Diário do Fantas - Parte 3

Após um dia de interregno para acompanhar a 84ª edição dos Óscares com toda a atenção do mundo, regressámos ao Teatro Rivoli para presenciar o que o quarto dia do festival tinha para nos oferecer. Depois de uma maratona diurna que, ao que parece, superou todas as expectativas, a sessão nocturna acabou por se revelar um pouco decepcionante.
O filme israelita “The Slut” foi a primeira exibição da noite e não conseguiu captar a admiração dos espectadores. A sequência final deixa-nos com um nó na garganta e provoca-nos arrepios (afinal de contas, aquilo que se pede num filme de Fantasporto), mas toda a película é contaminada por um marasmo difícil de suportar. A obra de Hagar Ben Asher praticamente não tem diálogos, dado que as suas personagens passam a vida a dizer “olá” e “adeus” sem terem uma conversa digna desse rótulo. Por um lado, isto pode ser uma tentativa de demonstrar a frivolidade das relações de uma mulher (a personagem principal) que paga os serviços dos outros com actos sexuais. Mas por outro lado denota uma falta de criatividade gritante do argumento e rapidamente deixa o espectador sem grande paciência para continuar a acompanhar as desventuras destas personagens com o interesse devido. O que salvou essa sessão das 21:15h foi mesmo a curta-metragem “The Lost Town of Switez”, que foi exibida antes do filme israelita. Esta foi mesmo uma das surpresas mais agradáveis do certame até ao presente momento. Com um design de animação claramente inspirado em pinturas renascentistas e uma fotografia absolutamente deslumbrante, “The Lost Town of Switez” suga-nos para o seu mundo de fantasia com uma facilidade tremenda, fazendo ainda as delícias do espectador com uma banda-sonora clássica e um jogo de cores simplesmente encantador. Uma curta para não esquecer tão cedo, estamos certos disso.
“Lobos de Arga” – o segundo filme da noite – prometia ser bem mais entusiasmante do que “The Slut” e, de facto, assim foi. Mas isso não quer dizer que tenha sido um triunfo completo. Um dos organizadores do festival havia dito que este era um dos filmes do género fantástico mais espectaculares dos últimos anos. E de facto, pelo menos a nível de efeitos especiais, foi deveras espectacular. Mas esteve longe de ser o portento cinematográfico que se esperava. É uma obra divertida e sanguinolenta, é certo, mas demasiado previsível e até mesmo repetitiva. De resto, para encerrar a noite houve ainda a transmissão de “The Bunny Game”, um filme chocante ao estilo dos “snuff movies”. Mas poucos foram já aqueles que permaneceram no Rivoli a essas horas tardias.

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