Realizado por Denis Villeneuve
Com Hugh Jackman, Jake Gyllenhaal, Maria Bello
Vamos lá começar por referir o mais óbvio, “Prisoners” não é o melhor filme da carreira de Denis Villeneuve. É claro que seria sempre difícil para esta espécie de thriller policial tentar alcançar este pequeno título, até porque a sua concorrência neste capítulo inclui vários filmes de alto calibre, como “Maelstrom” (2000) ou “Incendies” (2010), no entanto, “Prisoners” até se destaca como um thriller razoável, mas sobretudo como uma nobre tentativa de Villeneuve em entrar no competitivo mercado dos projetos mais comerciais e mais próximos do estilo e da magia hollywoodiana. É neste sentido que este seu novo filme surge como uma boa opção para quem queira ver um filme com um óbvio espírito comercial, mas com múltiplos toques de um cinema um pouco mais sério e sombrio, já que Villeneuve não é propriamente conhecido por fazer filmes alegres e cheios de esperança, e alegria é realmente coisa que não abunda nesta produção intensa e sombria, onde o suspense perdura quase até aos instantes finais, onde somos presenteados com uma boa dose de justiça poética que assim dá uma boa conclusão à saga justiceira de Keller Dove (Hugh Jackman), um modesto carpinteiro que decide atuar pelos seus próprios meios e motivos, quando a policia local não consegue arranjar motivos para prender o principal suspeito do sequestro da sua filha e de outra menina.
O guião de “Prisoners” é propício a surpresas e felizmente tem muito por onde se pegar, mas é claro que o seu principal objetivo é manter o espetador preso ao mistério e à incerteza que rodeiam os desaparecimentos das duas amigas e o subsequente aparecimento do único suspeito do crime, que pelos vistos nunca chega a ser assim um grande suspeito, já que a polícia não parece ter muitas bases para o acusar. O filme joga precisamente com esta possibilidade de inocência ou culpabilidade para montar um arco narrativo cheio de emotivos diálogos que evocam as diferentes visões e emoções dos protagonistas, que são desta forma atirados para o centro de um intenso jogo de procura de respostas e explicações, que se mantém tenso, imprevisível e duro quase até à parte final do filme, onde toda a intriga é finalmente explicada sem grandes hesitações. Para além do pai magoado e do aparente suspeito, “Prisoners” tem um terceiro protagonista na pele do Detetive Loki, que parece ser a única voz da razão no seio da história, já que no início prefere deixar as provas falarem por si em vez de partir logo para a violência e atitudes precipitadas, por muitas bases teóricas credíveis que elas possam ter. Esta terceira personagens acaba por ser tão importante como o pai e o suspeito, já que representa as figuras da polícia e da justiça propriamente dita, que no filme são sempre atacadas pela sua lentidão ou incompetência, em contraste com a aparente eficácia da justiça popular, que nem precisa de julgamentos para extrair pecados e executar penas violentas. Por entre este intenso jogo de mentes e intenções há algumas partes mais mixurucas que denotam o lado cliché e melodramático deste projeto, cujo enredo também é ocasionalmente afetado por certas imprecisões e implausibilidades que de certa forma reforçam a sua vertente fictícia, mas sem nunca terem a força suficiente para o arruinar. Para além de um bom enredo da autoria de Aaron Guzikowski e de uma direção interessante de Dennis Villeneuve, “Prisoners” beneficia também de um par de boas performances por parte do aparente herói Hugh Jackman e do aparente vilão Paul Dano, mas a principal estrela do filme acaba mesmo por ser Jake Gyllenhaal, que arruma tudo e todos com o seu potente e preciso retrato de um polícia dividido entre dois ideais bem distintos. As sempre distintas Melissa Leo, Viola Davis e Maria Bello também se destacam num plano mais secundário, contribuindo assim para ajudar este enigmático thriller a ganhar um pouco mais de força dramática, sendo que o drama está sempre omnipresente no desenrolar da sua trama altamente competente.
Classificação - 3,5 Estrelas em 5
1 Comentários
podre. todos cometem muitas burrices.
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