Crítica - Predators (2010)

Realizado por Nimród Antal
Com Adrien Brody, Alice Braga, Topher Grace, Laurence Fishburne

Passaram-se já 23 anos desde que um possante e enlameado Arnold Schwarzenegger se viu obrigado a enfrentar um impiedoso predador alienígena nas perigosas florestas da Guatemala. Em 1987, pelas mãos de John McTiernan (realizador de sucessos como o mítico “Die Hard” e o mais discreto “The Thomas Crown Affair”), “Predator” surgia de forma explosiva nas salas de cinema mundiais, atribuindo uma fama quase instantânea ao horroroso guerreiro alienígena que vivia única e exclusivamente para o fervor da caça e do combate. O sucesso foi de tal ordem que, apenas 3 anos mais tarde, a inevitável sequela – “Predator 2” – voltou a invadir os cinemas, e em anos mais recentes, o terrível predador de um planeta longínquo teve mesmo a honra de partilhar o brilho da tela com o mais conhecido (e temido) extraterrestre da História do cinema – o incontornável Alien de Ridley Scott. O problema é que estas últimas incursões cinematográficas do grande predador não estiveram à altura do seu estatuto enquanto personagem de culto da Sétima Arte. Principalmente os malfadados “Alien VS Predator” deixaram muito a desejar, manchando a imagem do, até então, reverenciado predador.
E é neste contexto de declínio da personagem e do seu violento universo que surge este “Predators”. Mais de duas décadas após o filme original, de certa forma ressuscitado pelo visionário Robert Rodriguez (que aqui abrange apenas as funções de produtor), o cruel guerreiro do espaço regressa à ribalta numa obra que cheira a reboot, mas que não se afasta totalmente da película original de McTiernan. Acima de tudo, “Predators” representa um regresso às origens do universo Predator. Esquecendo por completo as visitas da temível criatura à cidade de Los Angeles e, sobretudo, deixando para trás das costas os infelizes spin-offs com o esguio extraterrestre de Ridley Scott, este filme de Nimród Antal tem o dom de devolver a dignidade ao mítico predador, presenteando o espectador com quase duas horas de um confronto rude e selvagem entre Predators e humanos.


Tal como a obra de 1987 e (felizmente) não entrando em grandes devaneios, a narrativa é simples e extremamente directa. Um grupo de guerreiros de elite dos 4 cantos do globo terrestre é (literalmente) despejado num planeta desconhecido. A princípio, todos pensam que se encontram numa selva vulgar e, unindo esforços, partem em busca de respostas e de uma qualquer saída. Mas é então que, subitamente e sem qualquer tipo de aviso, os membros do grupo começam a ser atacados por uma raça alienígena extremamente ágil e hostil. Como seria de esperar, rapidamente acabam por compreender que não mais se encontram em solo terrestre. Pois o planeta onde se encontram não passa de uma reserva de caça. Uma reserva destinada a proporcionar sangrentos confrontos entre a raça humana e misteriosos e desembaraçados extraterrestres conhecidos como Predators (Predadores, na língua de Camões). Rudes, violentos e pouco sociáveis, os soldados humanos depressa chegam à conclusão de que, perante tal ameaça, terão de aprender a trabalhar enquanto equipa para sobreviver ao jogo mais sádico de todos os tempos. E assim fica montado o palco para duas horas de inúmeras explosões e sangue a jorros.
Perante tal sinopse narrativa, poder-se-ia pensar que este “Predators” se tratava apenas de mais um filme de acção desmiolado, “pipoqueiro” e com olhos postos num único objectivo: atingir recordes de bilheteira. Bom, felizmente para a saga do mortífero predador e também para a saúde do cinema norte-americano, tal suposição não se verifica por inteiro. Pois apesar de ser um filme algo “pipoqueiro” e com óbvias intenções de arrasar os box-office mundiais, “Predators” consegue apresentar uma consistência artística e narrativa que o afasta da parolice e que o transforma numa boa obra de entretenimento.


De facto, o filme apresenta os habituais clichés do género e também personagens que constantemente caem num estereótipo que já não surpreende ninguém e que, a certos pontos, torna a narrativa ligeiramente previsível. Porém, as prestações seguras e inteligentes de Adrien Brody, Alice Braga, Topher Grace e Laurence Fishburne acabam por ocultar as limitações do resto do elenco, conseguindo mesmo oferecer-nos momentos de cinema interessantes e dotados de alguma profundidade dramática (não nos esqueçamos que Brody é um excelente actor vencedor de um Oscar e que Fishburne é experiente e sempre competente). Para além disso, Antal conseguiu imprimir um cunho de seriedade à película que, sinceramente, não estava muito à espera de testemunhar. A sua câmara filma as cenas (sejam elas de acção ou de tensão dramática) com a segurança e com a brutalidade que se exigia, privilegiando sempre um realismo difícil de encontrar nos recentes blockbusters norte-americanos. E a cereja no topo do bolo é que, ainda que de forma despretensiosa e muito ligeira, Antal serve-se do universo Predator para explorar o lado mais negro da raça humana, reflectindo mesmo sobre o quão primitiva e animalesca é esta raça que se julga superior em todos os aspectos.
Aliado a uma fotografia surpreendente e a uma banda-sonora discretamente arrepiante da autoria de John Debney, “Predators” desabrocha como uma obra de entretenimento garantido para aqueles que não temem um pouco de sangue e cabeças primitivamente decepadas. Na minha opinião, este “Predators” é o melhor filme do universo Predator desde a obra original com Schwarzenegger. Em alguns aspectos, poderá até suplantar essa mesma obra original. Porém, isto também não quer dizer que se trate de um grande filme. Apenas uma opção segura para quem já tinha saudades de ver o cruel monstro do espaço em boa forma e para quem aprecia a face mais comercial do cinema oriundo das terras do tio Sam.

Classificação – 3,5 Estrelas Em 5

Enviar um comentário

6 Comentários

  1. Boas,caros cinéfilos PREDATORS é um péssimo filme onde o talento de Adrien Brody é completamente desperdiçado.
    Hollywood começa a demonstrar uma preocupante falta de ideias na produção de novos conteúdos.
    O filme em si é mais do mesmo,nada que já não se esteja á espera.É um desperdício de tempo e de dinheiro ir ver um actor tão bom a fazer um filme tão mau.

    ResponderEliminar
  2. Não concordo com o comentário acima...
    achei um ótimo filme, conseguiu resgatar o espírito "Predator" , e junta com uma boa trama, onde que no final cada personagem mostra o que realmente é, faz do filme uma ótima escolha para ação sanguinária.

    ResponderEliminar
  3. Meu Deus uma floresta tropical idêntica às nossas inclusive com palmeiras, epífitas e tudo mais em outro planeta ???!!! uma mistura das porcarias, “condenados” e “Lost” e um belo plagio do filme Frances “Pacto dos Lobos” com direito a apito e tudo mais. Um filme pobre, sem efeitos especiais. Uma perfeita porcaria que não vale nem por curiosidade. Claro... para quem é burro e incapaz de analisar o filme por um contexto maior... veja o filme. E que papo é esse de “super predador”??? Meus pêsames !!!

    ResponderEliminar
  4. Merda de filme. Nada bate o original e isso já toda a gente sabe, mas num estava a espera dum filme tão mau a nivel de argumento. Filme pipoca com boa fotografia, bons cenários, excelente banda sonora mas e o errendo amigos? Pareçe um filme escrito a presa enquanto dava uma cagada. Um planeta de supostos super predadores, um samurai só com 3 dedos, um preto k anda lá há 10 anos sosinho, passam o filme todo sem comer sequer uma bolacha e uma pinga de mijo e estão sempre rijos...num dá pra acreditar nesta merda de filme..e aquele final quase romantico..jesus..perda de tempo.

    ResponderEliminar
  5. eu gostei muito mas achei que nao devia ter tirado Danny Trejo tao cedo do filme

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. VERDADE, MAS PERCEBEU QUE AS ETNIAS LATINAS AFRICANAS, ORIENTAIS MORRERAM PRIMEIRO, FICARAM 3 BRANCOS AZEDOS ...

      Eliminar

//]]>