Crítica - Julie & Julia (2009)

Realizado por Nora Ephron
Com Meryl Streep, Amy Adams, Stanley Tucci

É uma delícia esta obra de Nora Ephron, uma adaptação dos livros “Julie & Julia” de Julie Powell e “My Life in France” de Julia Child. Enternecedor, extraordinariamente cativante e tão inesperado que custa a querer que seja real, Julie & Julia é a história de como duas mulheres, Julia Child, em Paris no final dos anos 40, e Julie Powell, em Nova York nos nossos dias, dão um sentido às suas vidas através da culinária e de uma obra em particular, o revolucionário guia “Mastering the Art of French Cooking”.
Julia Child (Meryl Streep) acompanhou o marido (Stanley Tucci ) quando este foi colocado em Paris num cargo diplomático. Entediada com a sua vida naquela cidade, mal falando o francês, mas senhora de uma temperamento fortíssimo, inconformista, tenaz e hilariante Julia, com apoio e forte incentivo do marido, inicia um longo processo de elaboração de um livro de culinária francesa para mulheres americanas que não dispunham de cozinheira. Uma série de contratempos, agravados pelas investigações de McCarthy ao seu marido, e a colocação deste em diversas cidades, adiaram por muitos anos a conclusão desta obra. A sua edição ficou muito aquém do projecto inicial e Julie não satisfeita com o resultado, e mais uma vez impulsionada pelo marido, inicia uma série de históricos e revolucionários programas de culinária na TV. Muitos anos mas tarde, Julie Powell (Amy Adams) chega aos 30 anos convencida de que ainda não fez nada digno de nota. Um dia, em casa da sua mãe, depara-se com a obra de Julia Child e, também ela casada com um homem amantíssimo, é fortemente apoiada por este para escrever um blogue sobre o seu processo de experimentação das 524 receitas da obra num período de um ano. Julie empenha-se de facto neste projecto e diariamente com grande força de vontade vai postando as suas aventuras culinárias conquistando gradualmente um enorme sucesso junto do público, mas prejudicando tanto a sua vida conjugal como a profissional.


Esta é uma história verídica por mais inusitada que possa parecer. Julie Powell convenceu-se de facto das inúmeras semelhanças entre a sua vida e a de Julia Child, e sente-se imbuída do seu espírito. Curiosamente Julia ainda é viva aquando da publicação do blog de Julie e não fica particularmente impressionada com esta devoção. Biopic ou simplesmente uma história singular muito bem contada, esta obra de Nora Ephron conta com um desempenho absolutamente notável da sempre renovada Meryl Streep, sendo este, a meu ver, o aspecto mais positivo do filme. A reconstituição histórica da Paris do pós-guerra é também muito bem conseguida através do guarda-roupa perfeito e de cenários muito convincentes. Tudo é feminino neste filme. São histórias de mulheres, para mulheres, contadas por uma mulher. O humor consegue ser inserido na narrativa sem tolices ou ridicularias, bem como as duas invejáveis histórias de amor não caem nunca num sentimentalismo bacoco. O filme consegue ser surpreendente e isso só por si é já admirável. Não será um marco histórico da sétima arte nem uma obra prima mas é uma história muito bem aproveitada.

Classificação - 4 Estrelas Em 5

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1 Comentários

  1. adorei!
    merryl streep num papel delicioso
    gr filme de diversao
    inês cordeiro

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