Crítica - The Incredible Hulk (2008)

Realizado por Louis Leterrier
Com Edward Norton, Liv Tyler, Tim Roth, William Hurt, Tim Blake Nelson

A Marvel criou ao longo dos anos milhares de super-heróis e vilões para as suas magníficas histórias de banda desenhada. Ao todo esta editora tem à sua disposição um catálogo com mais de 4700 personagens de ficção. O Incrível Hulk, criado em 1962 pelos génios Jack Kirby e Stan Lee, é sem dúvida alguma uma das personagens mais conhecidas desse vasto universo de ficção e ideias que é a Marvel. O facto de em 2003 a personagem ter tido direito à sua primeira aventura no grande ecrã não espantou ninguém, muito pelo contrário, muitos fãs acreditavam que Hulk já teria conquistado esse direito à muito tempo. Infelizmente, “Hulk” não correspondeu às grandes expectativas criadas, fracassando nas bilheteiras e na consideração/ opinião dos fãs. Cinco anos depois, a Marvel voltou a juntar-se à Universal para dar a Hulk um filme verdadeiramente à sua altura. Imensas alterações foram efectuadas, a começar pelo realizador Ang Lee que foi substituído por Louis Letter. Também o elenco sofreu grandes alterações na sua composição, já que nenhum dos actores principais do primeiro filme transitou para esta segunda obra. A história foi descomplexada, ficando mais próxima à de outros filmes do género. As cenas de acção aparecem mais frequentemente e os efeitos especiais acompanham as tendências criativas de outros filmes de heróis da Marvel. Resumindo, Hulk aparece mais fresco e mais apelativo, uma aposta clara da Marvel em fazer esquecer o fracasso do primeiro filme e começar uma série de filmes verdadeiramente apelativa para os fãs da personagem e não só.
Neste segundo filme, Bruce Banner (Edward Norton) fugiu para a América do Sul, mais concretamente para o Brasil, na esperança de poder inventar uma cura para a sua mutação. É neste país que encontra a paz e os meios necessários para prosseguir com as suas investigações sem que estas sejam perturbadas pelas forças governamentais americanas, mas o exército norte-americano, chefiado pelo General Thunderbolt (William Hurt), continua incessantemente à sua procura, não só para o manter longe dos civis mas também para aproveitar a sua mutação. Banner acaba por ser descoberto e vai ter de contar novamente com a ajuda da sua amada Betty Ross (Liv Tyler) para conseguir escapar novamente. Contudo, o governo americano tem um trunfo na manga nesta luta contra Hulk, o soldado Emil Blonsky, que no decorrer de uma experiência transforma-se no terrível “Abomination", a nemesis de Hulk. Como já referi, “The Incredible Hulk” é um filme mais comercial do que a obra de 2003. A história apresenta um grau de complexidade muito menor sendo facilmente perceptível, acompanhando assim a tendência generalista dos restantes filmes da Marvel. É claro que o enredo sai prejudicado. As moralidades e as intelectualidades do primeiro filme não têm lugar nesta versão mais abrangente e comercial. As relações entre as personagens e o background das mesmas aparecem pouco desenvolvidos, no entanto, a informação dada é suficiente para entender minimamente a evolução que a história obteve, não prejudicando fatalmente a coesão da história. Os diálogos não convencem, apresentando as mesmas características superficiais e limitativas que os restantes filmes da Marvel, no entanto, é compreensível que num filme de acção não se aposte em diálogos ou num enredo forte.
O que faz de “The Incredible Hulk” um filme agradável são as suas cenas de acção e são estas que dinamizam o filme, umas mais bem estruturadas que outras mas todas apelativas, ajudando a quebrar a monotonia de alguns momentos. As cenas de acção mais emocionantes dão-se quando Hulk se confronta com a sua nemesis, Abomination. No fundo, é nestas duas personagens que o filme se centra, sendo portanto lógico que os principais momentos do filme incorporem a presença destes dois. Os efeitos especiais utilizados não são brilhantes. “Iron Man” por exemplo teve neste aspecto um tratamento mais cuidado, contudo não deixam de ser bastante razoáveis estando praticamente ao mesmo nível dos apresentados no filme anterior com a clara introdução de alguns aspectos inovadores relativos à cor e ao movimento. O novo elenco não trouxe ao filme nenhuma notória melhoria. Edward Norton apresentou um trabalho semelhante ao de Eric Bana. A meu ver nenhum dos dois conseguiu captar na perfeição a misteriosa essência que pauta a alma amaldiçoada de Bruce Banner. Liv Tyler também não deslumbra no papel de Betty Ross, apresentando uma fraca expressividade algo que certamente não caracteriza a sua impulsiva personagem. Tim Roth acaba por ser o melhor do elenco. O actor dá vida ao grande vilão do filme e convence perfeitamente no seu papel.
Outro aspecto que marca “The Incredible Hulk” é a aparição surpresa de Tony Stark, confirmando que o universo de Hulk é o mesmo de Iron Man, abrindo assim portas para um possível filme sobre os Vingadores. Resta saber se outros filmes da Marvel como "Spider Man" e "X-Men" também se vão interligar com estas histórias. Com “The Incredible Hulk” a Marvel e a Universal apagaram a má imagem deixada pelo primeiro filme. Foi preciso começar praticamente do inicio para criar uma obra agradável que fizesse jus à fama de Hulk. É claro que este filme não acompanha a inovação e a qualidade de “Iron Man” ou “Spider-Man”, mas ao menos criou-se algo que representa o estilo clássico da Marvel. No final do dia, a famosa editora vê mais um dos seus produtos a ter um tratamento de qualidade e potencialmente lucrativo, vendo bem as coisas corrige uma das manchas do seu passado e começa a planear/ explorar um possível nicho de sucessos e lucros.

Classificação - 3 Estrelas Em 5

Enviar um comentário

2 Comentários

  1. Um filme ridículo, com estereótipos ultrapassados sobre o Brasil e vendendo ideologias estadunidenses xenofóbicas e até racistas do século XIX.

    1- Sempre que um filme estadunidense mostra o Brasil, é num contexto negativo, geralmente favela ou selva (como sinônimo de subdeselvolvimento).
    2- Há mudanças de tomada, da favela direto para o Pentágono em Washington, mostrando o "contraste" entre Brasil "subdesenvolvido" e os EUA.
    3- Repare na fábrica brasileira onde o Banner trabalha e de onde são exportados produtos "made in Brazil" para os EUA: aquela fábrica é imunda, sem fiscalização, vigilância sanitária, nenhuma higiene. Numa cena, uma garrafa com sangue é embalada e exportada para os EUA. Em outra cena, um cidadão norte-americano toma o suco brasileiro e desmaia. Esse é um detalhe que pode até prejudicar a visão que os estrangeiros têm sobre nossos produtos e comprometer as exportações brasileiras. Porém, a verdade é que os produtos brasileiros exportados passam por um controle super rigoroso. O filme, no mínimo, foi injusto!
    4- Acho esta a pior ofensa: o exército estadunidense invade (sobe) a favela (no caso, a Rocinha) e ainda dispara milhares de tiros! Se já é difícil o exército brasileiro ter autorização para isso que dirá os estadunidenses! Os norte-americanos mostraram o Brasil como se não houvesse leis. Eles passam por cima do Governo Federal Brasileiro (aquilo poderia ser considerado invasão estrangeira e por muito menos se declararia guerra). E passam por cima do governo do Rio e da polícia brasileira (única instituição realmente treinada e autorizada para tal, mesmo assim só em casos extremos).
    5- Se realmente o exército estadunidense subisse uma favela no Rio (não acho que eles teriam competência para entrar lá com estratégia) eles não conseguiriam fazer isso numa boa. Eles não conhecem aquela área e não possuem preparo para tal.
    6- Quando o general dos EUA manda rastrear Banner na favela brasileira ele diz "procure por um homem branco". A legenda mostra diferente (a legenda diz "americano"), mas o general disse em bom inglês: "homem branco". Isso não pode ser considerado ofença para nós, mas é no mínimo ignorância deles achar que na favela só há "não-caucasianos".

    ResponderEliminar
  2. É habitual que os filmes norte-americanos pintem os outros países como sub-desenvolvidos já que os norte-americanos na minha opinião são um povo muito egocentrico e em certo modo têm razões para isso, alis qual é o país do mundo que tem as suas eleições detalhadamente acompanhadas no mundo para alem dos EUA? Entre outros aspectos.
    O Brasil é só o primeiro de muitos países a serem denegridos pelos EUA, já tantas vezes vimos a Russia, mais concretamente Moscovo cheia de mafiosos e cheia de bairros de lata onde reina a discordia e o tumutlo quando se sabe que na verdade moscovo até é capaz de ter o mesmo numero de zonas de luxo que Nova York e que a taxa de criminalidade russa até é inferior á americana (Ver por exemplo Hitman ou Bourne). Outro excelente exemplo é o Mexico, basicamente maior parte dos filmes americanos focam-se no deserto mexicano em vez das cidades (Ver por exemplo a série televisiva Betty Feia epísodios passados no Mexico).
    Quanto ao Brasil, apoio todos os teus argumentos por completo contudo e sem querer fazer de advogado do diabo, os maiores filmes do Brasil, pelo menos com projecção internacional, também so focam a pobreza e a criminalidade, como por exemplo Cidade de Deus ou Tropa de Elite, pk é k os americanos não podem focar um mesmo tema que os proprios brasileiros, alias os norte-americanos estão habituados a essa vista sobre o Brasil, pelo menos nos filmes.

    ResponderEliminar

//]]>