Crítica – Shirin (2008)

Realizado por Abbas Kiarostami
Com Juliette Binoche, Mahnaz Afshar, Pegah Ahngarani, Taraneh Alidoosti

Numa sala de espectáculo cento e catorze actrizes iranianas e uma francesa assistem a Khosrow e Shirin, um poema persa do século XII, encenado por Kiarostami. Da cena recebemos apenas o som da representação que nos faz desejar muito vê-la mas isso nunca acontece. A atenção do realizador está no público, nessas mulheres que assistem silenciosas e que vão expressando as emoções sugeridas, sorriem, têm medo, choram, mascam pastilha, ajeitam o lenço. Torna-se maravilhoso assistir à beleza muda de tantas mulheres e às suas expressões, contornos, ao modo como colocam o lenço islâmico, se penteiam, maquilham. Os sons que vêm do palco matam o espectador de curiosidade, patas de cavalos, espadas, mortes, fazem-nos água na boca por um pouco daquela encenação mas Kiatostami não nos faz o gosto.


Esta postura, centrada no publico que é ele também composto por actrizes, (há homens na plateia que nunca são focados), apresenta-se como um acto inovador ainda que compreensível da parte de um encenador/ realizador, ver que emoções provoca no seu público. Tanta concentração no rosto destas lindíssimas iranianas é ainda um manifesto pela condição das mulheres muçulmanas cuja lei islâmica proíbe de mostrarem a face em público. A história de amor de Khosrow e Shirin pelo que conseguimos perceber dela é um épico lírico universal que ainda hoje faz sentido, como faz para aquelas mulheres que sentem no corpo as vibrações dos protagonistas.

Classificação - 4 Estrelas Em 5

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