Crítica – Body of Lies (2008)

Realizado por Ridley Scott
Com Leonardo DiCaprio e Russel Crowe

Violento, confuso e vingativo são os adjectivos que me ocorrem para descrever este filme. Baseado na obra homónima do colunista do Washington Post, David Ignatius, especializado no Médio Oriente, The Body of Lies fala-nos de Roger Ferris (Leonardo DiCaprio), um agente sob disfarce da CIA no Médio Oriente, que se propõe desmantelar uma rede terrorista que ataca a partir da Jordânia. O seu trabalho, que o obriga a adoptar múltiplas personalidades e inclusive a falar árabe e o leva a vários pontos do globo, é coordenado pelo agente da CIA Ed Hoffman (Russel Crowe) através dos mais sofisticados meios de actuação.
Ainda que a ideia-chave do filme seja a de que uma vez dentro de um processo destes não se pode confiar em ninguém a não ser em si próprio, pois todos defendem interesses diferentes e superiores à vida de uma única pessoa, o resultado final é pouco surpreendente. DiCaprio encarna o herói, isolado, superior e profundamente humano (numa interpretação digna de destaque), que sozinho defende os interesses superiores do povo americano num meio que lhe é completamente adverso. É também um homem que sente e luta pela sua própria vida. Ele é talvez o corpo da mentira. O homem que aceita encarnar os expedientes americanos para destruir o inimigo. Ora quando se fala do inimigo é que não pude deixar de me lembrar de toda a cinematografia em que estes eram os índios, os nazis, os russos, os vietcongs. Aqui são os terroristas islâmicos muito bem coordenados e treinados para destruir o Ocidente. Surge mesmo a inevitável história de amor que passa a mão pelas cabeça aos muçulmanos não radicais, mas construção das personagens é demasiado dejá-vu. A divisão maniqueísta entre bons e maus nada traz de novo a não ser uma sensação de vingança contra os terroristas e a exaltação do nacionalismo americano. No entanto, há um ponto interessante no filme que urge destacar. A integração dos actores Ali Suliman, Kais Nashif e Lubna Azabal, que víramos em Paradise Now (2005) representado a outra face desta guerra, é muito curiosa e dá-nos uma sensação de familiaridade que transcende as limitações do argumento, elevando a questão para o patamar superior das motivações dos vários intervenientes da guerra do século XIX – o terrorismo.
Concluindo, o filme peca a meu ver pelo ritmo demasiado vertiginoso a que a acção se desenrola, obrigando o espectador a um enorme esforço de concentração para acompanhar a intrincada intriga, e ainda pela violência excessiva para a mensagem que procura transmitir.

Classificação - 4 Estrelas Em 5

Enviar um comentário

0 Comentários

//]]>