Crítica - Red 2 (2013)

Realizado por Dean Parisot 
Com Bruce Willis, Helen Mirren, John Malkovich 

No total, “Red” faturou em 2010 mais de duzentos milhões de dólares nas bilheteiras mundiais. Este seu impressionante sucesso comercial foi acompanhado por uma onda de críticas e reações positivas, que culminaram com a sua nomeação ao Globo de Ouro de Melhor Comédia/ Musical por parte da Hollywood Foreign Press Association (HFPA). Esta pequena honra pareceu, na altura, um pouco forçada porque, embora seja uma comédia de ação razoavelmente divertida e timidamente refrescante, não é propriamente uma produção acima da média com potencial para ser considerada uma das grandes obras cinematográficas do ano. É claro que na altura ninguém estranhou ou atacou esta sua nomeação, porque a generalidade do público divertiu-se com o filme e também porque os outros nomeados ao prémio incluíam três produções ainda mais fracas: “Alice in Wonderland”, “Burlesque” e “The Tourist”. Este espantoso sucesso de “Red” colocou uma pressão adicional sobre os seus criadores, que ainda em 2010 foram contratados pela Summit Entertainment para criar e desenvolver uma sequela que conseguisse superar, ou pelo menos igualar, a qualidade e o potencial comercial do seu agradável antecessor. Essa sequela chega agora às salas de cinema e, como já se esperava, não supera ou iguala o nível de “Red”, que tem muitos mais aspetos de entretenimento e diversão que esta continuação, onde voltamos a seguir de perto mais uma grande aventura do reformado agente especial Frank Moses (Bruce Willis), que desta vez reúne a sua equipa de improváveis agentes de elite para uma missão potencialmente perigosa que envolve a descoberta de um dispositivo letal de última geração desaparecido, que pode alterar o equilíbrio do poder mundial. Para tal, Frank, Marvin (John Malkovich), Sarah (Mary-Louise Parker) e Victoria (Helen Mirren) precisam de sobreviver a um exército de assassinos implacáveis, terroristas impiedosos e funcionários do governo obcecados com o poder, todos ansiosos por meter as mãos nesta arma tecnológica super avançada.

   

Em vez de apostarem num guião com o mesmo espírito de “Red”, com um equilíbrio quase perfeito entre a comédia e a ação, Jon Hoeber e Erich Hoeber decidiram apostar num guião mais virado para a ação e adrenalina. A presença excessiva destas duas características acaba por dominar e acentuar de forma negativa esta nova aventura que, por causa desta dúbia opção criativa, perde algum esplendor e alegria face à primeira aventura cinematográfica de Frank, Marvin, Sarah e Victoria, que em “Red 2” têm uma presença mais apagada por causa da ausência de sequências e diálogos que puxem pelo seu lado mais extravagante e singular. Esta contraproducente ausência de opções cómicas e criativas afetou principalmente o lunático Marvin, que nesta sequela não tem nem metade da força e carisma que tinha há três anos atrás. As restantes personagens principais também são afetadas pela ausência de um proeminente lado cómico e criativo, que ajude a contrabalançar a superficialidade das várias sequências de ação que, embora estejam maioritariamente bem-feitas, não são lá muito magnéticas ou originais, nem conseguem cativar o espetador da mesma forma que um par de diálogos bem construídos e repletos de insinuações satíricas ou jocosas, tal como aqueles que fazem parte da espinha dorsal do primeiro filme, cuja trama tem um pouco mais de carisma e sentido que a desta segunda aventura que mantém, ainda assim, a sábia aposta em alguns elementos de relevo que contribuíram para o sucesso do primeiro filme, como é o caso do seu pródigo espírito de aventura, que também faz parte do código genético da homónima banda desenhada criada por Warren Ellis e Cully Hamner. A principal mais valia desta saga continua a ser, no entanto, o seu elenco estrelar liderado por atores de enorme calibre, como Helen Mirren, Bruce Willis, John Malkovich e Mary-Louise Parker. Estes quatro atores já tinham tido performances muito boas no primeiro filme e, apesar das suas personagens estarem mais fracas nesta segunda obra, as suas performances mantêm-se acima da média. O elenco desta sequela tem ainda a agravante positiva de contar com a presença de um elenco secundário de luxo, onde se destaca a participação do ilustre e veterano Anthony Hopkins. Os desempenhos de Catherine Zeta-Jones e Byung-Hun Lee também se enquadram de forma positiva na história do filme, apesar das suas personagens serem muito fraquinhas e superficiais, tal como acontece aliás com a personagem de Hopkins. Enfim, “Red 2” retira muita da sua força e entretenimento do seu forte elenco, tal como sucede com “Red”. A única diferença é que esse primeiro filme tem um argumento muito mais atrativo, cómico e curioso que o desta mediana e substancialmente mais fraca continuação, que privilegia erroneamente a ação desalmada em vez da comédia com sentido. 

 Classificação – 2 Estrelas em 5

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