Espaço Portugal – Aldeia da Roupa Branca (1939)

Realizado por Chianca de Garcia
Com Beatriz Costa, José Amaro, Manuel Santos Carvalho, Hermínia Silva

Realizado entre Agosto e Outubro de 1938 e estreado no Teatro Tivoli no início do não seguinte, (depois de uma estreia não oficial na Sociedade Filarmónica da União Pinheirense, no Pinheiro de Loures), Aldeia da Roupa Branca é um retrato pitoresco de uma aldeia saloia onde duas famílias rivalizam, entre as couves que cultivam e a roupa que lavam para as gentes de Lisboa, rodado num cenário especialmente criado para a produção do filme nos terrenos contíguos ao estúdio, a actual Quinta das Conchas no Lumiar.

Num tempo em que o teatro e o cinema se interpenetravam, o filme contou com a realização de Chianca de Garcia e diálogos e letras de música de Ramada Curto, dois homens que haviam um reconhecido sucesso como dramaturgos na década anterior. Colaborou também na sua feitura o escritor José Gomes Ferreira, não creditado. Nele participaram nomes sonantes do teatro de revista e do teatro ligeiro da época como a icónica Beatriz Costa, bem conhecida em todo o Portugal de então e no Brasil, que encerra assim em apoteose a sua carreira no cinema. Esta herança do teatro é visível também no tom faceiro da interpretação e no próprio argumento que se inspira de perto nos dramas regionais que fizeram as delícias de muitas plateias. Ainda hoje muitas das letras das músicas que surgem no filme são cantadas de cor pelos portugueses de idade mais avançada.
O filme foi produzido pela Sociedade de Espectáculos, criada quase propositadamente para o efeito, e montado por Vieira de Sousa nos estúdios da Lisboa Filmes, depois de uma gestação de seis anos durante os quais foi preterido em favor de outros projectos. Inscrito claramente numa escola que produzia filmes nacionais para o público nacional, sem pretensões intelectuais tão caras a um outro tipo de cinema elitista que também se vinha praticando, Aldeia da Roupa Branca é uma explosão de talentos e de verdade.  Devido apenas a interesses movidos dentro da Tobis, este não foi por um triz, como estava previsto, o primeiro filme sonoro inteiramente português.

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