Espaço Memória – Lolita (1962)

Realizado por Stanley Kubrick
Com James Mason, Shelley Winters, Peter Sellers, Sue Lyon

A importância de Stanley Kubrick na História do cinema é tal que pela segunda vez aqui o evocamos. Lolita é uma adaptação do romance do russo Vladimir Nobokov sobre a relação pedófila entre um homem de meia-idade e a sua enteada de doze anos. A censura fortíssima da época, contudo, obrigou o realizador a transformar em subtis sugestões toda a relação sexual entre ambos, resultando em momentos de grande carga erótica ainda assim, como quando Humbert (James Mason) pinta as unhas dos pés de Lolita (Sue Lyon). Para aumentar a carga dramática do filme Kubrick optou por subverter a ordem cronológica do romance, transformando a narrativa iniciada “in media res” num enorme flash-back que nos apresenta o início da relação do Professor Humbert Humbert com Charlotte (Shelley Winters) e a progressiva atracção deste pela frescura da enteada. O realizador uma vez mais viu-se obrigado a elevar a idade da ninfeta para catorze anos e não os doze originais de forma a atenuar o acto pedófilo. Depois da morte da mãe de Lolita, Humbert e esta empreendem uma longa viagem como pai e filha, envolvendo-se nas noites dos quartos de hotéis em relações sexuais, e sendo sempre perseguidos por Quilty (PeterSellers uma vez mais encarnando diversas figuras).


O filme, rodado inteiramente a preto e branco e espartilhado pela dureza da censura, não deixa de ser de uma enorme ousadia, assumida de resto no slogan que acompanhou a sua promoção “How did they ever make a movie of Lolita?”. A censura exercida sobre a obra não a tornou, muito pelo contrário, menos chocante que a versão bastante mais livre da mesma realizada em 1997 por Adrian Lyne. A temática da obsessão sexual, tal como outras obsessões, atravessou a obra do realizador mas voltou a ser especificamente abordada no fim da sua carreira em Eyes Wide Shut. A título de curiosidade, Sue Lyon tinha 16 anos a quando da rodagem desta película.

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2 Comentários

  1. Um belíssimo filme. Gostei da crítica.
    Um filme muito sugestivo, de tensão e drama muito bem equilibrados, e com interpretações bastante conseguidas, em especial de Sue Lyon.

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  2. Isso é uma crítica? Poupe quem está atrás de algo construtivo, não escreva nada!

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