Com Frey Ranaldo, Ronald Bronstein, Sage Ranaldo
Género – Drama
Sinopse – Lenny (Ronald Bronstein), trinta e poucos anos, cabelo a ficar já grisalho, divorciado, vive sozinho em Nova Iorque e durante duas semanas tem a custódia dos seus dois filhos menores, Sage (Sage Ranaldo) e Frey (Frey Ranaldo). Lenny hesita entre ser pai e ser amigo dos seus filhos, gostaria que as duas semanas durassem seis meses, mas não consegue lidar com a responsabilidade de ter miúdos pequenos e acaba por negligenciá-los. Durante quinze dias, uma viagem ao campo, amigos de visita, uma namorada, cobertores “mágicos”, momentos de alegria e a anarquia total apoderam-se da vida dos três, num navegar entre a infância e a idade adulta.
Crítica – Passou pelo Festival de Cannes 2009 e pelo Festival de Sundance 2010, onde arrancou merecidos elogios e aplausos por parte do público e da imprensa. Estreou em Portugal a 15 de Julho de 2010, mas passou ao lado de muita gente que infelizmente nem sequer se apercebeu que este maravilhoso drama indie esteve em exibição nas salas de cinema do nosso país. É verdade que é muitas vezes acusado de ser entediante e insatisfatório, mas “Go Get Some Rosemary” é um filme que tem que ser visto com uma mente aberta e com toda a calma do mundo, porque não nos oferece uma clássica jornada de redenção ou uma miraculosa transformação emocional que culmina num final feliz, mas sim uma história forte e, em certos momentos, revoltante sobre um pai negligente e algo egoísta que nunca consegue superar os seus defeitos e ser um bom exemplo para os seus dois filhos, duas crianças inocentes, com uma clara devoção pelo seu pai, que não conseguem ou não querem aceitar que nunca terão uma relação normal com ele. O filme diz-nos que há várias mulheres e homens em todo o mundo que não nasceram para serem pais atenciosos e cuidadosos, e dá-nos um exemplo flagrante sob a forma de Lenny, um homem irresponsável que nunca entrou verdadeiramente na fase adulta da sua vida e que não sabe muito bem como lidar com os seus filhos, algo que fica patente ao longo do filme quando embarca em vários comportamentos que ignoram por completo todas as regras básicas de educação e bom senso, sendo o mais grave aquele que quase culmina na morte dos dois rapazes. É claro que Lenny nunca age com malicia e todas as suas acções têm uma boa intenção, no entanto, isso é nitidamente insuficiente para compensar a sua falta de experiência e a sua atitude demasiado cool e libertina para com os seus filhos. O enredo de “Go Get Some Rosemary” consegue, por esta e por outras, provocar-nos um misto de boas ou más emoções e sensações em relação a Lenny, uma excelente personagem que nem é herói nem vilão, é simplesmente um homem com vários defeitos que não tomou as melhores decisões e que não parece ser capaz de fazer aquilo que é mais correto, muito embora seja notório que gosta verdadeiramente dos seus dois rapazes. A beleza dramática do filme não se deve apenas ao seu envolvente enredo ou à brilhante realização de Ben e Joshua Safdie, mas também ao excelente trabalho de Ronald Bronstein como o anti-herói Lenny. Os dois meninos, Sage e Ranaldo, também estão muito bem. Muitos podem olhar para “Go Get Some Rosemary” como um filme enfadonho sobre um mau pai mas, no meu entender, esta é uma obra muito interessante e sem nenhum embelezamento ou clichés hollywoodiano sobre o lado menos bom da paternidade.
Classificação – 4 Estrelas Em 5
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