Espaço Memória – Dangerous (1935)

Realizado por Alfred E. Green
Com Bette Davis, Franchot Tone, Margaret Lindsay, Alison Skipworth

O primeiro Óscar para Melhor Actriz Principal recebeu-o Bette Davis pelo seu desempenho de Joyce Heath depois de não ter sido nomeada no ano anterior por Of Human Bondage. Esta estatueta foi devolvida à Academia, depois de Steven Spielberg a ter comprado anonimamente num leilão do espólio da cadeia Planet Hollywood, em 2002.
Joyce Heath é uma actriz alcoólica na decadência depois de um inicio de carreira promissora. Ela é vista como um talismã de azar por levar os homens à ruína e é nesse estado, sozinha e bêbeda, que o arquitecto Don Bellows (Franchot Tone) a encontra e inicia uma luta pela sua recuperação. Este acto de generosidade deve-se ao facto de ter sido uma interpretação de Romeu e Julieta onde a actriz desempenhava o papel principal a determinar definitivamente o rumo da sua carreira. Durante esse processo jovem arquitecto, noivo da bela e abastada Gail Armitage (Margaret Lindsay), acaba por se apaixonar pela actriz, romper o noivado e quase se arruinar para a devolver aos palcos. E é aqui que percebemos a complexidade da protagonista. Joyce é casada e está disposta a tudo para conseguir a sua a liberdade, até mesmo a pôr a sua vida em risco, mostrando-se uma mulher verdadeiramente perigosa.


Bette Davis é uma actriz cujo talento supera mesmo os argumentos menos estruturados e este filme peca por uma certa fragilidade no encadeamento dos acontecimentos desde o momento em que Joyce exige o divorcio e a sua estranha transformação no final. Sem ser estonteantemente bela, é muito intensa e de uma capacidade enorme de se fundir com a personagem, criando uma força na tela que poucas actrizes alcançaram. O jogo do preto e branco da película bem como a construção da intriga anunciam já o film noir da década seguinte mas ainda mergulhado no profundo moralismo do melodrama burguês que castiga todos os desvios às normas sociais, ainda que dê aos desviados a oportunidade de se redimirem e de voltarem a ocupar o seu lugar na sólida estrutura da sociedade. E tudo fica bem quando acaba bem.

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