Crítica - Suddenly, Last Summer (1959)

Realizado por Joseph L. Mankiewicz
Com Elizabeth Taylor, Montegomery Clift, Katharine Hepburn

Este thriller portentoso baseado na peça homónima de Tenessee Williams garantiu a Elizabeth Taylor e a Katharine Hepburn a nomeação de ambas para o Óscar de Melhor Actriz Principal. O filme foi ainda nomeado para a categoria de Melhor Direcção de Arte a Preto e Branco.
A história, concebida por um dos maiores dramaturgos americanos e adaptada ao cinema por Gore Vidal, outro importantíssimo autor norte-americano do século XX, aborda alguns dos temas mais caros a Tenesssee Williams, a insanidade e a homossexualidade. Aqui, sob o pano de fundo da sulista New Orleans, a jovem Catherine Holly (Elizabeth Taylor) é compulsivamente internada pela sua tia, dada como louca e encaminhada para uma lobotomia até que o médico, Dr. Cukrowicz (Montegomery Clift), encarregue de fazer a operação descobre que Catherine podia estar a falar verdade. A jovem vivia atormentada por um espectáculo hediondo a que assistira nas férias do Verão anterior, passado com o seu primo em Espanha. A sua tia, Violet Venable (Katharine Hepburn), quer esconder a todo o custo que o filho adorado era um homossexual viciado em sexo que consumia os favores sexuais de jovens desafortunados como se de meras peças de carne se tratassem. A mãe, sua eterna companheira de viagem, fora usada sempre como chamariz para atrair rapazes, e, quando começou a perder a beleza, foi rapidamente substituída pela escaldante Catherine. Só que um dia os jovens de Cabeza de Lobo decidiram organizar-se e cercar Sebastian (propositadamente o autor atribuíu à personagem o nome do santo com maiores conotações homossexuais da cristandade) e fazer-lhe uma arrepiante serenata com instrumentos improvisados. Sebastian apavorado com esta inversão de papéis foge, mas o seu coração acaba por sucumbir e os jovens aproveitam para o atacar e literalmente devorar num tenebroso acto de canibalismo.

Os espaços recriados são um belíssimo enquadramento para o desenvolvimento da tensão dramática, muito próxima da dinâmica do palco, como acontece em outras obras de Mankiewicz. O jardim da casa onde o jovem vivia com a mãe é uma floresta selvagem semelhante ao Mundo no acto da criação, e nessa floresta é alimentada uma planta simbolicamente carnívora como os seus donos. A cena do canibalismo ocorre num cenário aparentemente paradisíaco, uma vila costeira espanhola em pleno Verão, mas o sol abrasador que tudo mostra e tudo vê desnuda o que até ali permanecia dissimulado.
Taylor e Hepburn criam de facto personagens perfeitas na sua densidade psicológica. A jovem irreverente e revoltada, dada como louca sem o ser e a dama da alta sociedade aparentemente séria e responsável sem de facto o ser. Montegomery Clift tem uma presença sóbria mas necessária. A sua racionalidade e frieza são a força que trava o duelo titânico entre as duas mulheres. O preto e branco da fotografia realça a beleza de Taylor e permite os jogos de sombra-luz que sublinham o horror de toda a intriga. O filme está disponível em DVD na colecção Columbia Classics.

Classificação - 5 Estrelas Em 5

Enviar um comentário

0 Comentários

//]]>