Crítica - Corpse Bride (2005)


Realizado por Tim Burton
Com Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Emily Watson, Albert Finney

O clássico “The Nightmare Before Christmas” (1993) foi realizado por Henry Selick, no entanto, ninguém dúvida que o seu verdadeiro maestro foi Tim Burton, um excêntrico cineasta que se tornou famoso graças às suas duas magnificas curtas-metragens animadas “Frankenweenie” e “Vincent”. A sua estreia oficial como realizador de uma longa-metragem animada aconteceu com este ”Corpse Bride” (2005), uma produção que nos oferece uma esplendorosa vertente visual e uma alegre narrativa que é protagonizada por Victor Van Dort (Johnny Depp), um homem extremamente tímido que é obrigado a casar com Victoria Everglot (Emily Watson), uma bela aristocrata que tal como Victor é obrigada a casar com alguém que não conhece para salvar o estatuto da sua família. A ideia de um casamento arranjado não agrada a nenhum dos dois mas quando se finalmente conhecem durante o ensaio geral do seu próprio casamento acabam por se apaixonar um pelo outro, no entanto, esse ensaio corre muito mal e Victor acaba por ser expulso pelo Padre Galswells (Christopher Lee) que só lhe permite regressar quando tenha memorizado os seus votos de casamento, uma tarefa que ele tenta concretizar nos tenebrosos bosques da sua aldeia onde acidentalmente se casa com Emily (Helena Bonham-Carter), uma atraente mas misteriosa noiva cadáver que o leva até à Terra dos Mortos onde ele é obrigado a permanecer contra a sua vontade, assim sendo, Victor terá de encontrar uma forma de se libertar do seu matrimónio com Emily para que assim possa sair da Terra dos Mortos e regressar à Terra dos Vivos para que assim possa se reunir com a sua verdadeira amada que entretanto casou com o malévolo Lord Barkis Bittern (Richard E. Grant), um homem que também se encontra irremediavelmente ligado a Emily.


A sua história é simples mas extremamente optimista, até porque nos consegue oferecer um olhar surpreendentemente descontraído e divertido sobre a morte e o amor, dois temas que nem sempre são abordados com tanto à-vontade ou alegria. O seu enredo é rico em contrastes que são utilizados por Tim Burton para satirizar a nossa sociedade, assim sendo, entre os vários exemplo satíricos, encontramos uma família de peixeiros (Van Dort) que é mais rica que uma família de aristocratas (Everglot) ou uma Terra dos Mortos, onde os seus habitantes são mais felizes e alegres que os habitantes da Terra dos Vivos que vivem num clima de constante tristeza. A sua história também é composta por vários elementos sombrios e sobrenaturais que derivam da mente excêntrica de Tim Burton e do conto russo que lhe serviu de inspiração, elementos que oferecem uma maior profundidade e fantasia à sua história mas que não a tornam muito aconselhável a um público infantil, no entanto, se não fossem esses elementos, “Corpse Bride” não seria muito diferente de um filme da Pixar/Disney ou da DreamWorks. A sua conclusão acaba por oferecer um final feliz aos seus protagonistas e um castigo adequado ao seu vilão, que acaba por ser a personagem mais imperfeita desta produção animada que merecia claramente um malfeitor mais maléfico e carismático.


A vertente visual de “Corpse Bride” acaba por se assumir como o seu melhor elemento. As suas personagens extravagantes e os seus cenários sombrios são gerados por stop-motion, uma tecnologia menos espectacular que a CGI mas que Tim Burton conseguiu utilizar na perfeição para moldar esta obra à sua imagem. O ambiente e os cenários de “Corpse Bride” são fantásticos mas não são inovadores, porque são relativamente semelhantes aos de “The Nightmare Before Christmas”, uma semelhança que se torna particularmente evidente quando comparamos a Terra dos Mortos com a Halloween Town. A sua banda sonora foi elaborada por Danny Elfman, um mestre musical e um colaborador habitual de Tim Burton, que mais uma vez nos apresenta um trabalho magnífico que se harmoniza na perfeição com a história que nos é contada. Johnny Depp, outro colaborador habitual do cineasta, está óptimo como Victor e as suas duas companheiras femininas, Helena Bonham Carter e Emily Watson, também convencem. “Corpse Bride” é uma fantástica animação criada por Tim Burton, um excelente cineasta que mais uma vez nos conta uma história recheada de mágica e alegria que certamente irá agradar à esmagadora maioria dos espectadores.

Classificação – 4 Estrelas em 5

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