Crítica - Dupla Obsessão (2024)

Realizado por Benoît Delhomme

Com Jessica Chastain, Anne Hathaway


Benoît Delhomme, cinematografo francês conhecido pelos seus trabalhos em obras como "At Eternity's Gate" ou "The Theory of Everything", estreia-se como realizador com este thriller psicológico ambientado nos Anos 1960 que tenta explorar os complexos e muitas vezes sombrios laços da amizade e da maternidade. 

Com Anne Hathaway e Jessica Chastain nos papéis principais, "Dupla Obsessão" apresenta uma narrativa envolvente, embora superficial, sobre duas donas de casa cujas vidas perfeitas são abaladas por uma tragédia. Alice (Jessica Chastain) e Céline (Anne Hathaway) são duas amigas inseparáveis e vizinhas que vivem num subúrbio idílico. A harmonia das suas vidas é destruída quando o filho de Céline, Max, morre num acidente doméstico. Este evento catastrófico desencadeia uma série de acontecimentos que testam os limites da sanidade e da moralidade das duas mulheres.

Delhomme, que, como não poderia deixar de ser, assume também o cargo de diretor de fotografia, promove um filme esteticamente deslumbrante. Cada cena é meticulosamente composta, capturando a elegância dos Anos 60 com figurinos vintage e cenários imaculados. Mas, infelizmente, esta atenção aos detalhes visuais não compensa a falta de profundidade emocional e narrativa do filme. O argumento, baseado no romance de Barbara Abel e no filme belga "Duelles", tenta mergulhar nas nuances psicológicas das protagonistas, mas muitas vezes perde-se em clichés. A culpa e a paranoia que consomem Alice e Céline são representadas de maneira óbvia, sem as subtilezas que poderiam tornar a história mais impactante. As motivações das personagens são delineadas de forma fraca, fazendo com que as suas interpretações pareçam mais artificiais do que genuínas.É verdade qe Hathaway e Chastain entregam performances competentes, mas são prejudicadas por um argumento que não lhes dá material suficiente para explorar plenamente os seus personagens. 

Também podemos dizer que o enredo falha em algo que não se esperaria, já que não consegue captar o potencial de uma crítica social incisiva. Ambientado numa época onde as expectativas sobre as mulheres eram extremamente rígidas, "Dupla Obsessão" toca brevemente nas pressões do patriarcado e na superficialidade do sonho suburbano. Mas esta crítica é apenas superficial, deixando de oferecer uma análise mais profunda e relevante.

Como já referido "Dupla Obsessão" é um exercício estético agradável e bem interpretado ms que, infelizmente, não consegue ser o thriller psicológico contundente que deveria ser. A sua beleza visual é inegável, mas nunca atinge plenamente as notas emocionais que almeja e que poderia alcançar com outra destreza narrativa. 



Classificação - 2 Estrelas em 5

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