Com Josh Brolin, Elizabeth Banks, Richard Dreyfuss
Tendo como pano de fundo os acontecimentos históricos recentes, decorridos entre o momento em que a administração americana chega à curiosa designação "Eixo do Mal" e o momento em que Saddam Ussein é deposto no Iraque, este "W." afirma-se como mais um biopic do senhor biopic. Porém, sendo o objecto retratado um tal de George W. Bush, irremediavelmente uma das figuras mais decisivas da história contemporânea, a polémica está instalada. Apresentado como sendo uma crónica na vida do actual presidente dos Estados Unidos, "W.", o mais recente filme de Oliver Stone, é antes de mais, e sobretudo, de Josh Brolin.
Na verdade, tudo neste "W." parece encenado e caricatural, muito à imagem dos personagens retratados. Para além de lhe faltar alguma profundidade narrativa que eleve o filme à possibilidade de ser muito mais do que um simples retrato caricatural dos anos mais decisivos da presidência Bush, Oliver Stone não consegue de facto transformar o filme num produto verdadeiramente inovador, faltando-lhe naturalmente o arrojo de outros realizadores. "W." chega a parecer um filme da escola clássica de Hollywood, teimando em seguir numa toada rotineira, sem a inspiração de um jogo de câmaras que possa entusiasmar. Aqui e ali temos a oportunidade de assistir a curiosos momentos de algum humor, como por exemplo a sequência em que Bush e o seu staff se perdem em Camp David enquanto discutem a situação no Médio Oriente. No entanto, tudo se deve ao engenhoso argumento de Stanley Weise (autor de Wall Street em 1987 por exemplo), sempre recheado de pequenos momentos que poderão facilmente ser sumarizados enquanto "Best of Bush". A banda sonora é outro ponto a favor do filme, reforçando a ironia e mordacidade subjacentes ao argumento, bem como a pretensa noção de critica ao "american way". Contudo, a realização não acompanha a intensidade do argumento, fazendo cair o filme num excessivo paternalismo para com a figura central do mesmo. Não que haja uma certa tomada de posição de Stone em relação à presidência Bush, mas sobretudo porque somos lançados sem chama para o centro da narrativa, não havendo correspondência entre o tom do argumento e o ponto de vista da câmara. Por vezes, fica-se com a sensação de que um qualquer tarefeiro da máquina de Hollywood poderia ter feito este filme sem que houvesse qualquer diferença. "W." por vezes oscila entre a consciente novela da noite e o desejável filme político que Hollywood teima em não conseguir lançar – no ano passado "Charlie Wilson's War" foi a honrosa excepção de anos recentes –, muito devido à filmagem sensaborona e banal, com uma montagem que pretende destacar o flashback como técnica narrativa, mas que acaba por ser clássico e sem fulgor. De frisar que, quanto a mim, os melhores momentos do filme serão precisamente aqueles em que temos acesso aos bastidores da política da Casa Branca, nos pontos em que o filme de Oliver Stone se afirma como objecto de crítica – e filme político portanto – a algumas das figuras que andaram como parasitas em torno da família Bush, sendo Dick Cheney (Richard Dreyfuss) o principal alvo. Ao mesmo tempo, o retrato dos Bush e da forma como foram presença quase omnipresente na vida americana é outra das curiosidades que tornam o filme interessante nesta fase. Ainda assim, "W." não deixa de ser tão só e apenas como a confirmação de um actor que esteve em alta no ano passado em filmes como "No Country for Old Men" e "There Will Be Blood". Brolin de facto veste os maneirismos de Bush, fazendo lembrar por exemplo actores como Anthony Hopkins no seu "Nixon" ou, sobretudo, o método de Robert De Niro nas suas várias colaborações com Martin Scorsese. Brolin dá a "W." o destaque necessário. A juntar a tudo isto, fica o péssimo momento escolhido para o lançamento do filme, em plena recta final da campanha eleitoral americana. Se Oliver Stone não queria beneficiar a presidência republicana de W. Bush – e acreditamos que não já que ele próprio é um reconhecido democrata – a verdade é que o excesso de paternalismo e comiseração por esta figura singular interpretada por Brolin, acaba por funcionar muito ao contrário. O idiota do Texas fica aos nossos olhos como isso mesmo, como que desculpando-se tudo o que aconteceu nesta presidência.
Classificação - 2 Estrelas Em 5
5 Comentários
Bem, depois de ver W." só tenho a dizer que não é um filme mas sim um slogan publicitário Anti-Bush e Anti-Républicano. É como tu dizes,ninguem duvida que Stone é democrata mas se alguem ainda tem duvidas, basta ver o filme para perde-las.
ResponderEliminarSe o filme viesse de um realizador que eu considerasse imparcial até poderia "acreditar" no que vi agora assim nem por isso, quer dizer Bush não é um santo e não é um bom presidente mas ele está lá porque no minimo, 50% dos americanos votaram nele.
Acho que para fazer um filme biográfico é preciso conhecer bem as pessoas e acho que Stone não se dá a esse trabalho. A "W." e George Bush junta-se Jim Morrisson e "The Doors" ou Alexander The Great e "Alexander". Filmes supostamente biográficos que são mais sátiras que biografias.
Quanto ao elenco, Josh Brolin está magnífico e os restantes actores também, acho que todos eles estão muito próximos das figuras polémicas que nós conhecemos da TV.
Desculpa mas quando foi que Josh Brolin atuou em There will be blood?
ResponderEliminarThere will be blood???
ResponderEliminarnao sera o valley of elah???
Josh Brolin é soberbo a fazer d bush neste filme, tem uma prestação muito melhor do q a do mauzao de penteado palerma k faz no Milk em q foi nomeado para melhor actor sec nos oscares (sabe-se la porque) so pela prestação vale a pena o filme.
Eu axo este filme uma comédia nao uma biografia portanto merece uma nota bem mais alta k um misero 2 numa escala d 0 a 5 e recomendo-o a quem axe como eu o bush um "asshole".
So queria deixar uma opiniao
desculpem qualquer coisinha
"no minimo 50% dos americanos votaram nele" ???
ResponderEliminar"The Doors ou Alexander The Great e Alexander. Filmes supostamente biográficos que são mais sátiras que biografias." ???
De onde voce tirou isso, cara? Voce só tem dizer o superficial?
Eu, acho que Bush merece um filme que MOSTRE o politico estupido que ele foi, o futuro precisa saber da sua história vergonhosa como presidente dos Yankes. Seja anti-republicano, comunista, slogan publicitário... Nao importa, nunca vai haver realizador imparcial (isso não é um noticiário, é cinema).
Abraços =D
Só agora me dei ao trabalho de ver o filme. Gostei muito de ver este que a critica (quase todos) me fizeram de certa forma, afastar de o visualizar. Diga-se o que se dizer, ficará na história ("mesmo mal, falem de mim"), por boas e más razões. Afinal não é assim que nos lembramos de todos?
ResponderEliminarAs dificuldades de "integração" familiar, não li em nenhum crítico, estranho.
Sepol Om