Com Johnny Depp, Giovanni Ribisi, Amber Heard
Um dos melhores e mais conhecidos trabalhos literários de Hunter S. Thompson, “Fear and Loathing in Las Vegas”, foi finalmente adaptado ao cinema em 1998 por Terry Gilliam, no entanto, este thriller dramático nunca obteve o sucesso crítico e comercial da sua excelente base literária. O seu insucesso afastou de imediato os maiores estúdios norte-americanos dos livros de Hunter S. Thompson, mas a GK Films e a FilmDistrict decidiram contrariar esta tendência e investiram vários milhões de dólares neste “The Rum Diary”, um filme extremamente incoerente e confuso, que em nenhum momento justifica o seu elevado investimento. A sua história baseia-se então no homónimo romance de Hunter S. Thompson, e centra-se em Paul Kemp (Johnny Depp), um jornalista freelancer que abandona tudo e todos para ir trabalhar para um decaído e falido jornal em Porto Rico. Ao inicio tudo corre bem, mas o seu estilo de vida altamente destrutivo e libertino, acaba por envolve-lo numa delicada teia de interesses e traições que também envolve uma bela mulher (Amber Heard) e um dos homens mais temidos e influentes da ilha (Aaron Eckhart).
O melhor elemento de “The Rum Diary” é o seu elenco de luxo, onde encontramos uma sensual Amber Heard, um lunático Aaron Eckhart e um fantástico Johnny Depp, que rouba todas as cenas e atenções com o seu inerente carisma e talento. Tal como aconteceu em “Fear and Loathing in Las Vegas” (1998), Depp exibe-se ao mais alto nível e mostra-nos o seu lado mais extrovertido e alucinado, que acaba por se harmonizar com a excêntrica e aluada essência dos trabalhos literários de Hunter S. Thompson, um escritor que tal como Johnny Depp, odiava o conformismo e a normalidade. O excelente trabalho do seu elenco contrasta com a clara mediocridade do seu disfuncional enredo, onde sobressai uma clara falta de direcção e de desenvolvimento. O inicio de “The Rum Diary” é substancialmente leve, mas é relativamente interessante porque nos oferece dois ou três momentos verdadeiramente hilariantes, que derivam essencialmente das mini-aventuras que Paul Kemp (Johnny Depp) tem em Porto Rico ao lado de Bob Sala (Michael Rispoli) e Moberg (Giovanni Ribisi), dois indivíduos que tal como ele adoram beber e consumir substâncias ilícitas. Ao fim destes trinta minutos iniciais, “The Rum Diary” fica mais sério mas também mais confuso e desconexo, porque Paul envolve-se numa série de histórias secundárias que nunca são devidamente devolvidas ou contextualizadas, como a sua ridícula semi-rivalidade com Sanderson (Aaron Eckhart) ou a sua fortuita tentativa de revelar aos habitantes da ilha todos os crimes e intenções dos investidores norte-americanos. O seu enfadonho romance com Chenault (Amber Heard) também não nos chama a atenção, mas tal facto deveu-se à inabilidade dos autores deste enredo em construírem um romance estruturado e sustentado. A sua conclusão também é muito insatisfatória, já que tudo é finalizado à pressa e sem dar muita atenção aos detalhes.
A realização de Bruce Robinson também tem muitas falhas, mas outra coisa não seria de esperar de um cineasta que está sem trabalhar desde 1992. É verdade que Robinson já nos brindou com o razoável “Withnail and I” (1987), mas os seus outros dois filmes, “How to Get Ahead in Advertising” (1989) e “Jennifer 8” (1992) são tão sofríveis como este “The Rum’s Diary”. Robinson não soube controlar e editar o difícil enredo desta obra ou incutir a incrível essência de Hunter S. Thompson, duas falhas crassas e indiscutivelmente notórias que se materializaram numa obra demasiado extensa e enfadonha, que até conta com um elenco fantástico e com cenários naturais muito belos, mas que, em última análise, não se assume como um filme minimamente interessante ou satisfatório. O único sentimento ou ideia concreta que “The Rum Diary” nos chega a transmitir é que Porto Rico é um sítio tão miserável que todos os que ali vivem têm que andar sempre bêbados, já que o álcool é a unica constante desta obra.
Classificação – 2 Estrelas em 5
1 Comentários
Um história que tinha tantos caminhos interessantes pra tomar... simplesmente não explorou caminho nenhum, várias sub historias sem finalização. um caos. =/
ResponderEliminarMas até o caos chegar... um filme muito engraçado e bem bolado.