Realizado por Derek Cianfrance
Com Ryan Gosling, Michelle Williams, Faith Wladyka
A estreia oficial de Derek Cianfrance como realizador ficcional correu muitíssimo bem, porque este seu “Blue Valentine” é um excelente filme realista e sem moralismos sobre as dificuldades que muitos casais enfrentam para manter um relacionamento estável e feliz quando o amor não existe. Este é um filme nada trivial ou banal que convenceu a crítica mundial com a sua fantástica história que se centra em Cindy (Michelle Williams) e Dean (Ryan Gosling), um casal emocionalmente instável que se encontra à beira do divórcio mas que tenta salvar o seu casamento com uma noite romântica, sem a sua filha, num motel, no entanto, essa noite acaba por se revelar um verdadeiro desastre que os afasta ainda mais um do outro.
O enredo de “Blue Valentine” alterna constantemente entre o passado e o presente do casal, contrapondo assim o início do seu relacionamento com o seu tumultuoso e inevitável final que poderia ter ocorrido muito mais cedo caso a sua filha não tivesse nascido, uma ideia que nos é transmitida pelo claro distanciamento físico e emocional que o casal exibe durante a sua rotina diária, mas sobretudo durante a sua noite pouco romântica no motel. É durante este seu encontro nocturno que são incluídos a maioria dos flashbacks que pautam “Blue Valentine” e que nos mostram a enorme paixão que ambos sentiam um pelo outro, uma paixão que levou Dean a casar com Cindy para que esta não tivesse que criar uma filha sozinha, uma atitude nobre mas extremamente irreflectida que acabou por conduzir a um casamento infeliz e sem chama que contraria os sentimentos que Cindy e Dean sentiram após o seu primeiro encontro fortuito num lar de terceira idade. As intensas conversas entre Cindy e Dean são excelentes e são elas que nos pintam o quadro emocional do seu relacionamento, sendo por isso um dos melhores elementos de “Blue Valentine” mas não é o único porque esta obra tem muitas mais virtudes narrativas, sendo a fantástica construção de Dean e Cindy a mais evidente. A sua conclusão é previsível, mas acaba por ser a mais correcta porque à medida que vamos conhecendo o casal vamos tendo a certeza que eles nunca tiveram qualquer possibilidade de vencer esta crise matrimonial.
A nível técnico, “Blue Valentine” tem os seus altos e baixos. O novato Derek Cianfrance comandou com mestria e talento o enredo e o seu elenco, mas também resistiu à tentação e não abusou nas cenas sexuais ou criou cenas excessivamente românticas ou melodramáticas, no entanto, existem, ainda assim, várias cenas desnecessárias que pouco acrescentam ao filme e que apenas servem para cortar o seu ritmo. A sua banda sonora não é muito extensa, mas é rica em sonoridades diversas que combinam muito bem com a história de Cindy e Dean. Ryan Gosling e Michelle Williams são as estrelas do elenco de “Blue Valentine”. Gosling está muito bem como o relaxado e romântico incurável Dean, mas é Michelle Williams que mais se destaca ao nos oferecer uma fantástica performance como a inconformada Cindy, uma performance sensível e realista que lhe valeu uma merecida nomeação ao Óscar de Melhor Actriz Principal. Em suma, “Blue Valentine” é um bom filme romântico/dramático que aborda várias temáticas interessantes e actuais através de uma história realista e nada moralista que é brilhantemente interpretada por um elenco de luxo.
Com Ryan Gosling, Michelle Williams, Faith Wladyka
A estreia oficial de Derek Cianfrance como realizador ficcional correu muitíssimo bem, porque este seu “Blue Valentine” é um excelente filme realista e sem moralismos sobre as dificuldades que muitos casais enfrentam para manter um relacionamento estável e feliz quando o amor não existe. Este é um filme nada trivial ou banal que convenceu a crítica mundial com a sua fantástica história que se centra em Cindy (Michelle Williams) e Dean (Ryan Gosling), um casal emocionalmente instável que se encontra à beira do divórcio mas que tenta salvar o seu casamento com uma noite romântica, sem a sua filha, num motel, no entanto, essa noite acaba por se revelar um verdadeiro desastre que os afasta ainda mais um do outro.
O enredo de “Blue Valentine” alterna constantemente entre o passado e o presente do casal, contrapondo assim o início do seu relacionamento com o seu tumultuoso e inevitável final que poderia ter ocorrido muito mais cedo caso a sua filha não tivesse nascido, uma ideia que nos é transmitida pelo claro distanciamento físico e emocional que o casal exibe durante a sua rotina diária, mas sobretudo durante a sua noite pouco romântica no motel. É durante este seu encontro nocturno que são incluídos a maioria dos flashbacks que pautam “Blue Valentine” e que nos mostram a enorme paixão que ambos sentiam um pelo outro, uma paixão que levou Dean a casar com Cindy para que esta não tivesse que criar uma filha sozinha, uma atitude nobre mas extremamente irreflectida que acabou por conduzir a um casamento infeliz e sem chama que contraria os sentimentos que Cindy e Dean sentiram após o seu primeiro encontro fortuito num lar de terceira idade. As intensas conversas entre Cindy e Dean são excelentes e são elas que nos pintam o quadro emocional do seu relacionamento, sendo por isso um dos melhores elementos de “Blue Valentine” mas não é o único porque esta obra tem muitas mais virtudes narrativas, sendo a fantástica construção de Dean e Cindy a mais evidente. A sua conclusão é previsível, mas acaba por ser a mais correcta porque à medida que vamos conhecendo o casal vamos tendo a certeza que eles nunca tiveram qualquer possibilidade de vencer esta crise matrimonial.
A nível técnico, “Blue Valentine” tem os seus altos e baixos. O novato Derek Cianfrance comandou com mestria e talento o enredo e o seu elenco, mas também resistiu à tentação e não abusou nas cenas sexuais ou criou cenas excessivamente românticas ou melodramáticas, no entanto, existem, ainda assim, várias cenas desnecessárias que pouco acrescentam ao filme e que apenas servem para cortar o seu ritmo. A sua banda sonora não é muito extensa, mas é rica em sonoridades diversas que combinam muito bem com a história de Cindy e Dean. Ryan Gosling e Michelle Williams são as estrelas do elenco de “Blue Valentine”. Gosling está muito bem como o relaxado e romântico incurável Dean, mas é Michelle Williams que mais se destaca ao nos oferecer uma fantástica performance como a inconformada Cindy, uma performance sensível e realista que lhe valeu uma merecida nomeação ao Óscar de Melhor Actriz Principal. Em suma, “Blue Valentine” é um bom filme romântico/dramático que aborda várias temáticas interessantes e actuais através de uma história realista e nada moralista que é brilhantemente interpretada por um elenco de luxo.
Classificação – 4 Estrelas Em 5
7 Comentários
Boa tarde!
ResponderEliminarAntes de mais nada quero dar os meus sinceros parabéns a toda a equipa deste magnífico projecto que é o "Portal Cinema".
Continuem com o belíssimo trabalho que estão a desempenhar acompanhado pela extrema paixão que demonstram ter pela arte contagiante que é o cinema.
Não poderia deixar de comentar esta crítica acerca do mais recente filme com Ryan Gosling num dos papeis principais, uma vez que estou plenamente de acordo com quase toda a crítica. "Blue Valentine" conta-nos uma história que a todos nos parece familiar, o que na minha opinião é a principal característica que faz dele uma boa produção, sem esquecer claro da forma como foi realizado, conduzido e, sobretudo, as interpretações dos actores.
No meu ponto de vista é um filme que apesar de parecer à partida ao espectador mais um típico filme melodramático e "megaromântico" hollywoodiano recheado daqueles moralismos que já todos conhecemos, são várias os aspectos que o distinguem, num bom sentido, desses típicos romances que chegam às salas de cinema todos os anos: "Blue Valentine" é um conto de fadas real, é um romance sem frases como "...e viveram felizes para sempre", "o amor vence tudo e todos", se é que me faço entender. É este o aspecto em que mais estou acordo com a crítica acima apresentada.
De resto, concordo com quase tudo o que referiram. Uma realização de Derek Cianfrance com destreza e perspicácia, as belíssimas intepretações do elenco, com destaque para Ryan Gosling e Michelle Williams, os protagonistas da obra.
São por filmes como "Blue Valentine" e muitos outros que acho que o cinema independente por vezes é capaz de vencer. Acho sinceramente uma realidade cada vez mais frequente.
Para finalizar o meu comentário, gostaria de lançar um desafio ao "Portal Cinema". É um aspecto que acho até pertinente num projecto como o vosso, mas obviamente só o encaram como tal se quiserem, se acharem interessante e se estiverem devidamente dispostos.
Pela paixão que também tenho pela sétima arte e como para qualquer "aficcionado" por ela, é bastante interessante ler críticas aos filmes, embora nem sempre concordemos com todas (a sétima arte é assim mesmo), proponho, se for possível, uma crítica a 4 filmes. 4 filmes que gostaria de ver aqui criticados pelo "Portal Cinema" com a habitual valorização de 4 a 5 estrelas: "Sweet And Lowdown" de 1999, "La Môme" de 2007, "Hard candy" de 2005 e "Scent Of a Woman" de 1992.
É uma sugestão de um leitor assíduo do vosso blogue e uma ideia interessante para este projecto, uma forma de o enriquecer mais ainda. Contudo, não passa de uma sugestão pessoal, só a levam a sério se concordarem, como é óbvio.
Votos de continuação do excelente trabalho e felicidades para o projecto "Portal Cinema".
Michelle Williams é uma actriz revelação nos últimos anos. Não dava nada por ela na série juvenil "Dawson's Creek", mas hoje arrependo-me disso. A Katie Holmes é que ficou a ver navios, por assim dizer, e esta acriz de nome Williams tem dado mostras de grande talento. Recordo o indie "Blue Valentine", entre outros, uma soberba obra.
ResponderEliminarCumprimentos,
http://cinemaschallenge.blogspot.com/
Só pra constar, vi agora o filme e até pela mistura de emoções que o filme explora busquei criticas e cá cheguei, porém ao ler o começo e até sentir que a pessoa viu "outro filme" com uma frase como " início do seu relacionamento com o seu tumultuoso e inevitável final que poderia ter ocorrido muito mais cedo caso a sua filha não tivesse nascido" sendo que é totalmente ERRADO tão citação com o filme até porque é uma adicional ridiculo, até fecharei, porém sem é claro deixar aqui a indignação de uma péssima critica de alguém que se viu, não entendeu ou então ficou voando no filme.
ResponderEliminar@bruno Fernando. A interpretação que o chocou foi aquela que tive após ver o filme e acredite que não fui o único a te-la. Gostaria de saber qual é a sua. Obrigado
ResponderEliminarConcordo com o Bruno, Tem um fio neste filme difícil de pegar.
ResponderEliminarTambém acabei de assistir e sinto como se levasse a esperança do Dean comigo.
É um filme dicotômico, De uma mulher vencida por um fracasso que somente ela poderia enxergar. Fruto de uma educação meritocrática. Não torna-se médica, percebe que seu trabalho de enfermeira chefe foi dado somente por interesse. Acredita que seu marido não se sinta realizado por não ter seguido os estudos e ao ver seu grande potencial acaba desprezando a sua presença. Mas é ela que apesar da bela família, não é capaz de ter uma visão positiva sobre a vida. Acaba perdendo a leveza da juventude juntamente com seus sonhos e sem perspectiva, acaba destruindo o próprio casamento.
Por outro lado o marido, um homem extravasado pela sensação de poder ser feliz sem olhar a vida com olhos gananciosos comuns na sociedade atual. Ao contrário da mulher, Valoriza os pequenos detalhes, até no momento de organizar o quarto do homem velho que nem conhecia. Não sonha alto, mas ama de forma sincera, o que acaba por consumi-lo e na presença da mulher inapta a viver este amor, torna-se indomável.
Um filme difícil de explicar e por esse motivo, requer muito capricho na hora de critica-lo.
Perfeito esse comentário =D . Apenas acrescentando a minha discodância sobre a crítica acima de que o filme mostra um casal que claramente não foi feito um para o outro e que essse erro de casar-se precipitadamente resultou num casamento infeliz.
EliminarPara mim não é essa a lição que o filme pasa. O Jônatas pegou bem o fio da meada. Trata-se de um filme que mostra o que acontece quando uma das partes desiste. O esposo que claramente ama esposa e filha, que quer acima de tudo ser um bom pai e um bom esposo e que vive em função disso. E uma mulher que não conseguiu se livrar da influência de sua criação. Viveu num ambiente frio e levou isso para o seu casamento. A gravidez lhe tira o sonho de ser médica e a falta de ambição do esposo faz com que ela o veja como um fracassado, não enxergando que ele também desistiu dos seus sonhos por ela e sua filha.
O filme nos toca porque isso é algo que se não acontece na nossa casa, acontece na casa ao lado. Todos cohecemos uma história assim e é uma pena quando duas pessoas se casam e uma desiste do casamento antes da outra. Da dó de ver o que ainda ama tentando salvar o casamento e se humilhando por isso.
Concordo plenamente com a crítica do Jônatas e do Reporter!
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