Realizado por Rob Marshall
Com Melissa McCarthy, Halle Bailey, Jonah Hauer-King
A aguardada adaptação live-action do conto "A Pequena Sereia" chegou em Maio aos cinemas e, agora, já está também disponível no Disney+. Esta obra é, como se sabe, a adaptação da clássica história criada por Hans Christian Andersen que deu origem ao popular filme de animação da Disney em 1989 e que, desde então, tem cativado a imaginação de milhões de crianças do mundo. É claro que a adaptação da Disney catapultou para a fama global a obra de Andersen, mas esta sempre foi, por mérito próprio, uma obra popular e de reconhecida qualidade que, sobretudo na Dinamarca, é encarada como um tesouro nacional.
É claro que, quem já leu a obra-prima original, perceberá que a visão da Disney promovida quer na versão animada, quer nesta obra live-action é bastante mais infantil. O tom entre as duas histórias é completamente diferente e, embora as lições a retirar sejam similares, certo é que tecnicamente pertencem a mundos completamente diferentes. Havia alguma esperança que a obra live-action honrasse um pouco mais a história original, mas tal como outras obras live-action baseadas em clássicos da animação, esta "A Pequena Sereia" é mais um decalque do produto que no passado resultou na animação, não sendo portanto uma maior aproximação ao material de origem. Tal como "Cinderella", "Alladin" ou "O Rei Leão", esta versão live-action transporta sem quase mudar uma virgula para o mundo da imagem real a respetiva obra de animação e, claro, que isto nos dá uma clara sensação de falta de visão e criatividade porque, literalmente, já vimos o que é apresentado noutro lado (e talvez com maior magia, inocência e pureza à mistura).
Realizado por Rob Marshall, "A Pequena Sereia" até conta com as músicas do filme original de animação, mas pelo menos são adicionadas (como noutros exemplos do estúdio) novas músicas originais compostas por Alan Menken e Lin-Manuel Miranda que vêm acrescentar algum rasgo a um drama juvenil que se esforça por transcender, mas que acaba por morrer na praia. Quer a dictomia entre o Mundo Humana e o Mundo do Mar, quer a relação central entre Ariel e o Príncipe Eric sofrem com a previsibilidade e a falta de rasgo, sofrendo assim as consequências do tempo que passou entre o lançamento da animação num mundo. Infelizmente não houve qualquer esforço por parte dos criadores para modernizar um pouco que seja a história de amor, mas sobretudo apimentar um pouco mais a relação entre Sereias e Humanos. O passado dos Mundos nunca é devidamente contextualizado, assim como o passado de personagens mencionadas mas nunca devidamente apresentadas, como a Mãe de Ariel, o Pai de Eric. Também a relação entre a vilã Úrsula e o Rei Tritão (pai de Ariel) é levemente mencionada e, embora seja um acrescento face à animação, acaba por não trazer nada de diferente já que, como tudo o resta, peca por escasso e por uma ausência de contexto. E já que falamos na vilã Úrsula temos de destacar a maior injustiça de todo o filme. A forma como uma das maiores vilãs da história da Disney foi tratada é incompreensível. Embora Melissa McCarthy tenha uma performance razoável, a sua Úrsula acaba por sofrer com pouco tempo de ecrã que não a permite crescer como vilã e, acima de tudo, um final completamente anti-climático que não faz jus ao poder da vilã. É certo que a animação também não perdeu muito tempo na luta final, mas com mais tempo, meios e capacidade do seu lado esperava-se que esta sequência final live-action de Úrsula fosse mais épica do que acabou por ser.....
É precisamente essa ideia que fica no final para todo o filme. Um produto que poderia aproveitar todas as potencialidades da obra original e o poderio da Disney para se tornar icónico...acabou por ser uma desilusão face ao pouco que entrega. Talvez as gerações do Século XXI possam encontrar mais valências, mas para quem viu primeiro a animação e, sobretudo, para quem conheça a obra original olhará sempre para esta versão live-action como uma oportunidade perdida....
Classificação - 2 Estrelas em 5
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