Realizado por Uli Edel
Com Martina Gedek, Moritz Bleibtreu, Johanna Wokalek
Se há conclusão que possamos tirar deste filme é que a Alemanha é um estado com um passado demasiado sangrento para poder abraçar pacificamente a democracia. Baarder-Meinhof foi o nome com que a imprensa apelidou as RAF, grupo terrorista que durante os anos 70 pugnou em acções armadas na Alemanha pelo fim do imperialismo americano e do capitalismo em geral. Esta obra de Uli Edel, ainda que assuma muitas vezes o registo de documentário, não explora o modo como o grupo de se formou nem exactamente as razões que terão levado uma jornalista com duas filhas pequenas a abandonar tudo para seguir a guerrilha armada. O grupo teria sido constituído por Andreas Baader (Moritz Bleibtreu) e pela sua companheira Gudrun Ensslin (Johanna Wokalek ) da qual se dá uma ligeira visão de uma jovem burguesa revoltada contra o pai e o que ele simbolizava), tendo-se Ulrike Meinhof ( Martina Gedek ) junto ao mesmo depois de conhecer pessoalmente Gudrun na prisão e com ela ter arquitectado a libertação de Baader. Historicamente sabe-se que a adesão de Ulrike poder-se-ia dever não apenas a uma identificação com o espírito revolucionário mas principalmente a uma consequência de um erro de uma operação ao cérebro a que fora submetida. No filme ela é apresentada como a face mais pacífica e mais intelectual do grupo. É ela que escreve, é ela que não consegue abandonar as filhas, chegando a levá-las para um campo de treino militar palestiniano, ao contrário de Baader e Gudrun que abdicaram dos filhos que tinha de relações anteriores, é ela a primeira a capitular emocionalmente logo que é presa. O papel de líder é completamente atribuído à carismática Gurun Esslin, sendo a face pública dessa liderança Andreas Baader.
O filme procura apresentar objectivamente o grupo sem minimizar os danos humanos das suas intervenções armadas bem como o lado dos políticos, juízes e polícias que os perseguem. Mas consegue-se perceber nas entrelinhas uma tentativa de enaltecimento dos ideais do grupo, dentro do contexto histórico em que nasceu, – a tal tentativa de contribuir para a resolução do complexo Baader–Meinhof – lançando a suspeição sobre a actuação da polícia, dos tribunais e dos políticos na resolução deste caso. Não tenho qualquer indicação sobre como seriam as solitárias onde os líderes foram encarcerados depois de presos, a não ser da de Ulrique que, tanto quanto sei, era totalmente branca e com isolamento de som, mas custa-me a crer que fossem quase T0s com TV, rádio, maquina de escrever, livros e tudo o que permitisse aos guerrilheiros continuarem a sua actividade dentro da cadeia. Tal como disse não sei se de facto tal era verdade, nem se lhes foi mesmo reservado um piso e se podiam ter contactos uns com os outros. Mas essa ideia bem com a beleza dos jovens terroristas, o guarda-roupa bem característico da época mas extremamente sensual, já para não falar no nudismo e no sexo livre que praticavam, dão a tal aura de glamour que o grupo teve e que levou a que muitos outros jovens a ele se juntasse, sem grande sucesso nas suas intervenções. O filme quer deixar ainda no ar a ideia de que a morte de Baader, Gudrun e do terceiro elemento foi um suicídio antecipando uma possível execução. A tese mais provável, no entanto, é que eles tivessem sido mesmo sumariamente executados na prisão, vítimas de tortura e que lhes tenha sido negado o direito de defesa. Tudo isso no filme embora seja sugerido não é devidamente explorado a fim de que a aura de heróis não se perca. Esta é portanto uma forma da Alemanha tentar exorcizar os fantasmas do modo democrático como lida com violência.
Com Martina Gedek, Moritz Bleibtreu, Johanna Wokalek
Se há conclusão que possamos tirar deste filme é que a Alemanha é um estado com um passado demasiado sangrento para poder abraçar pacificamente a democracia. Baarder-Meinhof foi o nome com que a imprensa apelidou as RAF, grupo terrorista que durante os anos 70 pugnou em acções armadas na Alemanha pelo fim do imperialismo americano e do capitalismo em geral. Esta obra de Uli Edel, ainda que assuma muitas vezes o registo de documentário, não explora o modo como o grupo de se formou nem exactamente as razões que terão levado uma jornalista com duas filhas pequenas a abandonar tudo para seguir a guerrilha armada. O grupo teria sido constituído por Andreas Baader (Moritz Bleibtreu) e pela sua companheira Gudrun Ensslin (Johanna Wokalek ) da qual se dá uma ligeira visão de uma jovem burguesa revoltada contra o pai e o que ele simbolizava), tendo-se Ulrike Meinhof ( Martina Gedek ) junto ao mesmo depois de conhecer pessoalmente Gudrun na prisão e com ela ter arquitectado a libertação de Baader. Historicamente sabe-se que a adesão de Ulrike poder-se-ia dever não apenas a uma identificação com o espírito revolucionário mas principalmente a uma consequência de um erro de uma operação ao cérebro a que fora submetida. No filme ela é apresentada como a face mais pacífica e mais intelectual do grupo. É ela que escreve, é ela que não consegue abandonar as filhas, chegando a levá-las para um campo de treino militar palestiniano, ao contrário de Baader e Gudrun que abdicaram dos filhos que tinha de relações anteriores, é ela a primeira a capitular emocionalmente logo que é presa. O papel de líder é completamente atribuído à carismática Gurun Esslin, sendo a face pública dessa liderança Andreas Baader.
O filme procura apresentar objectivamente o grupo sem minimizar os danos humanos das suas intervenções armadas bem como o lado dos políticos, juízes e polícias que os perseguem. Mas consegue-se perceber nas entrelinhas uma tentativa de enaltecimento dos ideais do grupo, dentro do contexto histórico em que nasceu, – a tal tentativa de contribuir para a resolução do complexo Baader–Meinhof – lançando a suspeição sobre a actuação da polícia, dos tribunais e dos políticos na resolução deste caso. Não tenho qualquer indicação sobre como seriam as solitárias onde os líderes foram encarcerados depois de presos, a não ser da de Ulrique que, tanto quanto sei, era totalmente branca e com isolamento de som, mas custa-me a crer que fossem quase T0s com TV, rádio, maquina de escrever, livros e tudo o que permitisse aos guerrilheiros continuarem a sua actividade dentro da cadeia. Tal como disse não sei se de facto tal era verdade, nem se lhes foi mesmo reservado um piso e se podiam ter contactos uns com os outros. Mas essa ideia bem com a beleza dos jovens terroristas, o guarda-roupa bem característico da época mas extremamente sensual, já para não falar no nudismo e no sexo livre que praticavam, dão a tal aura de glamour que o grupo teve e que levou a que muitos outros jovens a ele se juntasse, sem grande sucesso nas suas intervenções. O filme quer deixar ainda no ar a ideia de que a morte de Baader, Gudrun e do terceiro elemento foi um suicídio antecipando uma possível execução. A tese mais provável, no entanto, é que eles tivessem sido mesmo sumariamente executados na prisão, vítimas de tortura e que lhes tenha sido negado o direito de defesa. Tudo isso no filme embora seja sugerido não é devidamente explorado a fim de que a aura de heróis não se perca. Esta é portanto uma forma da Alemanha tentar exorcizar os fantasmas do modo democrático como lida com violência.
Classificação - 4,5 Estrelas Em 5
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