Crítica - The Lorax (2012)

Realizado por Chris Renaud e Kyle Balda
Com Zac Efron, Taylor Swift, Betty White

Os criadores do hilariante “Despicable Me” (2010) deixaram provisoriamente de lado as malvadas aventuras de Gru para nos oferecer este “The Lorax”, um bela e animada adaptação cinematográfica do homónimo clássico literário do Dr. Seuss que, sem ser um grande clássico ou até um dos melhores filmes de animação dos últimos anos, consegue entreter todos os espectadores de todas as idades com as suas adoráveis personagens e a sua cativante história que nos passa uma mensagem ecológica muito importante sobre a desflorestação global. Em “The Lorax” acompanhamos as peripécias de Ted Wiggins (Zac Efron), um idealista rapaz de doze anos que tenta encontrar uma árvore para oferecer à rapariga dos seus sonhos e ganhar assim o seu afeto eterno. O problema é que as árvores desapareceram há muitos anos da sua cidade, e para encontrar um dos últimos exemplares terá que descobrir a história do Lorax, uma irritante mas sábia criatura que luta para proteger o meio ambiente das constantes ameaças dos humanos.


Os verdadeiros protagonistas de “The Lorax” são Ted Wiggins e Once-Ler, dois humanos de idades diferentes mas com mentalidades similares, cujas histórias individuais refletem as terríveis consequências da desflorestação mundial e dos clássicos defeitos dos humanos. A história de Once-Ler é abordada através de flashbacks e mostra-nos o que está por trás da grande maioria dos crimes ambientais da nossa sociedade, ou seja, a ganância e as pretensões monetárias que levam certos indivíduos a trair as suas promessas e integridade em prol da riqueza e da fama. Já o aventureiro Ted Wiggins começou a sua procura por uma árvore para satisfazer um capricho egoísta, mas após ouvir a história do Once-Ler decide retificar os erros crassos que este cometeu e fica obcecado em mostrar à sua cidade que o conforto e a tecnologia não são tudo na vida e que o planeta precisa de árvores e de uma natureza rica e saudável para sobreviver, no entanto, os habitantes de Thneed-Ville estão, tal como a nossa sociedade, demasiado habituados à comodidade e à artificialidade para se preocuparem com o Planeta Terra, permitindo assim que pessoas sem escrúpulos como Aloysius O'Hare (Rob Riggle) ou o Once-Ler consigam fazer dinheiro às custas do meio ambiente. O adorável Lorax só intervém na história de Once-Ler e acaba por não ter um papel tão central e cómico como seria de esperar, mas destaca-se como o embaixador da natureza e conselheiro do ambicioso Once-Ler, que infelizmente preferiu dar ouvidos aos seus interesses monetários em vez de seguir os preciosos conselhos desta sábia mas rabugenta criatura laranja, um verdadeiro amigo e aliado que, mesmo após todas as coisas más que viu, não desistiu dos humanos e acredita que estes vão-se aperceber, mais cedo ou mais tarde, da importância que o meio ambiente tem para as suas vidas. É esta fantástica mensagem que está no centro do filme e que nos leva a refletir sobre os maus tratos que diariamente infligimos a algo que é indispensável para a nossa existência. Eu acredito que todos os espectadores de todas as idades podem aprender muito com as mensagens ambientais de “The Lorax”, um filme infantil com avisos muito sérios que nos fazem pensar sobre o que temos feito ultimamente para diminuir a poluição e os seus efeitos na natureza.


Os seus realizadores, Chris Renaud e Kyle Balda, conferiram-lhe um visual muito colorido e infantil, onde se destaca a bela e detalhada construção digital dos seus cenários e intervenientes que se adequa na perfeição ao pitoresco mundo criado por Dr. Seuss em “The Lorax” ou em qualquer outro livro da sua autoria. É verdade que o seu visual tem uma tendência claramente infantil que pode afastar um público mais velho/ adulto, mas tal facto acaba por não influenciar o seu nível qualitativo e deve-se unicamente às especificidades da sua famosa base literária. Os dois grandes defeitos de “The Lorax” prendem-se com a escassez de fortes momentos de humor que consigam arrancar fortes gargalhadas à sua audiência e com a ausência de números musicais de grande espetacularidade e majestosidade, já que os que existem destacam-se pela sua banalidade e falta de esplendor. Estes dois defeitos acabam por minar consideravelmente o seu nível de entretenimento e podem até deixar entediados algumas crianças que estejam habituados a ver os filmes da DreamWorks Animation ou da Disney/ Pixar que se destacam quase sempre pelas suas cenas de acção e humor, no entanto, a sua bela estética e a força da vertente educacional/ dramática da sua narrativa acabam por atenuar estas óbvias fragilidades. Após o fracasso de “Hop” (2011), a Illumination Entertainment recuperou com “The Lorax” o brilho e a confiança que conquistou com “Despicable Me”, muito embora esta bonita adaptação cinematográfica do homónimo clássico literário do Dr.Seuss seja muito menos divertida e memorável que esse blockbuster animado. As profundas mensagens ecológicas desta obra familiar são muitíssimo interessantes e assumem-se claramente como o seu maior atrativo, já que têm potencial para agradar e fazer pensar todos os espectadores de todas as faixas etárias que o virem. 

 Classificação – 3,5 Estrelas Em 5

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