Realizado por Vittorio De Sica
Com Lamberto Maggiorani, Enzo Staiola, Lianella Carell, Gino Saltamerenda
Um homem desempregado, em plena Itália do pós-guerra, arranja emprego a colar cartazes de cinema nas paredes, mas para o fazer precisa de uma bicicleta. Como a sua está penhorada, a mulher empenha os lençóis e recupera a bicicleta, no entanto roubam-na e Antonio (Lamberto Maggiorani), acompanhado pelo seu filho Bruno (Enzo Staiola), percorre a cidade em busca da mesma. Nesta demanda assistimos a uma extraordinária construção da relação entre os dois, com aproximações, vergonhas, deslumbramentos e momentos que raiam o trágico quando Antonio é também ele apanhado a roubar em frente ao filho. Esta luta entre a imagem da dignidade que quer transmitir e o desespero de precisar a todo o custo daquele emprego são o cerne da obra e uma imagem crua da realidade de grande parte da população naquele período, por este motivo é considerado a obra-mestra no neo-realismo italiano.
Ladri di Biciclette ainda que assinado por De Sica é produto de um colectivo, por um lado o elenco constituído fundamentalmente por actores não profissionais, depois ainda o argumento de Cesare Zavattini, Oreste Biancoli, Suso d’Amico, do próprio De Sica, de Adolfo Franci, e de Gerardo Guerrieri a partir da obra homónima de Luigi Bartolini. A emoção triste que a fotografia de Carlo Montuori transmite acompanha o desespero das personagens que nos contagia também. O filme foi nomeado para o Óscar de Melhor Argumento, que não recebeu, tendo sido galardoado com o Prémio Honorário de Melhor Filme Estrangeiro de 1949. Para além destes a obra recebeu inúmeras distinções e agradou a um leque vasto do público não necessariamente conotado com os ideais de esquerda.
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