Análise Crítica - S9 - David Grachat

Realizado por Felippe Gonçalves 
Género – Documentário/ Curta-Metragem 

Os Jogos Olímpicos de Verão são um dos eventos desportivos mais famosos e conceituados do mundo. De quatro em quatro anos, todos os amantes do desporto param para assistir a esta competição global com antecedentes milenares, onde milhares de atletas de todo o mundo travam uma emocionante batalha atlética pela medalha de ouro e pela consequente glória eterna nas suas respetivas modalidades/ categorias. No final, as multidões regressam a casa e a imprensa foca a sua atenção em outros eventos desportivos, ignorando em grande parte os Jogos Paralímpicos, um evento igualmente prestigiante que se realiza imediatamente após os Jogos Olímpicos e que é protagonizado por atletas com deficiências, físicas ou mentais, sem contratos publicitários milionários com empresas internacionais e, muitas das vezes, sem o apoio financeiro do estado que representam. Em Portugal, os atletas olímpicos também não recebem grandes apoios financeiros por parte do estado ou dos seus clubes, mas acabam por receber muita mais atenção mediática que os atletas paralímpicos, cujas peripécias atléticas são muitas vezes atiradas para as últimas páginas dos jornais ou para os últimos minutos dos noticiários televisivos. Este “S9 - David Grachat” é uma interessantíssima e bem filmada curta documental que se foca na preparação física e emocional de David Grachat, um jovem praticante de natação adaptada que, apesar da falta de apoios financeiros e da exigência física e emocional que a competição ao mais alto nível acarreta, continua a competir com todo o prazer do mundo e a alimentar o sonho de vencer uma medalha nos Jogos Paralímpicos. Através de uma série de elucidativas entrevistas à figura central desta curta, ao seu treinador e aos vários atletas que treinam com ele e também lutam para cumprir os seus respetivos sonhos, ficamos a conhecer um pouco melhor o movimento paralímpico nacional e todas as exigências e sacrifícios que acompanham a ambição de participar numa competição olímpica numa época onde o desporto adaptado não é apenas mais uma terapia, mas sim uma forma de aumentar a autoestima e a ambição de milhares de pessoas com deficiências que podem agora utilizar a sua paixão competitiva para alargar horizontes e quebrar vários estigmas sociais. Parabéns ao Felippe Gonçalves por este belo trabalho que, por tudo aquilo que nos ensina e mostra, merecia ser exibida nos cinemas nacionais ou num dos três canais generalistas em horário nobre. 

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