Crítica - The Informant (2009)

Realizado por Steven Soderbergh
Com Matt Damon, Lucas McHugh Carroll, Eddie Jemison, Melanie Lynskey

As grandes comédias alternativas estão de regresso aos grandes palcos cinematográficos com “The Informant!”, um dos trabalhos mais recentes de Steven Soderbergh. A história desta refrescante e estimulante produção é baseada em "The Informant: A True Story", uma obra literária da autoria de Kurt Eichenwald que explora os principais acontecimentos de um grande escândalo industrial que abalou a sociedade norte-americana durante os primeiros anos da década de noventa. Matt Damon interpreta Mark Whitacre, um empregado do quadro superior na Archer Daniels Midland, uma empresa da indústria agro-alimentar de grande relevo na economia americana. Convencido que se tornará num herói de uma nobre causa, decide denunciar as práticas ilegais do negócio. Para reunir as provas necessárias, concorda em trabalhar como informador para o FBI e levar um gravador escondido para as reuniões mais importantes mas o comportamento ambíguo de Whitacre torna as coisas cada vez mais complicadas, levando toda a equipa do FBI a tentar decifrar o que é verdade e o que não passa de invenções da sua mente desorganizada.
O argumento explora com imaginação e diversão, as inúmeras aventuras quotidianas do extrovertido informador que nos esconde um grande segredo pessoal que é revelado através da sua brilhante mas desconcertante narração dos principais acontecimentos da investigação federal. A construção e o desenvolvimento dessa grande personagem é absolutamente fenomenal, as suas divertidas e engenhosas características não são propriamente habituais em personagens do género, no entanto, rentabilizam e amplificam os principais momentos de comédia da história. As primeiras indicações e informações da história não são muito explícitas ou compreensíveis mas à medida que nos vamos aproximando da conclusão, as revelações mais importantes da história são explicitamente divulgadas pelas personagens secundárias que basicamente existem para constatar o óbvio. O enfoque do argumento na complexidade da personagem principal não permitiu uma abordagem mais profunda sobre as múltiplas ramificações da investigação federal, no entanto, essa exploração nunca pertenceu verdadeiramente aos grandes objectivos desta obra.


O trabalho de realização de Steven Soderbergh é extremamente criativo e original. O cineasta ignorou as características temporais da história para nos apresentar algumas reminiscências cinematográficas dos anos setenta que atribuem ao filme uma aparência relativamente acrónica que realça os misteriosos elementos da narrativa. As sonoridades que foram seleccionadas e desenvolvidas por Marvin Hamlisch, um aclamado veterano da indústria cinematográfica, são amplamente extrovertidas e conferem um extraordinário toque de elegância e diversão ao filme. A fotografia acompanha, sem grandes surpresas, a clássica e satírica tendência da realização. A grande força impulsionadora do elenco é Matt Damon, um versátil actor que sacrificou a sua excelente forma física para interpretar na perfeição a personagem principal desta história. A sua performance não é brilhante mas é convincente e agradável, explicitando na perfeição o cómico espírito do filme. O elenco secundário é composto por vários actores de qualidade que não são mediaticamente conhecidos como Melanie Lynskey e Scott Bakula que nos oferecem duas performances interessantes.
Estamos perante uma fantástica comédia negra que aposta fortemente no entretenimento do espectador através de interessantes e imaginativos conteúdos humorísticos. Esta imprevisível produção cinematográfica também nos apresenta brilhantes prestações individuais de Steven Soderbergh e Matt Damon.

Classificação – 4 Estrelas Em 5

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2 Comentários

  1. Não é um filme de comédia, mas é um filme muito engraçado. A prestação de Matt Damon está muito boa, ele normalmente faz filmes de acção, não esperava que estivesse tão bem. Mas não estava tão engraçado como o trailer parecia mostrar. Nota 4/5, está muito bom, muito engraçado sem se basear em piadas ou fazer comédia. O Melhor: A prestação de Matt Damon. O Pior: nada. [por Jorge Ferreira | Jomirife]

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