19 de Maio – O quarto dia do Festival de Cannes 2012 ficou marcado pela exibição de uma das obras mais mediáticas da Secção Competitiva – “Lawless”, de John Hillcoat. A crítica mundial não adorou nem detestou este novo trabalho do realizador de “The Road”, que conta com um elenco cheio de estrelas norte-americanas (Tom Hardy, Jessica Chastain, Guy Pearce ou Shia LaBeouf) e com uma clássica e violenta história sobre a máfia e o crime, que infelizmente peca pela falta de surpresas. A grande estrela mediática deste dia foi “Lawless”, mas o destaque artístico e criativo pertenceu inteiramente a “Dupa Dealuri”, um belo drama sobre o amor e o livre arbítrio que foi realizado por Christian Mungiu, um talentoso cineasta romeno que há cinco anos atrás venceu a Palma de Ouro com o soberbo “4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias”. É pouco provável que “Dupa Dealuri” venha a vencer a Palma de Ouro, mas foi o primeiro filme da Secção Competitiva a entusiasmar a crítica. Na Secção Un Certain Regard foi exibido o sombrio “Antiviral”, de Brandon Cronenberg (Filho de David Cronenberg). Este seu filme de estreia recebeu críticas bastante interssantes, com a sua história a ser alvo dos maiores elogios por parte da crítica norte-americana que a considerou uma boa sátira do amor e fanatismo que certas pessoas têm pelas celebridades. Fora da Competição foi exibido “Dracula 3D”, de Dario Argento. Esta nova adaptação cinematográfica do famoso clássico literário de Bram Stoker, não se aproxima minimamente das maiores obras de vampiros da sétima arte, mas até tem alguns elementos de interesse.
20 de Maio – O veterano Michael Haneke voltou a deixar o Festival de Cannes de boca aberta com “Amour”, uma maravilhosa obra dramática que não recebeu quase nenhuma crítica negativa por parte dos jornalistas presentes nas várias sessões que este filme teve. Após ter vencido em 2010 a Palma de Ouro com “The White Ribbon”, Haneke volta a estar entre os favoritos à vitória com este seu belo filme sobre um casal de idosos, cujo amor incondicional é posto à prova quando um deles sofre um grave acidente. Também no âmbito da Secção Competitiva foi exibido “The Hunt”, de Thomas Vinterberg. As suas seções foram ofuscadas pelo sucesso de “Amour”, mas a vasta maioria da crítica considerou-o, mesmo assim, um filme razoável com alguma potencialidade artística. Quem não teve tanta sorte com os críticos foi o cantor Peter Dohery, cuja performance em "Confessions of a Child of the Century”, de Sylvie Verheyde, foi fortemente atacada. O próprio filme também desiludiu e não deverá ter grandes hipóteses de vencer a Secção Un Certain Regard.
21 de Maio – O sexto dia do Festival de Cannes foi agraciado com a exibição de três filmes da Secção Competitiva – “You Ain’t Seen Nothing Yet!”, de Alain Resnais; “Like Someone in Love”, de Abbas Kiarostami e “In Another Country”, de Hong Sangsoo. Destes três, “You Ain’t Seen Nothing Yet!” foi o que recebeu melhores críticas e o único a ser considerado um sério candidato à Palma de Ouro, até porque esta deverá ser a última oportunidade que Cannes terá para agraciar a carreira do veterano Alain Resnais com este importante prémio cinematográfico. O filme foi classificado como um excelente exercício de realização com um brilhante elenco, que infelizmente deixa um pouco a desejar a nível do argumento. “Like Someone in Love” dividiu a crítica. A sua história romântica tem valor e desenrola-se num belo cenário asiático, mas está muito distante do elevado nível dos trabalhos anteriores deste cineasta iraniano. “In Another Country” é o mais fraco dos três mas é, mesmo assim, um filme simples e sem grandes ambições. Na Un Certain Regrad, “Elefante Branco” e “Djeca” desilusiram.
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