Crítica - From Paris With Love (2010)

Realizado por Pierre Morel
Com John Travolta, Jonathan Rhys Meyers, Kasia Smutniak

Pierre Morel chegou ao estrelato da Sétima Arte com o poderoso, electrizante e aclamado pela crítica “Taken”. Neste filme de 2008, onde Liam Neeson assumia o enérgico papel principal, Morel levou-nos numa perturbadora viagem até ao submundo do crime, mais propriamente ao terrível e degradante submundo do tráfico humano de jovens raparigas. Após uma bem-sucedida incursão por uma temática dramática e pesada, este jovem e promissor realizador francês quis fazer um filme um pouco mais divertido e menos inquietante. O resultado é “From Paris With Love”, uma película bem-disposta e repleta de adrenalina, donde sobressaem três aspectos determinantes: um John Travolta tresloucado, impressionante e em grande forma; um Jonathan Rhys Meyers em piloto automático e longe daquilo que já demonstrou ser capaz de fazer; e um argumento esforçado, mas terrivelmente defeituoso e mal desenvolvido.


Rhys Meyers interpreta o papel de James Reece, um agente metódico e genial que trabalha para o embaixador dos EUA em Paris. O seu sonho é subir na carreira e trabalhar como agente secreto na divisão de Operações Especiais – uma divisão reservada aos melhores dos melhores. De forma algo inesperada, essa oportunidade chega quando Reece é incumbido de formar parceria com Charlie Wax (fabuloso Travolta) – um desvairado e prático agente americano que nunca se separa do seu fiel pistolão e que leva sempre as missões a bom porto… dê por onde der e recorrendo aos mais sangrentos, insanos e pouco ortodoxos procedimentos. Atirado, sem mais nem menos, para um mundo de loucura e violência sem limites, Reece terá de sobreviver a este pequeno “estágio” com Wax se quiser alcançar o seu sonho. E à medida que os desacatos se vão desenrolando, Reece toma conta que Wax é um agente sem escrúpulos, que não olha a meios para lutar contra o terrorismo e evitar que uma catástrofe caia sobre uma reunião diplomática onde vários chefes de estado estarão presentes.
“From Paris With Love” é, antes de mais nada, um filme dinâmico, com acção a rodos para todos os gostos. Essa é, aliás, a principal característica de Pierre Morel. Este realizador francês incute sempre uma grande dinâmica e altas doses de adrenalina às suas obras, presenteando-nos com sequências de acção vistosas e bem conseguidas. Para além disto, “From Paris With Love” tenta ser uma comédia de acção um pouco à imagem do mítico “Lethal Weapon”, de Richard Donner. Quem não se lembra da grandiosa e demente dupla Riggs/Murtaugh, interpretada por Mel Gibson e Danny Glover? Uma improvável dupla entre um polícia calmo e perto da reforma, com outro novato, imprudente e com tendências suicidas, que tanto fez rir audiências de todo o mundo. “From Paris With Love” tenta seguir essa fórmula de sucesso, esforçando-se para fazer com que a dupla Reece/Wax seja a nova Riggs/Murtaugh. O acto é de louvar. Porém, muito graças a um argumento demasiado esforçado e pouco credível, esta obra de Pierre Morel não consegue funcionar por inteiro, limitando-se a misturar momentos de pura acção com comédia subtil, sem atingir o auge do filme de Donner.


Ao juntar um agente “arrumadinho” e extremamente metódico (Reece) com outro desvairado e a roçar os limites da loucura (Wax), Pierre Morel bem tentou reanimar uma fórmula de imenso sucesso e méritos comprovados, percebendo-se perfeitamente a sua intenção de elaborar um filme de acção dinâmico e bem-disposto. Infelizmente, para além do talento de Travolta e da perícia do realizador atrás das câmaras, pouca coisa funciona e “From Paris With Love” desabrocha como um filme de violência gratuita, pouco credível e suportado por uma história incapaz de estabelecer um equilíbrio sadio à película. A sensação que dá é que Morel teve mais olhos que barriga. A sua ideia era boa, mas seria necessário encontrar um argumento bem mais maduro e inteligente antes de decretar luz verde ao projecto. A equipa por detrás do filme ter-se-á precipitado.
Apesar de tudo, “From Paris With Love” consegue proporcionar-nos alguns momentos de cinema bastante interessantes. A química entre Travolta e Rhys Meyers podia ser melhor; o argumento devia ser melhor; mas ainda assim, a mais recente obra de Morel fica para a História como o parente (pobre) mais próximo do genial “Lethal Weapon”. Poderá defraudar expectativas mais elevadas mas não deixará de agradar aos fãs da acção e da adrenalina sem limites.

Classificação – 2,5 Estrelas Em 5

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