pouco ao lado do espetador, até porque as interações entre Gaines e os Presidentes Americanos (Dwight D. Eisenhower, John F. Kennedy, Richard Nixon, Lyndon Johnson, Ronald Reagan) são praticamente inexistentes. O que também não cai nada bem é o seu tendencioso final, que mais parece uma homenagem cinematográfica à vitória de Barack Obama nas Eleições Presidências de 2008.

   

Também não se pode dizer que Lee Daniels tenha aqui uma realização de excelência, porque muito sinceramente não tem. É certo que Daniels consegue incutir uma certa profundidade e pormenor ao enredo com o seu estilo diretivo mais intimo mas, apesar de ter certos apontamentos interessantes, este seu trabalho de realização não consegue rivalizar com o que teve no acalmado drama “Precious”, que se mantém como a sua maior obra-prima. O seu elenco também fica longe do que se esperava, exceção feita a Forest Whitaker que, como se esperava, apresenta uma performance muito moderada. O restante elenco de atores afro-americanos também não está mal, como é o caso de Oprah Winfrey ou Cuba Gooding, Jr, mas já não se pode dizer o mesmo do elenco secundário formado por atores de raça branca, que têm um desempenho coletivo francamente pobre, muito por culpa da escassa participação da maior parte das suas principais estrelas, como é o caso de Robin Williams, John Cusack ou Jane Fonda. Eu admito que estava à espera de um pouco mais deste projeto de Lee Daniels, mas o resultado final não é propriamente uma desilusão, mas é claro que não é de todo um filme memorável. Para a história fica portanto um filme competente que conta com uma bela banda sonora composta por Rodrigo Leão, que se calhar já pode ser encarado como um potencial candidato ao Óscar de Melhor Banda Sonora. 

 Classificação – 3 Estrelas em 5

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2 Comentários

  1. Devemos ter visto filmes diferentes!
    É fácil criticar mas vindo de si não causa surpresa... Ainda há-de vir um filme de que gosta...
    TdC

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  2. Pelo que vejo das suas criticas, voçe deve mudar de profissão, pois de voçe não percebe um corno de cinema.

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